A forma como se dará a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras prestes a ser criada no âmbito federal, divide opiniões de parlamentares pernambucanos. Enquanto alguns defendem que a investigação seja feita apenas em uma das Casas do Congresso Nacional, outros acreditam que deve ser realizada uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI), em que envolva Câmara dos Deputados e Senado Federal.

De acordo com o deputado federal Augusto Coutinho (SDD), a investigação deve ocorrer de forma que contemple as duas Casas Legislativas. “Eu defendo que ela seja mista porque ela tem demonstrado uma maior eficácia e simplificaria o processo já que o pedido de CPI foi sacramentado e apoiado pelas duas Casas. Então, não tem o menor sentido você fazer uma CPI no Senado e outra na Câmara. O governo ainda continua querendo conturbar esta apuração da CPI da Petrobras”, opinou.

Semelhante à opinião de Coutinho, o deputado federal e líder do DEM na Câmara dos Deputados, Mendonça Filho, disse em entrevista ao LeiaJá que também defende a criação de uma CPMI. “Defendo a CPI mista até porque não dá para você abrir mão da participação da Câmara. Esse é um assunto que o Congresso precisa apurar e, sendo num processo que está expondo a Petrobras de denúncias graves de corrupção, evidentemente que a gente tem que buscar a verdade de uma apuração como essa, porque tem muito mais força e muito mais poder”, contextualizou.

Diferente dos parlamentares da oposição, para o líder do PT no Senado, Humberto Costa, a investigação nas duas Casas provoca ataques políticos e nem sempre se chega a resoluções concretas. “Eu acho que a CPI da Petrobras no Senado tem condições de fazer um resultado muito mais sereno e chegar ao que a população deseja que são as investigações de supostas irregularidades da Petrobras. Já tivemos episódios de CPI mistas como a do Cachoeira  que foram oito meses de ataques recíprocos e no final, não tivemos nenhuma resolução nem relatório”, pontuou, acrescentando não ter dúvidas de que a investigação no Senado seja a mais correta. “Eu não tenho dúvidas que a CPI mista vai ser para fazer mais disputas políticas do que investigação. Defendo a CPI no Senado, até porque a discussão começou no Senado e quem provocou o supremo foi o Senado”, ratificou.

O petista também relembrou que 2014 é ano eleitoral e todo este processo de investigação pode prejudicar o andamento político até outubro. “Nós já vamos viver uma CPI num momento extremamente critico porque é ano de eleição presidencial. (...). Normalmente, sem ser eleição, a tendência é que se transforme num palco de disputa, imagina no meio de um processo eleitoral”, destacou o senador, confirmando que a CPI irá prejudicar o governo nas eleições. 

Questionado sobre a hipótese levantada por Humberto Costa sobre a influência da investigação no processo eleitoral, o deputado Augusto Coutinho concordou com o petista, porém, para ele, independente do período é preciso punir quem praticou erros. “Não resta dúvida que você vai ter uma eleição para presidente da República e com essa CPI você vai discutir mal feitos por parte do governo avizinhando-se uma eleição. Não restam dúvidas que isso vai trazer algumas dúvidas para o governo federal, mas roubaram a gente e a gente não vai deixar de apurar e colocar na cadeia quem roubou, não é verdade?”, disparou o deputado federal.