Numeriano critica PCB, fala sobre Geraldo e 'canta' o PSOL

Além de comentar a eleição de Geraldo, Numeriano fala a respeito de seu possível futuro no PSOL

ter, 09/10/2012 - 17:32
Hivor Danierbe/LeiaJáImagens Numeriano disse que 'Geraldo é um homem com boas intenções, mas ele ficará limitado' Hivor Danierbe/LeiaJáImagens

O candidato do PCB à Prefeitura do Recife, Roberto Numeriano, que obteve 6.766 votos, foi expulso do partido no último domingo (7), após ser divulgada pela sigla uma nota pública durante a apuração dos votos. Ao conversar com a equipe do Leia Já, Numeriano falou sobre sua expulsão, seu futuro político e fez uma análise das eleições deste ano. 

Numeriano, que é jornalista, cientista político e professor, afirmou que o texto que o partido postou em seu site mente, em alguns pontos, e em outros escreve meias verdades. Em nota enviada à imprensa, Numeriano fala que, antes de tudo, já havia comunicado ao PCB que renunciaria formalmente aos cargos diretivos da leganda.

Confira um trecho da nota:

“Na mesma ocasião, pedi que não mais me enviassem correspondências do Comitê Central, pois não julgava honesto, politicamente, tomar conhecimento de assuntos internos restritos, dado o fato de ter decidido renunciar. Também registrei que continuaria filiado ao Partido.

Assim decidi porque ocorreram fatos, nesta campanha, dos quais discordei politicamente. Um deles é público, pois diz respeito ao meu apoio à candidatura do ex-militante Luciano Morais, também recentemente expulso por se manter candidato a vereador em Paulista, após o PSDB ter declarado apoio à chapa majoritária de Sérgio Leite. Mas a causa foi anterior, embora com substância política semelhante, e envolveu a candidatura de Edvalmir Carteiro, em Timbaúba. Edvalmir, que tinha grande chance de ser eleito numa chapa  proporcional, foi obrigado a sair da mesma porque à ultima hora, por força da legislação eleitoral que impõe a cota de mulheres nas chapas proporcionais, uma professora aposentada, filiada ao PSDB, foi chamada para compor. Edvalmir saiu candidato isoladamente. E perdeu.

Minha resistência a estes fatos decorreu de algo anterior, que venho observando na cúpula dirigente do Partido: o progressivo fechamento político-ideológico do diálogo democrático interno. E o maior exemplo disso é uma interpretação que chamo de mecanicista e integrista (ultra-radical) da sua tática política. Nunca defendi, é claro, alianças com partidos de direita, mas não podemos ser vítimas desses partidos quando, numa composição eleitoral, por motivos extemporâneos e alheios a nós, arranjos de última hora e contingências de legislação impõem fatos como o que descrevi. Não houve culpa dessas duas municipais do Partido, pois em ambos os casos suas direções respaldaram o processo. A partir da decisão contrária da Comissão Política Nacional, os dois candidatos foram obrigados a tomarem outro rumo."

Eleições 2012 - Em relação a sua perda no pleito eleitoral deste ano, Numeriano disse que considera uma tremenda vitória ter obtido 4% dos votos. “Para falar em termos políticos, nós não perdemos a eleição. Do ponto de vista político-administrativo, a quantidade de votos foi uma resposta positiva dos eleitores: gastei menos de R$ 15 mil na minha campanha”. "Considero Geraldo Julio (PSB) uma péssima opção para o Recife, não tem projeto de cidade, eles [Daniel Coelho (PSDB), Mendonça Filho (DEM) e Humberto Costa (PT)], não têm diferença de um para o outro. Geraldo Julio é um homem com boas intenções, mas ele ficará limitado, pois não terá autonomia política para gerir o Recife, pois estará subordinado às empresas privadas. Desejo a Geraldo que ele faça uma boa gestão e que cumpra ao menos um terço do que prometeu, por que as promessas foram muitas. No Brasil, as campanhas vitoriosas são as milionárias, esse sistema já está apodrecido, ele nega o poder da representação popular”, disparou. 

Futuro Político – Numeriano afirmou que recebeu um convite para filiar-se ao Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), que provavelmente será aceito. “Esse é um plano futuro, antes preciso resolver questões de ordem pessoal e profissional. Quanto à militar é algo a se decidir futuramente. Serei um crítico da gestão atual do Recife, fiscalizarei, mas também vou elogiar o que for positivo", completou.

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