A Prefeitura da Cidade do Recife desde o início deste ano, vem anunciando uma série de construções e requalificações de espaços de lazer na cidade. A maioria dessas grandes obras, contemplarão diretamente os moradores de áreas centrais e nobres do município. Na contramão, a PCR tem entregue menos espaços de lazer para bairros mais populosos e da periferia. Sendo assim, o LeiaJá buscou informações sobre as ações da atual gestão, em parques e praças dos bairros da periferia da capital pernambucana, e qual a opinião da população que reside nessas regiões.
Em abril deste ano, a prefeitura comunicou a desapropriação de um terreno de 12 mil m², no bairro de Casa Forte, na Zona Norte do Recife, para a construção do Jardim do Poço, área de convívio, lazer e esportes com foco nos idosos. De acordo com a gestão do prefeito João Campos (PSB-PE), o equipamento público além de oferecer um espaço para o público da terceira idade, também terá mobiliário infantil, quadras de esportes, pista de cooper, parcão e uma Academia da Cidade.
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A previsão é que as obras sejam iniciadas no primeiro trimestre do próximo ano. O projeto que será executado pelo Gabinete de Projetos Especiais beneficiará moradores dos bairros de Casa Forte, Santana, Monteiro, Poço e Iputinga.
Créditos: Divulgação/PCR
Ainda de acordo com as informações, as pessoas que residem nas comunidades Poço da Panela, Brasilit, Vila União, Sítio do Cardoso, Sítio do Berardo, Novo Prado, Benfica, Vila Arraes, Sítio Wanderley, Torrões, Prado, Vila do Siri, Capunga, Vila Esperança Cabocó, Alto do Mandu, Abençoada por Deus e Vila Inaldo Martins, também serão contempladas pelo novo equipamento.
Na última semana, outra obra foi anunciada, a de um parque com nome em homenagem ao ex-governador, Eduardo Campos, que morreu em um acidente aéreo em 2014. O novo parque será construído no antigo Aeroclube de Pernambuco, localizado no bairro do Pina, Zona Sul da capital.
O LeiaJá procurou a prefeitura da capital pernambucana para saber sobre os números exatos de equipamentos como esses em toda a cidade, e se existem projetos de construção e requalificação de áreas de lazer nos bairros de periferia. Segundo a gestão municipal, a cidade conta com mais de 660 áreas verdes, entre praças, parques e refúgios. Desde 2021, início do governo de João Campos, foram requalificadas 90 praças em toda a cidade, além de trabalhos de manutenção em outros espaços, a exemplo da recém-entregue Praça da Infância, na Encruzilhada, e mais duas praças desse mesmo modelo já em obras, no Compaz Miguel Arraes, na Madalena, e no bairro de San Martin.
Ainda segundo a nota, novos equipamentos foram instalados, como a segunda etapa do Parque das Graças, além das obras que serão realizadas para a inauguração de um parque no bairro do Pina, que irá beneficiar, sobretudo, moradores das ZEIS Encanta Moça/ Pina, Brasília Teimosa e Ilha do Destino. "Importante lembrar que o Programa de Requalificação e Resiliência Urbana em Áreas de Vulnerabilidade Socioambiental (Promorar), também prevê obras de urbanização em 40 diferentes comunidades da cidade do Recife e incluem espaços públicos de lazer como praças’’, justificou a prefeitura em nota.
Atualmente, se tratando de parques, Recife possui 12 equipamentos que oferecem opções de práticas esportivas, áreas para contemplação da natureza e da vegetação e pontos de encontros para a população em todo o município. São eles: Parque da Macaxeira (Macaxeira); Parque Arraial do Forte (Torrões); Parque do Caiara (Iputinga); Parque 13 de Maio (Santo Amaro); Parque Robert Kennedy (Ipsep); Sítio da Trindade (Casa AMarela); Parque Arnaldo Assunção (Engenho do Meio), Parque de Santana (Santana), Parque de Apipucos; Parque da Jaqueira (Graças); Parque Dona Lindu (Boa Viagem); e Parque das Graças (Graças).
Moradores insatisfeitos
Através de suas redes sociais, a prefeitura divulga essas obras de requalificação e construção, porém vem recebendo duras críticas dos moradores recifenses que acompanham as publicações das páginas.
Questionamentos sobre a falta de obras em bairros de regiões mais carentes do município, fazem parte dos conteúdos dos comentários. "Estamos a espera de obras nos bairros mais carentes’’, escreveu um usuário. "O rio só corre pro mar, né Prefeitura? Cadê espaços públicos de planejamento e qualidade nas periferias?’’, questionou uma seguidora, em uma publicação sobre a construção do Jardim do Poço.
''Não vejo melhorias'', afirma moradora
Em entrevista, a estudante Ketullyn Cavalcanti, 25 anos, que reside nas proximidades do bairro de Dois unidos, Zona Norte do Recife, apontou a falta de manutenção nos ambientes de lazer da localidade. ''Entre a última gestão, do Geraldo Júlio, e a atual, não vi melhorias nos parques e praças de Dois Unidos e proximidades. Até a própria publicidade da prefeitura, que sempre acompanho, destaca obras em lugares nobres e em bairros mais próximos ao centro. Porém, cadê a disposição em anunciar parques e praças nas comunidades mais carentes?’’, indagou.
Sobre as construções de parques em bairros nobres que, segundo a prefeitura, também oferecerá lazer aos moradores das comunidades vizinhas, a jovem acredita que a população mais vulnerável deveria receber novos equipamentos da gestão onde reside, e assim, ''evitaria sair do seu bairro em busca de lazer''.
''Nos bairros nobres do Recife sempre existem comunidades carentes nas proximidades. Não acho interessante essa ideia de construir um parque em uma região privilegiada e depois dizer que a obra também ajudará o morador carente da redondeza. Seria justo realizar a manutenção, ou até mesmo grandes obras nos bairros carentes. O morador da periferia merece ter equipamentos de lazer onde reside'', frisou a moradora.
Ketullyn é mãe da pequena Olivia de 3 anos, e afirmou que nos finais de semana, precisa sair de sua comunidade e ir até outro bairro para garantir o lazer de sua filha. ''É desgastante sair da minha casa para levar minha filha em um parque de um bairro distante. Muitas vezes, preciso me preocupar com o transporte, sabendo que a frota do transporte público é reduzida no sábado e no domingo. Na minha comunidade deveria também existir equipamentos modernos, para minha filha e outras crianças aproveitarem o lazer’’, contextualizou.
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