Doação da PF no Recife faz cadeirante reencontrar família

Sem as duas pernas e diagnosticado com esquizofrenia, Átila era procurado por familiares em Santa Catarina há quase um ano

qui, 01/06/2023 - 14:25
Júlio Gomes/LeiaJá Imagens Átila Rosa entre os amigos da PF, Giovani Santoro e André Sobral Júlio Gomes/LeiaJá Imagens

A doação de uma cadeira de rodas por servidores da Polícia Federal (PF) a um homem em situação de rua, no Recife, desencadeou uma história de reencontro. Sem as pernas, Átila Rosa, de 57 anos, deixou Santa Catarina e chegou ao Recife após fugir de casa. Ele tem diagnóstico de esquizofrenia e era procurado pela família há quase um ano.

Após um dia como ambulante nos semáforos do Cais do Apolo, na área central do Recife, Átila costumava dormir nos bancos da Praça Tiradentes, em frente à sede provisória da PF. Na madrugada de 23 de abril, sua cadeira de rodas foi furtada por usuários de drogas. 

Átila com a cadeira que ganhou dos policiais federais.  Júlio Gomes/LeiaJá Imagens

Exposto à chuva e com dificuldade para fazer as necessidades básicas, policiais federais se sensibilizaram com a situação e criaram um grupo no WhatsApp para arrecadar o valor de uma nova cadeira. 

"Nossos policiais viram que ele estava na chuva, apenas com uma capa, e aí começou toda uma movimentação para comprar uma cadeira e depois a gente veio descobrir a história dele", comentou o chefe da comunicação da PF em Pernambuco, Giovani Santoro.

O papiloscopia André Sobral conta que foi "muito emocionante" participar da campanha que reuniu cerca de 12 servidores e representantes do sindicato da categoria. Cinco dias após o furto, Átila foi presenteado com a nova cadeira e despertou a curiosidade sobre sua história por conta do sotaque.

As informações que ele havia repassado foram cruzadas com os dados do banco da PF e, em seguida, uma análise facial confirmou sua identidade. Átila é natural de Florianópolis e estava longe da família há 10 meses. A irmã Simoni Bianchi veio ao Recife para encontrá-lo e explicou que, devido à condição mental, ele já havia saído de casa outras vezes, mas nunca tinha ficado sumido por tanto tempo. "A gente tava procurando por lá, porque ele já teve várias outras saídas, o que é comum para quem tem esse sofrimento mental, mas ele sempre ficava por ali".

Simoni acreditada que não ia encontrar mais o irmão. Júlio Gomes/LeiaJá

Ela conta que Átila tinha uma vida estruturada financeiramente, trabalhava como vendedor, era casado, pai de uma filha, mas sua vida começou a ser afetada pelos primeiros surtos e ele foi morar com os pais. Há cerca de nove anos, em uma de suas fugas, ele perdeu as duas pernas em um acidente no Paraná. "Essas pernas minhas aqui, eu peguei a estrada para Curitiba como mochileiro e acabei sendo atropelado na BR-101", recordou.

Átila se considera um "aventureiro" e disse que decidiu vir ao nordeste em busca de "mais uma aventura". No caminho ao Recife, ele interrompeu o tratamento e deixou de tomar os remédios. Desde então, a família vivia na incerteza sobre seu paradeiro e cogitava que ele já não estivesse mais vivo. A primeira pessoa procurada pelos policiais foi a filha Tássia, de 34, mãe de dois meninos de dois e cinco anos. 

Simoni abraça Átila. Júlio Gomes/LeiaJá

Com voo marcado às 22h, Átila e Simoni deixam o Recife e devem chegar em Florianópolis no início da manhã desta sexta-feira (2). Além da cadeira de rodas, os policiais federais atuaram como assistentes sociais na confecção da carteira de identidade e documentação necessária para o voo.

Simoni conta que o irmão voltar para a casa dos pais, onde uma recepção o aguarda para celebrar o reecontro com a família. 

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