Tópicos | moradores

Coronel da reserva da PM e pesquisador na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), Robson Rodrigues demonstra preocupação com a ação de grupos de justiceiros na zona sul carioca. Leia a seguir os principais trechos de sua entrevista ao Estadão.

O que motiva os grupos?

##RECOMENDA##

Vários fatores. Os últimos acontecimentos evidentemente exaltam e geram um clamor público, porque eles geram uma sensação de fragilidade, de fraqueza do Estado em fornecer o direito à segurança das pessoas. Há também um fator emocional, de psicologia social. Pesquisadores que trabalham com casos de linchamento mostram ligação entre a sensação de fragilidade em sociedade, enquanto grupo, com a possível não capacidade do Estado em oferecer segurança, o que gera esse tipo de comportamento. Mas é algo perigoso, que fere todo o pacto social. O Estado precisa ficar atento. Não é porque o Estado falha que se pode fazer justiça com as próprias mãos, isso é um crime. E não se pode resolver um crime com outro crime.

Além de usarem as redes para se unirem, eles as utilizam para postar vídeos das ações e fotos dos acusados. Como o sr. vê esse tipo de exposição?

É problemático, mas não podemos fechar os olhos porque as redes são um fenômeno que está aí. Só que, ao mesmo tempo que eles fazem essas postagens como ostentação, deixam uma pegada de crime, estão publicizando seus atos criminosos. Cabe à polícia fazer uma investigação o mais rápido possível.

É muito difícil coibir esse tipo de ação?

Quando se toma esse vulto emocional, se perde um pouco da responsabilidade. E ela pode transbordar para resultados nefastos. As forças de governo e de segurança precisam reagir o quanto antes para desestimular a adesão social. É uma conduta criminosa, é bom que se diga isso de maneira bastante clara. É preciso ação da Polícia Civil investigando - porque essas condutas são puníveis - e também ajudando a solucionar essas falhas da segurança pública. É bom que o Estado seja inteligente. A situação é complexa, mas é dever do Estado se debruçar sobre isso.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Moradores do bairro de Copacabana, na zona sul do Rio, tem se organizado para atacar pessoas suspeitas de cometerem crimes na região. Por redes sociais, circulam imagens de pessoas, incluindo adolescentes, apontadas como autoras de ocorrências na área acompanhadas de identificação por CPF e mensagens que sugerem espancamento e tortura. Vídeos chegam a mostrar a mobilização do grupo, andando em conjunto em ruas do bairro.

A ações denominadas de justiçamento se comprovadas podem caracterizar prática criminosa. A Polícia Civil do Rio informou que "tomou conhecimento da situação" envolvendo a mobilização de grupos de justiceiros. "Diligências estão em andamento para identificar os envolvidos e esclarecer os fatos." A atuação desses grupos ocorre em um momento no qual o bairro se assusta com a reincidência de casos violentos, como assaltos.

##RECOMENDA##

Na noite de sábado (2), um empresário foi agredido com socos e chutes na Avenida Nossa Senhora de Copacabana, uma das principais do bairro, após tentar ajudar uma mulher que estava sendo assaltada. Imagens de câmeras de monitoramento mostram mais de dez suspeitos envolvidos na ação. O empresário chegou a desmaiar com os golpes e precisou ser levado a uma UPA da região.

A ação dos criminosos provocou uma onda de revolta e levou algumas pessoas a sugerir mais violência para combater os furtos e assaltos. Um perfil no Instagram está postando imagens de suspeitos, inclusive com seus números de CPF. Algumas das fotos são de menores de idade que, segundo a página, já cumpriram medidas socioeducativas pela prática de delitos.

Vídeos de pessoas que estariam atrás de acusados de cometer crimes na zona sul também circulam pelas redes sociais. "Olha, metendo o pau no menor lá. Já 'engravataram', pegaram o moleque aqui e meteram o pau. Estão indo atrás dos outros", diz um homem que narra o vídeo de uma perseguição no bairro de Botafogo, vizinho à Copacabana.

Moradores que ainda permaneciam em 23 imóveis em área de risco em Maceió (AL) deixaram suas casas, segundo a Braskem. Eles foram realocados pela Defesa Civil, por determinação judicial. Agora, 100% da região vulnerável ao eventual colapso de mina da empresa está desocupada.

"Importante lembrar que a área de resguardo no bairro do Mutange, onde fica a mina 18, cuja realocação preventiva foi iniciada pela Braskem em dezembro de 2019, está desocupada, sem nenhuma pessoa residindo na região desde abril de 2020", informou a Braskem, por meio de nota.

##RECOMENDA##

A empresa ressaltou ainda que os dados atuais de monitoramento demonstram que a acomodação do solo segue concentrada na área dessa mina.

"Essa acomodação poderá se desenvolver de duas maneiras: um cenário é o de acomodação gradual até a estabilização; o segundo é o de uma possível acomodação abrupta. Todos os dados colhidos estão sendo compartilhados em tempo real com as autoridades, com quem a Braskem vem trabalhando em estreita colaboração", disse a empresa.

Um policial militar foi amarrado e esfaqueado, na última quarta-feira (29), durante um protesto de moradores na MA-206, entre Junco do Maranhão e Amapá do Maranhão. Segundo informações, ele teria tentado furar o bloqueio de fogo na pista quando entrou em conflito com a população no local. 

Os moradores da Comunidade Vilela protestavam contra um suposto proprietário de terra na região que vem fazendo ameaças de despejo da população desde 2008. A manifestação se deu com o bloqueio da rodovia e queima de pneus. 

##RECOMENDA##

De acordo com as lideranças da comunidade, o policial militar, identificado como Cabo Filho, estava agressivo e chegou a atirar contra um dos moradores. Ele foi amarrado e esfaqueado, e os manifestantes o deixaram ainda vendado na rodovia, e só foi socorrido quando a polícia militar chegou ao local. 

Ele foi levado a uma unidade de saúde para ser atendido. 

[@#video#@]

 

Um incêndio atingiu, nesta terça-feira (24), o prédio da Unidade de Serviços Gerais da Polícia Civil de Pernambuco, onde ficam alocados carros e motos apreendidos, no bairro de Santa Tereza, em Olinda, na Região Metropolitana do Recife. O Corpo de Bombeiros Militares de Pernambuco (CBMPE) foi acionado ao local, e já está em fase de rescaldo. De acordo com a Direitoria de Administração Geral da Polícia, apenas algumas motos apreendidas, que estavam no pátio, foram atingidas. 

Confira algumas imagens na galeria abaixo:

##RECOMENDA##

[@#galeria#@] 

Segundo o tenente Elton, dos Bombeiros, o fogo teria iniciado devido ao lixo acumulado pelos moradores do bairro, nas proximidades do galpão. “Um lixo grande, porém já tinha se propagado. várias motos e três carros foram atingidos. Possivelmente o fogo tenha se gerado pelo lixo. Pelo calor e pela radiação, é possível que isso aconteça”, confirmou o tenente. A Neoenergia foi chamada ao local para cortar temporariamente o abastecimento de energia elétrica na região. 

Tenente Elton, do Corpo de Bombeiros. Foto: Júlio Gomes/LeiaJá 

Não há informações de feridos até o momento. A reportagem entrou em contato com a Polícia Civil, que informou que o Instituto de Criminalística (IC) será acionado, e será instaurado um inquérito policial, pela Delegacia do Varadouro, para apurar os fatos. 

LeiaJá também 

--> www.leiaja.com/noticias/2023/09/11/incendio-atinge-deposito-de-armas-da-...">http://www.leiaja.com/noticias/2023/09/11/incendio-atinge-deposito-de-ar...">Incêndio atinge depósito de armas da Segurança de PE

Lixo acumulado, pouca coleta 

O acúmulo de lixo no bairro de Santa Tereza não é novidade para os moradores da região, como Dilma Maria, de 60 anos, moradora desde criança. “Muito lixo, muita sujeira. Tem coleta de lixo, mas lá dentro da comunidade. Aqui, o povo que mora mais próximo, coloca o lixo aqui [perto]”, relata. 

Dilma Maria, moradora do bairro de Santa Tereza. Foto: Júlio Gome/LeiaJá 

Dona Dilma ainda compartilha uma sugestão que poderia ser eficaz no processo de limpeza urbana em seu bairro. “Eu acharia melhor um container, porque os vizinhos colocavam dentro, seria mais educativo, mais civilizado. Quando eu saio com meus netos eu sempre vejo em outros bairros, em outras comunidades, sempre tem um local pra colocar o lixo”, observa a moradora. 

 

Moradores da Vila Esperança não desistiram dos seus lares e lutam contra as ordens de desapropriação da Prefeitura do Recife. Entre os bairros de Apipucos e Casa Forte, área nobre da Zona Norte da cidade, a comunidade resiste há décadas à especulação imobiliária e, desde 2012, é ameaçada pela gestão municipal a cada nova etapa da construção da Ponte do Monteiro. 

Ocupada por cerca de 300 famílias de baixa renda, a Vila Esperança é uma das 74 Zonas Especiais de Interesse Social (ZEIS) do Recife. A lei consolidada há quase 30 anos protege a localidade por reconhecê-la como um território popular e, inclusive, incentiva o Poder Público a promover a regularização fundiária das moradias. 

##RECOMENDA##

[@#galeria#@]

A Prefeitura do Recife, através da Autarquia de Urbanização do Recife (URB), contrariou os dispositivos da ZEIS e distribuiu 53 cartas de negociação para pressionar pela retirada das famílias da Rua Ilha do Temporal. As desapropriações foram motivadas pelo argumento da construção da Ponte Engenheiro Jaime Gusmão, mas os moradores da Vila Esperança apontam um movimento de gentrificação. 

LeiaJá também: Ponte do Monteiro deve se tornar realidade em 24 meses

"Eles querem tirar essa comunidade daqui porque a especulação imobiliária daqui é demais. É uma área nobre, né? Aí todo mundo só imagina isso", denunciou Carlos Iraquitan, que descreveu o espaço como um “oásis” entre os bairros com o m² mais caro do Recife. 

Carlos Iraquitan acredita que toda comunidade será desapropriada em poucos anos. Júlio Gomes/LeiaJá Imagens

Mais de 30 dos seus 50 anos foram na Vila Esperança, lugar onde Carlos escolheu para criar seus dois filhos, hoje com 25 e 24 anos. "Aqui é um local centralizado. Meus filhos estudaram aqui em cima, é perto de hospital, de clínica, de shopping, de tudo. Aí vai mandar [a gente] não se sabe para onde e o dinheiro não vai dar para comprar outro", lamentou. 

Os moradores ainda estavam preocupados em sobreviver à pandemia quando a ponte começou a avançar nas duas margens do Rio Capibaribe. As obras começaram a avançar em 2021, com a publicação do decreto de desapropriação 34.603 para que a previsão de entrega em junho de 2024 tentasse ser cumprida.

O interesse, na visão dos moradores, seria adiantar o término da ponte para que ela possa protagonizar os materiais de campanha de reeleição do prefeito João Campos (PSB) como a primeira ponte entregue na capital em quase 20 anos. 

Dona Maria José conta que investiu em melhorias na casa antes da ordem de saída. Júlio Gomes/LeiaJá Imagens

Dona Maria José Pereira, de 73, estabeleceu morada na comunidade quando ela ainda era formada por barracos de tábua, há mais de 30 anos. Sem forças para resistir às investidas da URB, ela aceitou negociar a indenização, mas, assim como os vizinhos, reclama da proposta irrisória oferecida pelo município. 

“A gente não pode sair sem ter um dinheirinho para comprar a casa. Onde é que a gente vai morar sem ter casa? Ficar pagando aluguel é muito ruim e o valor que eles querem dar não dá para comprar uma casinha”, afirmou. 

Helena Vicente aponta que a Prefeitura não se propôs ao diálogo. Júlio Gomes/LeiaJá Imagens

Helena Vicente, 1ª titular da Comissões de Urbanização e Legalização (Comul) Vila Esperança, mobiliza os moradores a defender a permanência da comunidade. “Muitos já negociaram por se sentirem cansados da luta. Essa obra já tirou uma leva de pessoas em 2012, então, muita gente que eu conversei disse: 'ah, a gente não tem força para eles não'. Mesmo sabendo do direito que têm, essas pessoas não reagiram. Elas querem que aconteça, mas têm medo de lutar e de resistir”, expôs. 

Carlos descreveu a estratégia da URB para fechar os valores com os moradores antes da judicialização. "O dinheiro para todo mundo é muito pouco, não dá para comprar nem um barraco em outro lugar [...] eles dão a primeira proposta, se tu não aceitar, quando vai para a justiça, cai mais ainda [o valor]. Minha mãe pegou logo na primeira, mas pegou chorando", apontou. “A [casa] da minha mãe foi indenizado muito pouco porque a casa da minha mãe era bastante grande. Tinha mais de 80m² e deram o valor só de 79 mil a minha mãe", continuou. 

Destroços deixados na comunidade após demolição. Júlio Gomes/LeiaJá Imagens

Desde o reinício das obras, os habitantes da Vila Esperança alegam sofrer ameaças de funcionários da Prefeitura. "Se não negociar, vai ser pior para vocês"; "Vocês não são donos disso aqui"; "O trator vai passar", são os comentários que se espalham pelos becos da comunidade após a saída de um representante. 

'Ultimamente estamos recebendo muita visita [da prefeitura] e elas dizem: 'o pessoal que tá na justiça, a gente vai vir com o trator amanhã'. Mesmo sem a gente ter sido intimado ainda", reclamou Helena.  

Quando um morador cede à desocupação, a casa é rapidamente derrubada, o que repercute em uma nova forma de intimidação. Mesmo com os chamados, os destroços não são recolhidos e as tralhas acumuladas passam a atrair ratos e escorpiões. "Acho que para manter essa insalubridade que vai gerando o desejo de deixar o local", observou a líder comunitária. 

Casa pixada pela Prefeitura para indicar saída dos ocupantes. Júlio Gomes/LeiaJá Imagens

Para "abrir passagem para novos caminhos", como divulga a Prefeitura, as casas selecionadas para vir ao chão foram pichadas pela própria URB em agosto de 2021, antes mesmo da convocatória que abriu as negociações. 

Sem autorização dos ocupantes, portas e paredes foram demarcadas por spray de tinta. "Eles mediram tudinho e ficou por isso mesmo. Disse que depois voltava para resolver, até agora. Eu tô sem saber de nada, só sei que tá marcado", afirmou Maria da Luz de Aquino, que está há 30 dos seus 73 anos na Vila Esperança. 

Dona Maria da Luz apresenta um cenário de incerteza quanto ao futuro. Júlio Gomes/LeiaJá Imagens

A Ponte do Monteiro será o primeiro dispositivo do sistema viário planejado para a região. Seu projeto foi apresentado aos moradores da Vila Esperança em setembro de 2021, com a primeira leva de desapropriações no mês seguinte e, só em abril de 2022, foi anunciada a expansão da construção com um anel viário para cumprir a promessa de encurtar a distância entre as zonas Norte e Oeste. 

"Em 10 anos vão tirar tudinho daqui", afirma Carlos. “Tem moradores que não acreditam que vai sair tudo, mesmo a gente mostrando esse ofício. Essas pessoas estão tranquilas porque acreditam que vão ficar", complementou Helena. 

Em um primeiro momento, 17 famílias resistiram e foram processadas em ações movidas pelo município. A maioria desistiu no meio do caminho e, hoje, restam oito processos. A Justiça suspendeu a emissão de posse em apenas dois deles e pediu que uma nova perícia recalculasse o valor da indenização dos imóveis. 

Para quem não aceitou os preços baixos propostos pela URB, foi oferecido o remanejamento para um conjunto habitacional há cerca de 200 metros da comunidade. Contudo, nenhum dos dois blocos prometidos começou a ser construído.

Placa da Prefeitura do Recife informa que a obra foi orçada em mais de R$ 40 milhões. Júlio Gomes/LeiaJá Imagens

Por meio de nota, a Autarquia de Urbanização do Recife (URB) reforça que cerca de 80% da Ponte do Monteiro está pronta e aponta que a nova ligação viária com o bairro da Iputinga vai beneficiar diretamente 60 mil pessoas. 

A Prefeitura do Recife informa que a construção de 75 apartamentos para os moradores afetados pela ponte ainda não foi iniciada. Sem data para o início da obra, a gestão indicou que ela deva começar nas próximas semanas.  

O habitacional Vila Esperança será dividido em dois blocos, um com 40 unidades e o outro com 35, contando com jardim, horta comunitária, playground e uma creche. O plano da Prefeitura é entregar apartamentos com cerca de 40 m² para famílias que deixaram suas casas com mais de 100m². As obras vão custar em torno de R$ 13 milhões.  

A ponte deve ser entregue em meados do primeiro semestre do próximo ano. Júlio Gomes/LeiaJá Imagens

O município também rebateu as reclamações sobre as baixas propostas de indenização e ressaltou que o valor depende das benfeitorias feitas pelos moradores no terreno e não do m² cobrado pelos imóveis da região.

"A URB esclarece que cada imóvel é avaliado individualmente e recebe um valor que varia de acordo com questões como existência de documentação legal, área construída e benfeitorias realizadas pelos moradores. Os valores oferecidos são baseados em tabela atualizada anualmente e validada pelos órgãos de controle, como Tribunal de Contas do Estado e Caixa Econômica Federal”, resumiu. “Todos já foram negociados, incluindo 12 que foram objeto de negociação judicial, e 50 foram pagos", frisou a Prefeitura.

As pichações nos imóveis correspondem ao "procedimento padrão", disse a gestão, que ainda afirmou que as tralhas das casas demolidas só serão retiradas à medidas que as obras avancem.

Um ônibus foi incendiado na tarde desta sexta-feira (21), na Avenida Fagundes Varela, no bairro de Jardim Atlântico, em Olinda, na Região Metropolitana do Recife (RMR). O fogo teria sido iniciado nos pneus do veículo, provocado por homens encapuzados. O Corpo de Bombeiros Militares de Pernambuco (CBMPE) foi acionado ao local com uma viatura de incêndio.

Segundo informações das testemunhas no local, os moradores estariam protestando após a morte de um homem devido a um confronto armado com o Grupo de Ações Táticas do Interior (Gati), da Polícia Militar. A vítima, segundo os locais, coordenava o tráfico de drogas na comunidade da Ilha do Rato.

##RECOMENDA##

O LeiaJá procurou a Polícia Militar para esclarecimentos sobre o caso. Por meio de nota, a PM confirmou a troca de tiros e informou que também "foram apreendidos uma arma artesanal e um revólver calibre .38", que estavam com a vítima.

[@#video#@]

O desabamento do bloco D-7 do Conjunto Beira Mar, no bairro do Janga, em Paulista, desencadeou um comportamento de alerta e apreensão generalizado nos moradores das demais unidades da habitação. Na última sexta-feira (7), a maior parte da vizinhança foi acordada, por volta das 6h, sob um estrondo e uma nuvem de poeira que dava para ser notada mesmo à distância. À ocasião, 14 pessoas morreram embaixo dos escombros, enquanto sobreviventes e vizinhos foram realocados imediatamente, em face ao perigo de um novo desabamento.

A pensionista Maria Gerônimo, de 58 anos, foi uma das moradoras do conjunto a precisar de realocação nesta quarta-feira (12). Há 27 anos moradora do bloco D-14, duas ruas atrás do D-7, que desabou, ela foi surpreendida pela Defesa Civil Municipal ainda pela manhã, sob notificação de interdição permanente do imóvel. De acordo com a dona do apartamento, o aluguel mais barato que ela encontrou na região, nas últimas 48 horas, foi de R$ 600, para uma casa pequena no bairro. 

##RECOMENDA##

"Não tenho pra onde ir ainda. Aluguei uma casa de R$ 600; nem tenho condições de pagar, mas conto com uma cunhada minha, que vai me ajudar. Meus irmãos não têm como. Hoje eu não sei onde vou dormir por causa [do agendamento] da mudança. Eu tenho uma cachorra lá em cima e eu não consigo dormir sem ela, mas não tem lugar pra gente dormir [junto] hoje. Se eu dormir, vou ter que ir e deixar ela no apartamento. Meu medo é desabar com ela dentro. É como se fosse uma filha minha, eu fico muito triste. Me sinto mal de ir para outro lugar assim, fazer outras amizades e lá ser ruim", conta a moradora.

Apesar de ter feito uso do imóvel por quase três décadas, a escritura do local ainda está no nome de um familiar, e esse detalhe tem segurado a conclusão do cadastramento da mulher no sistema da assistência social de Paulista, que dá base para o suporte em segurança alimentar e também para o transporte das mudanças.

Por essa razão, a situação de Neide seguia indefinida até o momento da entrevista. Ela não possui parentes próximos além da cunhada e tem um filho de 25 anos, internado em uma clínica de reabilitação no Recife. O jovem terá alta na próxima terça-feira (18), mas a mãe não sabe dizer se ele tem conhecimento de toda a situação. Sentindo-se desamparada e apreensiva por perder contato com os vizinhos, Neide reafirmou o que muitos outros moradores disseram: que a comunidade funciona como uma família.

“Me sinto triste porque aqui só tem amigo. Aqui é meu caminho, me dou bem com todo mundo. Meu filho nasceu aqui e a gente vai se separar, vai ser muito ruim pra gente. [...] Já embalei minhas coisas, mas falta pegar o carro na prefeitura. Tenho que pegar os documentos para fazer o cadastro e a mudança, porque eu não tenho como. A casa pra onde eu vou é cara, mas vou pegar assim mesmo, foi o mais barato que encontrei. Fica aqui perto, do lado do mercado”, completa a pensionista.

As novas interdições

No momento em que a reportagem chegou ao local, a Defesa Civil havia interditado mais um bloco na sessão "D" do Conjunto Beira Mar. A habitação é organizada por blocos alfanuméricos, com lados A e B. Da segunda-feira (10) ao começo da tarde desta quarta-feira (12), 15 unidades tinham sido interditadas, de acordo com a prefeitura.

Entre as unidades D, foram interditadas as D-8, D-10, D-12 e D-14. Os blocos D-9 e D-10 estão interditados e vazios desde 2011 e 2012. Um deles abriu uma cratera entre os prédios, o que comprometeu a estrutura dos dois lados. O edifício D-7 também estava interditado, mas foi ocupado novamente e a situação teve o desfecho trágico da última sexta-feira (7).

Apesar das novas notificações, os moradores estão surpresos com a rapidez na qual tudo aconteceu. Dona Nilda, que morava no D-14 há três anos com o filho e o neto, já tem lugar para ir e lamenta a situação, mas diz ter convivido com medo nos último cinco dias.

“Tem dois dias que eu não como direito e nem durmo. Todo mundo é irmão, a gente é praticamente uma família nesse prédio aqui. Os vizinhos todos se ajudam”, relatou Nilda Ferreira Gomes, de 65 anos, que atualmente está desempregada. Ela sobrevive de “bicos”, trabalho informal, enquanto batalha na justiça pela oportunidade de se aposentar. Com ela, vivem também o filho do meio, Leonardo Gomes, de 38 anos, e um neto de 15 anos, filho de Leonardo. “Do dia que aconteceu pra cá, ela não consegue dormir, vem me acordar à noite”, disse Leonardo. 

O apartamento de Dona Nilda fica no térreo e é um dos mais comprometidos no edifício. Há anos ela diz sofrer com infiltrações, apesar de nunca ter notado rachaduras, mas a estrutura externa que contempla as paredes do apartamento está rachada. O LeiaJá teve acesso a apenas alguns dos blocos e apartamentos, incluindo os do bloco D-14. Confira as imagens abaixo. 

“Eu vendi uma casa que eu tinha no Ibura, e comprei aqui. Sempre gostei daqui, já tinha morado de aluguel antes, mas não sabia que a situação era essa. O proprietário não me avisou nada. Quando a pessoa quer vender, não diz, pra não perder a venda, né? No total, investi R$ 50 mil. R$ 42 mil no apartamento e uns R$ 8 mil para a reforma, revestir, colocar cerâmica. Hoje eu vou dormir na casa do meu filho, em Rio Doce, e depois vou deixar as coisas na casa do meu outro filho, aqui perto mesmo, enquanto não vejo uma casa para morar”, completou a proprietária. 

[@#galeria#@]

Imagens dos blocos da sessão D do Conjunto Beira Mar, entre a manhã e a tarde desta quarta-feira (12).

"Como todos que ocupavam aqui, estou saindo em emergência. A gente teve que alugar o que encontrou. Encontrei várias casas, mas a que cabia no meu bolso, só ontem [terça-feira, 11], às 22h. Eu morava no térreo, com dois filhos, e no segundo andar morava a minha filha. Nós não fomos pegas de surpresa, até temos um processo em aberto referente à interdição dos outros prédios. Quando interditaram o D-7, foi que a Defesa Civil veio, com técnicos de três municípios, entraram, fizeram fotos e viram os defeitos, que são defeitos de construção. Lá já era nível de risco moderado a alto", conta Leonilda Rosália Velazco, de 69 anos, agora ex-moradora do Bloco D-10. 

"Fui a primeira a entrar e a última a sair", continuou a aposentada. Ela morava no local há mais de três décadas e, ao momento da entrevista, aguardava o carro da mudança, com seus pertences na calçada do bloco. Leonilda foi a última a sair do prédio. Quando a mulher menciona a situação judicial com os outros prédios, ela se refere aos blocos D-9 e D-11. A filha de Leonilda, Ana Paula Velazco, de 40 anos, morava no bloco D-11, que hoje está esvaziado e completamente deteriorado. A mulher também era proprietária do apartamento anterior e se vê, agora, prestes a iniciar a segunda batalha judicial. 

"Eu morava no D-11 e eles interditaram há 11 anos, pelo mesmo motivo. Os engenheiros da Caixa e da Sulamérica vieram aqui, isolaram tudo. Nunca recebi indenização e para receber o auxílio foi uma confusão. Meu processo ainda está correndo de lá pra cá. Na época, pela agonia e por querer ficar perto da minha mãe, acabei comprando esse aqui também", diz Paula. 

Nilda e Leonardo, mãe e filho, moravam no Conjunto Beira Mar há três anos. Foto: Vitória Silva/LeiaJá

Até às 17h desta quarta-feira (12), o centro de atendimento social funcionou na Igreja Presbiteriana do Janga, ao lado do Conjunto Beira Mar. A partir desta quinta-feira (13), todo morador, ex-morador ou proprietário que precisar de assistência social, deverá comparecer à Escola Municipal Professor Paulo Freire, na Rua Aguazinha, número 15, onde o núcleo da Prefeitura funcionará até o fim dos trabalhos da Defesa Civil. Lá é feito pré-cadastramento para análise dos dados socioeconômicos, que viabiliza a aprovação de benefícios. Os requisitos são: ter menos de um salário-mínimo e meio e/ou estar no Cadastro Único (CadUn). Quem não possui cadastro, pode fazê-lo com o auxílio da secretaria municipal.  

O horário de atendimento no centro de assistência social vai das 8h às 17h e o trabalho da Defesa Civil vai das 9h às 14h. Não há prazo para o fim das vistorias no conjunto, mas passado o período de vistorias, todo o atendimento social será redirecionado aos Centro de Referência da Assistência Social (Cras) designados. A Prefeitura de Paulista disponibiliza transporte gratuito para a realização das mudanças. 

"A necessidade apresentada em maioria, pelas famílias vítimas, foi a segurança alimentar, a entrega das cestas básicas e o auxílio-funeral. Algumas pessoas também deram entrada para o aluguel social e para o auxílio-moradia. Vamos analisar o perfil socioeconômico, mas se a pessoa está no Cadastro Único, a gente acredita que já está num perfil condizente com a política social. São pessoas diversas e de toda a complexidade. Pessoas idosas, com deficiência, família nuclear, mães solo. Em maioria, são os próprios proprietários, que têm dúvidas sobre o laudo da Defesa Civil e sobre como contatar a seguradora, pois é um direito deles receber seus benefícios", explica a secretária-executiva de Assistência Social de Paulista, Elisa Alcântara. 

A Defesa Civil de Paulista ofereceu, em nota ao LeiaJá, o parecer parcial (contínuo) das vistorias. De acordo com o órgão, todos os 29 blocos do conjunto serão vistoriados. Após a conclusão das vistorias nos blocos “E”, foi iniciado o trabalho nos “C” e “D”, e isso prosseguirá gradualmente. A quantidade de famílias afetadas será especificada em um laudo posterior, que deve ficar pronto até o próximo fim de semana. O órgão informou que o aluguel social e o auxílio-moradia terão valor de R$ 250. 

 

O número de lares aumentou mais nos últimos 12 anos do que o de habitantes no País. As famílias ficaram mais enxutas, com menos gente vivendo sob o mesmo teto, na média geral da população, segundo os dados do Censo Demográfico 2022, divulgados nesta quarta-feira, 28, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O Brasil chegou à marca de 90,688 milhões de domicílios no ano passado. O resultado significa um salto de 34% em relação aos 67,570 milhões de lares encontrados no Censo 2010, o equivalente a 23,118 milhões de lares a mais em pouco mais de uma década. No mesmo período, a população brasileira cresceu 6,5%.

##RECOMENDA##

"A gente não pode dizer que existe relação com qualquer outra coisa. O que a gente observa aqui é que a população aumentou, mas aumentou proporcionalmente muito mais a quantidade de domicílios, principalmente domicílios não ocupados", disse o coordenador técnico do Censo, Luciano Duarte, quando questionados sobre eventuais motivos para o fenômeno.

O número de domicílios aumentou em todos os Estados e no Distrito Federal entre os Censos 2010 e 2022. O município de São Paulo, o mais populoso, concentrava o maior número de lares: 4,9 milhões, um crescimento de 27% ante 2010.

No conjunto de unidades domiciliares recenseadas em 2022, 90,6 milhões eram domicílios particulares permanentes, outros 66 mil domicílios particulares improvisados e mais 105 mil domicílios coletivos.

Entre os domicílios particulares permanentes, 72,447 milhões estavam ocupados em 31 de julho de 2022, data de referência do Censo Demográfico, enquanto 18,070 milhões estavam desocupados. Os domicílios ocupados aumentaram 26% em relação a 2010, e os não ocupados avançaram 80%.

Os lares desocupados foram divididos em duas categorias: ou estavam vagos ou eram de uso ocasional, o que inclui imóveis de veraneio. Os domicílios vagos totalizaram 11,4 milhões em 2022, aumento de 87% em relação a 2010, enquanto os de uso ocasional cresceram 70%, para um total de 6,7 milhões.

O presidente interino do IBGE, Cimar Azeredo, contou que o instituto usou durante a coleta informações sobre o consumo de energia de domicílios em áreas consideradas mais turísticas ou de veraneio para conferir a predominância de imóveis de uso ocasional. Ele lembra que o trabalho remoto durante a pandemia de covid-19 pode ter alterado a quantidade de domicílios de uso ocasional em determinados locais, com migração de parte da população de áreas urbanas para locais de veraneio.

"Isso pode ter aumentado (em alguns locais), isso pode ter diminuído em alguns lugares", disse Azeredo. "Esse esvaziamento urbano pode ter se dado em função disso, e pode ter reduzido até o número de domicílios que são considerados de uso ocasional em outros locais."

A redução da média de moradores por domicílio entre 2010 e 2022 ajudaria a explicar o avanço no número de lares, afirmou o diretor de Geociências do IBGE, Claudio Stenner. A média de moradores caiu de 3,31 pessoas por domicílio no Censo de 2010 para 2,79 pessoas em 2022.

"Então, para abrigar essa população, você precisa de mais domicílios. Esse processo é contínuo, não é novo agora, já há algum tempo a gente vem verificando isso. Cada vez a média de moradores por domicílio é menor. Então isso explica parte do crescimento dos domicílios de maneira tão expressiva. O restante é quantidade maior de domicílios vagos e de domicílios de uso ocasional", disse Stenner.

A densidade demográfica do País foi estimada em 23,8 habitantes por quilômetro quadrado, porém com ocupação desigual entre as regiões. No Norte, que tem área de 3.850.593 km?, ou 45,2% do território brasileiro, a densidade é de 4,5 habitantes por quilômetro quadrado. No Sudeste, região mais populosa, a média é de 91,8 habitantes por quilômetro quadrado.

Os municípios de Taboão da Serra (SP), Diadema (SP), São João de Meriti (RJ), Osasco (SP), Carapicuíba (SP) e São Caetano do Sul (SP) eram os seis únicos municípios brasileiros com densidade populacional superior a 10 mil habitantes por quilômetro quadrado.

Divulgado nesta quarta-feira (28), o Censo Demográfico 2022 feito pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostrou a variação da população de Pernambuco nos últimos 12 anos. Realizado a cada década, o levantamento foi adiado pela pandemia e só saiu do papel após determinação do Supremo Tribunal Federal (STF). 

Fundamental para a promoção de políticas públicas, o estudo mostrou que Pernambuco está no 23º lugar no índice nacional de crescimento populacional, com o acréscimo de 0,24% ao ano a partir de 2011. Pernambuco tem 9.058.155 habitantes, representando 4,46% do total da população brasileira.

##RECOMENDA##

Esse aumento foi encabeçado por duas cidades do Interior, o que confirma o processo de interiorização no estado. O município que mais recebeu moradores nos últimos 12 anos foi Petrolina, no Sertão, com 92.824, equivalente a um aumento de 2,31%, seguida por Caruaru, no Agreste, com 63.140 residentes, o que corresponde a 1,53%. 

Por outro lado, as maiores perdas estão no Centro da Região Metropolitana do Recife. A maior baixa foi na própria capital, que apresentou a retração de 48.784, um declínio de 0,27%. A segunda queda mais significativa foi percebida em Olinda, que perdeu 27.803 habitantes, equivalente a -0,64%.

Cidades com mais habitantes 

Como esperado, as cidades com maior número de moradores continuam na RMR, são elas: Recife, com 1.488.920 residentes, e Jaboatão dos Guararapes, com 643.759. Em terceiro lugar, após o movimento dos últimos 12 anos, aparece Petrolina, com 386.786. 

O arquipélago de Fernando de Noronha continua como a região do estado com menos moradores, com apenas 3.167. Dentro do Continente, esse título é dividido entre duas cidades do Sertão: Itacuruba, com 4.284 habitantes, e Ingazeira, com 4.768. 

Densidade populacional

Em relação à densidade demográfica, que calcula o número de habitantes por quilômetro quadrado, Olinda é a cidade mais povoada de Pernambuco, com 8.474 moradores a cada km². Recife aparece logo depois, com o índice de 6.803,60.

Na outra ponta, as cidades menos povoadas também são no Sertão, dessa vez representado por Parnamirim com 7,13 moradores por km² e Floresta, com 8,36. 

O IBGE também apontou que os municípios de Pernambuco com mais domicílios recenseados foram Recife (644.212) e Jaboatão (293.907). A lista dos menos recenseados começa por Fernando de Noronha (1.137) e segue com Itacuruba (1.950) e Ingazeira (2.358). 

Moradores do Conjunto Marcos Freire, em Jaboatão dos Guararapes, estão ilhados desde a madrugada desta quinta (15). O Corpo de Bombeiros foi acionado por volta das 5h10 e disponibilizou um bote para o resgate dos populares. 

Os loteamentos e a principal via de acesso à região estão alagados devido às fortes chuvas que perduram na Região Metropolitana do Recife (RMR). A corporação informou que atua na Avenida Eucalipto, próximo ao estabelecimento Célia do Queijo. A ocorrência segue em andamento.

##RECOMENDA##

 

 

Os antigos moradores do residencial Eldorado, no bairro do Arruda, na Zona Norte do Recife, realizaram uma manifestação em frente ao conjunto, nesta sexta-feira (26), para pedir celeridade nos processos indenizatórios que correm na Justiça. Há 10 anos, uma rachadura da laje ao térreo do bloco A1 resultou na desocupação quase imediata dos 224 apartamentos.  

O martírio dos proprietários pelo valor do patrimônio já dura uma década e permanece em um cenário de incerteza. Análises técnicas feitas ainda em 2013, após a saída dos moradores do condomínio localizado na Rua da Regeneração, constataram que o uso de materiais de baixa qualidade resultou em um alto risco de desabamento. 

##RECOMENDA##

LeiaJá também: Drama dos antigos moradores do Eldorado completa 10 anos

As seguradoras Caixa e SulAmérica passaram a ser cobradas pelas famílias do Eldorado e foram derrotadas em todas as instâncias da Justiça estadual. Representante de 124 mutuários, o advogado Renato Canuto lembra que o pedido de dano moral foi retirado para que o julgamento fosse concluído mais rápido.   

No desenrolar dos processos, as empresas apresentaram recursos, mas, em 2018, o Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) manteve o direito de indenização. Na época, o valor histórico era equivalente a R$ 155 mil por imóvel somados aos juros, correção e à multa decendial. 

Indenização pode não ser paga

Prestes a serem indenizadas, as famílias foram surpreendidas em 2019 por uma decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ). "O STJ entendeu suspender o julgamento de todas as ações que tratassem de seguro habitacional. Eles entenderam que devia haver uma pacificação acerca da prescrição", explicou o advogado.  

A prescrição se refere ao tempo permitido após o fato para que se dê entrada na ação judicial. A discussão no STJ é se o prazo de cinco anos é contado a partir do término do contrato de financiamento ou da data em que o vício na construção apareceu. O segundo entendimento prevalece, mas, ainda assim, todos os processos dessa natureza continuam parados e dependem de como a matéria será julgada pelo colegiado. 

"Se o STJ entender que o prazo é de cinco anos a contar do encerramento dos contratos de financiamento, como esse empreendimento é de 1996, muito provavelmente todos os imóveis já estariam quitados e já teria transcorrido esse prazo. Eu não acredito que vá acontecer isso", avaliou Canuto. 

O julgamento no STJ é de relatoria da ministra Maria Isabel Gallotti, que retirou o tema da pauta para aguardar a definição da competência interna para apreciar o processo em torno das apólices públicas de seguro habitacional. Em nota, o STJ confirmou que "os recursos chegaram a ser incluídos na sessão do dia 23/11/2022, mas foram retirados por indicação da ministra, pela necessidade de se aguardar que a Corte Especial do STJ defina a competência". 

Com os processos em todo o país suspensos, o Superior Tribunal de Justiça destacou que a ministra conferiu uma concessão à possibilidade de atos urgentes, desde que o advogado faço o requerimento ao juiz de cada processo. 

Sem os apartamentos e sem a indenização do patrimônio, os antigos moradores recebem mensalmente um auxílio-aluguel das seguradoras. Eles denunciam que, além de alguns atrasos, os valores não são reajustados há dois anos.  

Procurada pela reportagem, a SulAmérica informou que o seguro habitacional é financiado pelo governo federal, através do Fundo de Compensação e Variação Salarial (FCVS), atualmente administrado pela Caixa Econômica Federal (CEF).  

A empresa acrescentou que a CEF é quem responde pelas questões legais relacionadas ao seguro. A Caixa Seguradora também foi procurada, mas não se posicionou até a publicação. 

Já são dez anos longe de casa para 224 famílias que moravam no residencial Eldorado, no bairro do Arruda, Zona Norte do Recife. Na manhã de 24 de maio de 2013, o sonho conquistado ao longo de uma vida de trabalho rapidamente se transformou em um adeus abafado por um estalo. O som que assustou os moradores do bloco A1 foi causado por uma rachadura, que rasgou o prédio-caixão de cima a baixo.

O conjunto residencial de 14 blocos foi erguido na Rua da Regeneração em 1996, apenas 17 anos antes da sua desocupação. Naquela manhã, os moradores carregaram apenas os documentos na mão para deixar os apartamentos às pressas. Em minutos, o bloco A1 estava vazio e a rua repleta de pessoas que, agora, não tinham mais onde morar.

##RECOMENDA##

[@#video#@]

A rachadura que cortava a laje e chegava ao térreo dava indícios de falhas graves na construção. Na mesma semana, uma inspeção feita por representantes da Secretaria Executiva de Defesa Civil concluiu que o colapso na estrutura foi causado pelo uso de materiais de baixa qualidade.

Na época, a gerência de risco da pasta informou que um laudo publicado em 2007 já havia alertado que os tijolos da base do prédio não suportariam o peso da construção. Os moradores alegam que não foram informados.

Uma análise feita pelo Instituto Tecnológico de Pernambuco (Itep) apontou que todos os blocos tinham risco de desabar. A ordem de desocupação de todos os pavimentos foi expedida e selou o fim do que era o Conjunto Residencial Eldorado. Atualmente, só vigilantes e animais se revezam entre as ruínas do conjunto.

[@#galeria#@]

Uma década se passou e as famílias ainda brigam na Justiça pelo direito à indenização e por danos morais. Elas processam as seguradoras Caixa e SulAmérica e já tiveram sentenças favoráveis no Tribunal de Justiça de Pernambuco. Contudo, desde 2019, os processos no Brasil referentes a apólices securitárias foram suspensos e encaminhados para julgamento no Superior Tribunal de Justiça (STJ). 

Sem perder a esperança

Ainda sem definição sobre a restituição do patrimônio, os antigos moradores do Eldorado recebem das empresas um auxílio-aluguel, que não é reajustado há dois anos.

Hélio Venceslau morava com a esposa e os dois filhos no bloco C2. Sem indenização e sem seu apartamento, ele acompanha diariamente o imóvel deteriorar da sua varanda alugada em frente ao que restou do Eldorado. 

Hélio encara todos os dias o que um dia já foi o lar da sua família.  Júlio Gomes/LeiaJá

"A gente tem um sacrifício porque todo mês é aquele lenga-lenga, as vezes [o auxílio] não é depositado na data e a gente fica nervoso porque a gente depende desse dinheiro. A gente tem esperança que finalize com esse sofrimento que a gente tanto espera", afirmou.

Como resposta ao esquecimento do caso no Judiciário e cobrar celeridade, um ato marcado às 9h desta sexta-feira (26) vai reunir os proprietários em frente ao condomínio.

A Latam anunciou que a venda de passagens com desconto para moradores e empresas de Fernando de Noronha vai voltar nesta terça-feira (9). As vendas foram suspensas durante os ajustes da parceira entre a companhia e a Voepass. 

A Voepass Linhas Aéreas começou a operar na ilha no fim de janeiro e manteve um acordo com a Gol Linhas Aéreas até abril. A troca pela Latam foi o motivo para que as passagens com desconto fossem suspensas temporariamente. 

##RECOMENDA##

LeiaJá também: 

--> Azul reabre a venda de passagens para Fernando Noronha

--> Fernando de Noronha: MPPE instaura procedimento contra Gol

A Gol deixou de oferecer viagens a Noronha em outubro do ano passado por conta da decisão da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) proibir o pouso de aviões de grande porte na ilha. Na época voos foram suspensos por problemas na pista de pouso do aeroporto. 

Apesar da mudança na operação, os preços devem ser mantido. Com o desconto, moradores vão pagar R$ 300 e profissionais de empresas locais, R$ 400, em voos com capacidade para 70 pessoas. 

A zona rural brasileira é considerada um celeiro do mundo. O país está entre os cinco maiores exportadores mundiais de produtos agropecuários, principalmente, soja, milho, açúcar, suco de laranja e carnes de frango e bovina. Além disso, é responsável por alimentar quase 800 milhões de pessoas no mundo, segundo estudos da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).

Esse alimento, entretanto, nem sempre chega à mesa de quem o produz, o morador do campo. Seis em cada dez habitantes (63,8%) de áreas rurais apresentam algum grau de insegurança alimentar, ou seja, não se alimentam de forma adequada.

##RECOMENDA##

Os dados são da Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Penssan) que entrevistou 35 mil pessoas em 2022. A pesquisa mostra que dois em dez moradores (18,6%) do campo estão numa situação de insegurança alimentar grave, ou seja, passam fome.

Nas cidades, os percentuais são um pouco mais baixos: 57,8% são afetados por insegurança alimentar e 15% enfrentam a fome.

Em 2022, o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) fez uma análise que mostrava que a insegurança alimentar começava a piorar nas áreas rurais do país – com o índice de famílias que enfrentava essa dificuldade subindo de 35,3% em 2013 para 46,4% em 2018.

A análise foi feita a partir dos dados da Pesquisa de Orçamento Familiar (POF) 2017-2018 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

“Isso significa fome”, explicou o pesquisador do Ipea Alexandre Arbex Valadares, em nota, à época.

“Os dados da POF-2018 surpreenderam porque, nas pesquisas anteriores, os indicadores apontavam uma tendência de superação da insegurança alimentar no país, trajetória que mudou sensivelmente em 2018”, completou.

O Ipea constatou ainda que a renda das famílias rurais caiu de 2008 a 2018, o que mostra um empobrecimento dessa população.

Famílias 

As irmãs Daiane e Gabriela vivem com sete crianças e adolescentes (entre 2 e 15 anos) na zona rural de Guapimirim, na região metropolitana do Rio de Janeiro, em uma casa humilde de alvenaria - parte emboçada, parte com tijolo aparente - onde antes havia acabamento. A única fonte de renda das duas é o Bolsa Família e isso evita que elas passem fome. Mesmo assim, o dinheiro é curto para garantir comida durante todo o mês.

“A gente recebe [o Bolsa Família] e consegue abastecer o armário. Mas, no fim do mês, é difícil. A gente fica sempre preocupado se vai faltar comida. Mas tem algumas pessoas que ajudam a gente”, conta Daiane, que está treinando para poder trabalhar como cuidadora e melhorar a renda da família.

A pesquisa constatou também que, em 2018, havia menos dinheiro disponível para a compra de comida do que dez anos antes. De acordo com o Ipea, houve uma queda de 14% dos gastos dessas pessoas com alimentos nesse período.

Maria e Everaldo moram com os três filhos, em São José da Tapera, na caatinga alagoana, em uma casa precária, feita com estacas de madeira, de apenas dois cômodos. Em um deles dormem as crianças. O outro serve de quarto para o casal, banheiro e cozinha.

Os alimentos e a água são armazenados em dois tambores de plástico. Everaldo não consegue trabalhar na terra, devido a um problema na coluna. E os R$ 600 que ganha do Bolsa Família não são suficientes para garantir uma alimentação adequada a todos.

São duas refeições por dia, nada além disso. E mesmo essas refeições precisam ser controladas para que não falte comida até o fim do mês. “São R$ 600 pra tudo. E o Everaldo ainda toma remédios controlados. Não tem como comer mais do que duas vezes por dia. É complicado”, conta Maria.

Concentração de terra

Segundo o pesquisador da Universidade de Brasília (UnB) Sérgio Sauer, a fome no campo é resultado da “profunda desigualdade socioeconômica” que afeta a sociedade brasileira. Na zona rural, isso se materializa na concentração de terra que faz com que muitos moradores do campo não tenham acesso a um local para cultivar.

“Além da desigualdade estrutural, proporcionalmente, há mais gente com fome no campo devido a problemas históricos na formulação e implementação de políticas governamentais ou estatais. Historicamente, inclusive com as políticas públicas socioassistenciais, houve uma concentração de investimentos nas cidades”, explica Sauer.

A fome não poupa nem os próprios produtores de alimentos. A pesquisa da Penssan mostrou que a fome atingia 21,8% de agricultores familiares e produtores rurais no país. A insegurança alimentar, em todos seus graus, afetava 69,7% dessas pessoas.

No Norte do país, a insegurança alimentar atinge 79,9% dos produtores rurais/agricultores familiares. Quatro em dez dessas pessoas (40,2%) passam fome. No Nordeste, 83,6% enfrentam insegurança alimentar em algum grau e 22,6% encaram a fome.

“Do ponto de vista ético e de direitos humanos, é inadmissível que o espaço produtor de alimentos abrigue pessoas passando fome. Essa contradição é o elemento - político, ético, humano - que torna a fome no campo tão marcante, inclusive porque não é possível justificá-la com argumentos equivocados como, por exemplo, ‘há fome porque faltam alimentos’”, destaca o pesquisador.

Sauer afirma que, nos últimos anos, houve um desmantelamento de políticas públicas voltadas para a população do campo, o que, junto com a pandemia de covid-19, fez com que a situação piorasse.

“O crescimento da fome no campo, inclusive entre produtores de alimentos, se deve aos cortes orçamentários, quando não à extinção de políticas públicas, desenhadas para atender à população do campo. A fome aumentou, portanto, devido aos cortes nos investimentos e ao desmantelamento de políticas depois de 2016, particularmente depois de 2018.”

Entre as políticas desmanteladas nos últimos anos, segundo Débora Nunes, da coordenação do Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra (MST), estão o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), que incentiva a compra de alimentos produzidos por agricultores familiares, e o acesso ao crédito para pequenos produtores rurais.

“A gente imagina que, quem está no campo, teria melhores condições de produzir o alimento. Por isso, é importante a gente relacionar a fome à garantia de políticas públicas que contribuem, para quem está no campo, produzir o alimento, com acesso ao crédito, à política da reforma agrária, a políticas públicas como o PAA, como PNAE [Programa Nacional de Alimentação Escolar], que ajudam no fortalecimento da produção e, consequentemente, fazem com que as famílias tenham melhores condições de existência”, afirma Débora.

Segundo ela, a fome no Brasil também tem relação direta com o modelo agrícola adotado no país, que privilegia a exportação de commodities, como a soja, em vez da produção de alimentos para os brasileiros.

“O modelo do agronegócio exige a concentração da terra, não gera emprego e não produz alimentos, não produz comida, produz commodities para exportação. E é um modelo que destrói o meio ambiente, com o uso intensivo de agrotóxicos, o envenenamento do nosso lençol freático e a destruição das nossas matas.”

"O outro modelo é o da agricultura familiar, da reforma agrária, que justamente propõe o inverso, partindo da democratização do acesso à terra. É um modelo que compreende que, para sua existência, precisa ter uma relação saudável com o meio ambiente. Só consigo ter água na minha cacimba, se preservamos o ambiente", completa.

Para Sergio Sauer, combater a fome no campo exige “medidas estruturantes”, com políticas de Estado que independam do governo da ocasião e que permitam o acesso da população à terra para produzir.

“As experiências históricas de acesso à terra (criação de projetos de assentamentos) ou garantia de permanência na terra (reconhecimento de direitos territoriais de povos e comunidades tradicionais e povos indígenas) demonstram claramente a diminuição da fome e melhorias nas condições de vida no campo", ressalta.

"Esses programas são, ou deveriam ser, acompanhados de outras políticas públicas (assistência técnica, crédito, construção de infraestrutura, acesso à saúde, acesso à educação, etc), que resultam diretamente na produção de alimentos, consequentemente na diminuição da fome e na melhoria da vida no campo”, conclui Sauer.

Governo

Segundo a secretária nacional de Segurança Alimentar e Nutricional, Lilian Rahal, historicamente “a pobreza é mais dura” na zona rural e lembra que essas áreas  englobam populações tradicionais que são muito afetadas pela desnutrição.

“Ela é mais dura porque você considera comunidades indígenas, reservas extrativistas e populações quilombolas onde os indicadores de desnutrição, geralmente, têm sido maiores. E mesmo nos últimos anos foram os núcleos duros da desnutrição. É onde a gente tem que fazer nossas políticas chegarem. É claro que esse núcleo duro se ampliou nas áreas rurais e cresceu muito nos últimos anos. Isso se reverte enxergando primeiro essas populações, buscando onde estão e criando políticas públicas específicas, desde políticas de saúde até as políticas sociais”, afirma.

De acordo com a secretária, o governo quer reforçar o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), com a recuperação do orçamento e uma reformulação com foco nas famílias mais vulneráveis.

“Nossa ideia é focar o PAA cada vez mais nas famílias do Cadastro Único, nas mulheres e famílias, para a compra de alimentos. Nos últimos anos, o programa deixou de ser operado com as organizações da agricultura familiar. Houve uma concentração de operações nas prefeituras e produtores de pessoas físicas. Nossa ideia é, de alguma forma, retomar a atuação com as organizações da agricultura familiar até para poder fortalecer o modelo associativo.”

A secretária destacou que, apesar disso, o PAA continuará atuando com os entes federativos. Ela ressaltou também a importância de ter programas que fomentam a inclusão das famílias do campo no setor produtivo, seja pela própria agricultura seja por outras atividades empreendedoras.

“A gente tem que enxergar essas famílias, saber as carências e organizar uma oferta de políticas públicas para que a situação possa ser revertida no curto prazo. Isso passa pela transferência de renda, mas, às vezes, pela própria oferta de comida. Programas que comprem a comida que elas produzem, mas também façam a comida chegar onde não está chegando”, afirma.

Ela destacou também a importância de garantir o acesso à água. “A insegurança hídrica potencializa a insegurança alimentar. Tem programas que nos permitem reduzir isso de forma bastante concentrada, como o programa de cisternas no semiárido. Nossa proposta é chegar onde não chegamos. Já tem mais de 1 milhão de cisternas implementadas, mas ainda tem cerca de 300 mil a 350 mil famílias que precisam receber cisternas.”

Agência Brasil publica nesta terça-feira (21) a última parte do especial Prato Vazio: um retrato da fome no Brasil.  

Um dos municípios mais afetados do litoral paulista com as chuvas deste final de semana foi São Sebastião. Moradias foram destruídas por desabamentos, deslizamentos e alagamentos. "Tudo é lama, tudo é barro, destroços, entulhos e escombros. É realmente traumatizante" relata Pauleteh Araújo, vereadora suplente do município e moradora da região de Juquehy.

Pauleteh estava em casa durante as fortes chuvas, como não teve a residência muito afetada, agora auxilia outros moradores da região e conversou com o Estadão esta tarde.

##RECOMENDA##

Ao menos 23 pessoas morreram vítimas das fortes chuvas que atingiram o litoral entre a noite de sábado, 18, e a madrugada deste domingo, 19. Somente em São Sebastião são 22 mortes confirmadas pelo prefeito Felipe Augusto (PSDB). Outra vítima é uma menina que morreu ao ser atingida pelo deslizamento de pedras em Ubatuba. Até a noite deste domingo, 228 pessoas estão desalojadas e 338, desabrigadas.

Como a casa de Pauleteh não chegou a ser inundada, ela afirma que abrigou três pessoas em sua residência e agora auxilia outras famílias em um dos alojamentos na cidade, localizado na igreja Assembleia de Deus Ministério de Belém. "A região está completamente destruída, é um outro local, irreconhecível, parece cenário de guerra", diz ela que cresceu no local.

Uma das pessoas na igreja que viveu e ainda vive o desespero da destruição no bairro é Priscila Silva, de 23 anos, moradora de Juquehy que acompanha sua irmã e o cunhado que perderam a casa com tudo dentro após alagamento. "Eu tinha acabado de chegar do trabalho, uma hora da manhã, foi quando eu fui ver que estava tudo alagado, eu só fui ter contato com ela (a irmã) era quatro horas da manhã", explica.

As duas irmãs ainda esperam notícias da mãe que mora na vila da Baleia e se encontra incomunicável desde sábado. De acordo com boletim divulgado pelo governo estadual, o bairro da Baleia é uma das regiões mais afetadas de São Sebastião junto com Camburi.

A moradora e líder comunitária de Barra do Sahy, no litoral de São Sebastião, Nalda Araújo também relatou os momentos de terror vividos por moradores e turistas durante a madrugada. Segundo ela, dezenas de casas foram soterradas.

"Era em torno das 3 horas da manhã quando a gente ouviu uma gritaria. Saímos na rua e o pessoal estava gritando, corre que o morro está desabando. Eu moro a mais de 100 metros, mas quando olhei para trás o morro estava descendo com casa, com carro, com pessoas. A gente saiu correndo...", disse.

Segundo o governo do Estado de São Paulo, os maiores acumulados de chuva das últimas 24 horas se deram em Bertioga (683mm). Guarujá (395mm), Santos (232mm), São Vicente (194mm), Cubatão (117mm), Praia Grande (209mm), Mongaguá (112mm), Itanhaém (94mm), Peruíbe (98mm), Ubatuba (335mm), Caraguatatuba (234mm), Ilhabela (337mm) e São Sebastião (627mm).

O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) anunciou que o alerta vermelho para o litoral paulista permanece até segunda-feira, 20, com chance de chuva superior a 60 mm por hora ou acima de 100 mm por dia. Após segunda, o alerta deve diminuir para a categoria laranja, com previsão de chuva entre 30 e 60 mm por hora e entre 50 e 100 mm por dia. (Colaborou José Maria Tomazela)

Nesta segunda-feira (13), um vídeo de três cobras gigantes caindo do teto de uma casa viralizou nas redes sociais. Nas imagens, que foram publicadas no último domingo (12) no TiK Tok, é possível ver profissionais tentando remover os animais do espaço.

Para conseguir retirar as cobras, um profissional quebra parte do teto, mas, com o peso dos animais, a estrutura acaba cedendo e assustando os moradores do imóvel, localizado na Malásia. Ao derrubar um dos animais, os profissionais têm dificuldade em capturá-lo. Confira o vídeo:

##RECOMENDA##

[@#video#@]

O Brasil tem 3,9 milhões de pessoas que vivem em 13.297 áreas de risco. Dessas, quatro mil localidades são classificadas como de “risco muito alto”, de deslizamentos e inundações, por exemplo. Já o número de áreas classificadas como de “risco alto” é de 9.291. Os dados podem ser visualizados no painel do Serviço Geológico do Brasil, vinculado ao Ministério de Minas e Energia. 

Os estados mais impactados são Santa Catarina, Minas Gerais, Espírito Santo e São Paulo. Um dos motivos é o fator geológico de relevo, explicou o coordenador executivo do Programa de Cartografia de Áreas de Risco Geológico, Julio Lana, geólogo pesquisador do Serviço Geológico (SGB). 

##RECOMENDA##

“Esses estados têm grande parte do relevo caracterizado por áreas bastante montanhosas, os municípios estão parcialmente assentados sobre terrenos inclinados, morros e regiões serranas e naturalmente são áreas sujeitas a processos de instabilização de encostas - os deslizamentos. Além disso, são estados que têm [áreas] hidrográficas consideráveis, com rios bastante importantes e grandes terrenos ocupados nas margens desses rios, o que sujeita a população a sofrer com os eventos de inundação”, disse Lana.

Acrescentou que outro fator é que o mapeamento feito pelo SGB envolve mais municípios nesses quatro estados impactados.

“Esse trabalho contemplou cerca de 1.600 municípios no Brasil. Não são todos os municípios brasileiros que foram contemplados. E, dentre os estados que têm maior número de cidades mapeadas, estão justamente Santa Catarina, Minas Gerais, Espírito Santo e São Paulo. É interessante destacar que eles têm o maior número de áreas de risco e consequente população nessas áreas justamente porque têm o maior total de cidades mapeadas em comparação com outros estados”, salientou. 

Prevenção de desastres

O Serviço Geológico do Brasil disponibiliza o mapa online para prevenção de desastres. O mapa apresenta a localização e algumas características de área propensas a serem afetadas por eventos adversos de natureza geológica, como deslizamentos, inundações, enxurradas, fluxo de detritos, quedas de blocos de rochas e erosões. 

O mapeamento é feito para caracterizar as áreas sujeitas a perdas ou danos decorrentes da ação de eventos de natureza geológica, destacou o coordenador. “Quando esse mapeamento é finalizado ele é enviado para a Defesa Civil e outras instituições do poder público, responsáveis por tomar medidas de prevenção, como, por exemplo, realizar as ações de monitoria, alerta, desenvolver políticas públicas para promover o ordenamento territorial, ou seja, para evitar que novas áreas de risco surjam nesses municípios. São as principais medidas de prevenção que esperamos que sejam tomadas em decorrência do mapeamento”, afirmou Lana. 

O mapa não contempla a totalidade das cidades  brasileiras, e, sim, as 1.600 cartografadas até o momento. Assim, podem existir áreas sujeitas a desastres em localidades ainda não mapeadas pelo Serviço Geológico.

Quase 90% da população da terceira província mais populosa da China foi infectada com a Covid-19 — disse uma autoridade de alto escalão nesta segunda-feira (9), no momento em que o país enfrenta um forte surto de casos.

Em entrevista coletiva, o diretor da Comissão de Saúde da província central de Henan, Kan Quancheng, disse que, "no 6 de janeiro de 2023, a taxa de contágio na província é de 89%".

Com uma população de 99,4 milhões, os números sugerem que 88,5 milhões de pessoas teriam sido infectadas pelo coronavírus.

Kan observou que as visitas às clínicas atingiram seu pico em 19 de dezembro, "depois do que se mostrou uma tendência declinante".

A China enfrenta um aumento no número de casos depois de encerrar anos de confinamentos, quarentenas e testes em massa em dezembro passado, medidas essas que atingiram a economia e provocaram protestos.

No domingo (8), Pequim suspendeu a quarentena obrigatória para quem chega ao país procedente do exterior e reabriu sua fronteira com a cidade semiautônoma de Hong Kong.

Teme-se que o número de casos dispare com o Ano Novo Lunar na China, celebrado no final de janeiro. Milhões de pessoas saem das cidades para visitar seus familiares no interior nesta data.

Na primeira onda de viagens prévia a esse feriado, os números oficiais indicaram que 34,7 milhões de pessoas se deslocaram internamente, um terço a mais do que no ano passado, segundo a imprensa estatal.

Ainda conforme dados oficiais, na semana passada, apenas 120.000 pessoas foram infectadas, e 30 morreram, desde que as restrições foram levantadas no início de dezembro.

Pequim modificou os critérios para definir a morte por covid-19 e pôs fim aos testes obrigatórios, para que seus números não reflitam a magnitude do surto.

A Corregedoria Geral do Mato Grosso apura se o delegado Bruno França vai ser punido por invadir uma casa armado e prender uma mulher sem mandado judicial. A motivação teria sido uma briga entre o filho dela e o enteado do delegado. A ação foi registrada por uma câmera de vigilância na sala do imóvel localizado em um condomínio em Cuiabá, na noite dessa segunda-feira (28).

Com uma pistola na mão, o delegado arromba a porta e entra na companhia de três policiais com armas de grosso calibre e fardamento operacional. Ele ameaça e xinga os moradores enquanto uma criança chora ao fundo.

##RECOMENDA##

“Da próxima vez que ela chegar perto do meu filho, eu vou estourar a cabeça dela. Eu vou explodir a cabeça dessa filha da p***”, grita se direcionando ao marido da empresária. "Manda ela sair daí, senão vou disparar na cabeça dela”, continua

[@#video#@]

A mulher é levada para a Central de Flagrantes sob a alegação de ter descumprido uma medida protetiva a qual ela sequer havia sido intimada. O advogado da empresária, Rodrigo Pouso, é chamado e registrou a conversa com Bruno na delegacia. 

O defensor pede explicações sobre os fatos desencadeados: a suposta medida cautelar, o mandado para entrar no domicílio e a posição em flagrante. O delegado responde com insultos e diz que não vai repassar as informações. O acesso aos autos é um direito constitucional conferido aos advogados para articular as defesas.

[@#podcast#@]

“Eu estava ali na condição de padrasto e não de autoridade policial. Só que isso não justifica e eu estou pedindo desculpa publicamente nessa situação de emoção que agi pela condição da vítima que é meu enteado [...] mas eu estou aqui para pedir desculpas ao doutor Rodrigo. Foi inaceitável a minha conduta. Fui advogado por muito tempo e eu tenho respeito completo e total pelo advogado no exercício de sua função. A respeito do caso não vou me manifestar. Isso é sigiloso, está na delegacia de proteção ao menor. Agora só tomar cuidado para manter a segurança de todo mundo”, disse o delegado segundo o Fórum.

Com a repercussão do caso nas redes sociais, a Corregedoria informou que "tal ação foi de decisão exclusiva da autoridade policial". Em nota, o órgão reforça que apura os fatos e que tomará as medidas legais cabíveis. A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) também repudiou o episódio e destacou as prerrogativas funcionais da classe.

Páginas

Leianas redes sociaisAcompanhe-nos!

Facebook

Carregando