Hong Kong realizará teste de Covid em todos os moradores

Testes em massa da população são praticados rotineiramente na China continental, cujas autoridades observam uma política de 'covid zero' que às vezes os leva a confinar cidades inteiras por semanas

sex, 18/02/2022 - 12:04
Peter PARKS Doentes em macas fora do centro medico Caritas em Hong Kong, em 18 de fevereiro de 2022 Peter PARKS

As autoridades de Hong Kong, confrontadas a um aumento sem precedentes de casos de Covid-19 desde o início da pandemia, anunciaram nesta sexta-feira (18) que vão testar os 7,5 milhões de habitantes da cidade e que a escolha do próximo chefe do Executivo será adiada.

"Uma das medidas que estamos preparando, e muito seriamente, é um teste universal obrigatório", disse a chefe do Executivo de Hong Kong, Carrie Lam, em entrevista coletiva, referindo-se à "situação crítica" na cidade.

Testes em massa da população são praticados rotineiramente na China continental, cujas autoridades observam uma política de "covid zero" que às vezes os leva a confinar cidades inteiras por semanas.

No entanto, Lam descartou a possibilidade de confinar Hong Kong, uma medida difícil de aplicar numa cidade cuja densidade populacional é uma das mais elevadas do mundo e onde a habitação é muitas vezes escassa e compartilhada.

Em fevereiro, as autoridades reforçaram as restrições para combater o vírus. Reuniões de mais de duas pessoas em locais públicos estão proibidas. Desde janeiro, bares e restaurantes devem fechar às 18h e cinemas, museus, pavilhões esportivos e outros locais de entretenimento suspenderam suas atividades.

Por outro lado, Lam informou que a nomeação do próximo chefe do Executivo de Hong Kong, inicialmente prevista para março, foi adiada para 8 de maio. Não se sabe se Lam, que dirige a cidade desde 2017, buscará um segundo mandato.

O momento é politicamente sensível para Hong Kong. O governo chinês impôs uma lei de segurança nacional que criminaliza todas as formas de dissidência, bem como novas regras para garantir que apenas "patriotas" pró-Pequim possam ocupar cargos políticos.

O adiamento está "em linha com as importantes instruções do presidente Xi Jinping de que devemos fazer do controle da epidemia nossa principal prioridade", explicou.

No início desta semana, o líder chinês instou Hong Kong a tomar "todas as medidas necessárias" para conter a pandemia.

A estratégia de "covid zero" do governo chinês inclui uma quarentena de várias semanas à chegada ao país, mesmo para passageiros de Hong Kong.

Mas as redes de contrabandistas entre o território semiautônomo e a China continental permitem que ela seja contornada.

As cidades chinesas oferecem agora milhares de dólares em recompensas por qualquer dica sobre entradas ilegais de Hong Kong, após a descoberta de imigrantes ilegais que testaram positivo para o coronavírus na China continental.

- Hospitais lotados -

Com pouco mais de 12.000 casos de Covid-19 registrados nos primeiros dois anos da pandemia, graças ao isolamento draconiano, Hong Kong enfrenta atualmente uma progressão exponencial do vírus ligada à variante ômicron altamente contagiosa.

Mais de 11.000 novos casos foram registrados apenas nesta sexta-feira, depois de 12.000 na quinta-feira, e o sistema hospitalar ficou completamente sobrecarregado em questão de dias.

Sem leitos disponíveis, dezenas de pacientes foram forçados a esperar horas em camas ou cadeiras de plástico do lado de fora dos hospitais.

As autoridades requisitaram hotéis vagos e habitações sociais para isolar pacientes com poucos ou nenhum sintoma, e planejam construir hospitais improvisados.

Até março, Hong Kong pode chegar a 300.000 infecções por dia, segundo especialistas em saúde.

Por outro lado, instituições de caridade denunciaram nesta sexta-feira que muitos trabalhadores domésticos foram “abandonados” por seus empregadores após contrair Covid-19. Alguns são forçados a dormir nas ruas ou até mesmo não recebem assistência médica.

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