Ucranianos recebem visto humanitário no Brasil

Grupo realizou primeira escala em Recife, rumo a Brasília, onde continuarão o processo de repatriação. No total, foram 74 pessoas trazidas ao Brasil pela FAB

por Vitória Silva qui, 10/03/2022 - 14:54

Brasileiros e imigrantes latinoamericanos e ucranianos chegaram, na manhã desta quinta-feira (10), ao Aeroporto Internacional dos Guararapes - Gilberto Freyre, no Recife, em uma primeira escala no Brasil, rumo a Brasília, onde continuarão o processo de repatriação. Destes, cerca de 20 passageiros são cidadãos ucranianos, aos quais o Governo Federal concedeu o visto humanitário, válido por seis meses. Estas são pessoas cujo processo imigratório pôde ser feito de forma mais rápida por já possuírem critérios de obtenção do visto.

No total, foram 74 pessoas trazidas ao Brasil em aeronaves diferentes, por meio de uma iniciativa da Força Aérea Brasileira (FAB). O grupo já estava fora da zona de guerra na Ucrânia, após acolhimento na Polônia, país vizinho. De acordo com a delegada chefe de imigração da Polícia Federal em Pernambuco, Luciana Martorelli, o pouso no Recife foi considerado técnico, já que a cidade é o ponto brasileiro mais perto da Europa. Nenhum passageiro ficou na capital pernambucana ou precisou sair da aeronave.

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A primeira aeronave da Operação Repatriação pousou no Recife às cinco da manhã de hoje (10). Foi um jato Legacy, trazendo cinco tripulantes e 11 passageiros; dentre eles havia gestantes, lactantes e crianças de colo. A segunda aeronave, de maior porte, foi um KC-390 Millennium, que pousou por volta das 6h42 e trouxe 15 tripulantes e 63 passageiros, além de alguns animais de estimação.

“O KC [aeronave] saiu como um voo de “carga”, porque ele levava insumos e medicamentos, e só tinha a bordo a tripulação, e talvez cinco ou seis passageiros, que eram os diplomatas do Ministério das Relações Exteriores. Na volta, ele veio com tripulação, carga e passageiros. O Legacy [aeronave menor] foi contratado [pela FAB], mas a tripulação é toda brasileira, e trouxe as famílias que tinham alguma dificuldade em enfrentar uma viagem tão longa, num avião com menos conforto, como é o KC”, explicou a delegada de Imigração ao LeiaJá.

Apesar de não terem abandonado a aeronave, os passageiros passaram pelo controle migratório padrão, mesmo se tratando de um avião cargueiro. “O que sai de qualquer Estado nacional em direção a um país estrangeiro é feito controle migratório. O controle não se restringe a esse trabalho de cabine, do aeroporto normal. A gente o faz em fronteira seca, em navio, e aqui na base aérea quando o avião sai da base, mas o destino dele é um país estrangeiro. E se faz controle migratório também em aeronaves oficiais, como é o caso do KC e qualquer aeronave da FAB. Isso vai para o Sistema de Tráfego Internacional”, acrescentou Martorelli.

Todos os passageiros, inclusive tripulantes, seguiram à Base Aérea de Brasília, no Distrito Federal. Apenas a tripulação do Legacy, com cinco pessoas, foi substituída no Recife. No total, o grupo realizou três escalas antes do destino: Varsóvia (Polônia) - Lisboa (Portugal), Lisboa (Portugal) - Ilha do Sal (Cabo Verde), e Ilha do Sal (Cabo Verde) - Recife.

“Todo mundo seguiu para Brasília e, de lá, eles serão redirecionados para os seus locais. Não vieram só brasileiros no voo, havia argentinos e um colombiano [negociação diplomática através do acordo 18 do Mercosul]. Para os ucranianos, o Brasil baixou um decreto concedendo o chamado visto humanitário. O país já concedeu visto humanitário aos haitianos, aos sírios e aos venezuelanos. É uma movimentação diplomática regular quando há um grande estresse na região, que no Haiti não foi de guerra, mas de catástrofe natural, e aquela população precisa se deslocar com rapidez. O Brasil é um país muito aberto a receber essas populações em crises humanitárias”, finalizou a chefe de polícia.

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