PT se alia ao PSB ou vai lançar candidatura própria?

A dúvida que reina na eleição 2018 é se os petistas irão apoiar a reeleição do governador Paulo Câmara ou se terá candidato sendo a mais especulada Marília Arraes

por Taciana Carvalho seg, 04/06/2018 - 17:35
LeiaJáImagens/Paulo Uchôa LeiaJáImagens/Paulo Uchôa

Faltando pouco mais de quatro meses para a eleição 2018, uma pergunta que não quer calar gera a cada dia mais especulação: quem o PT estadual irá decidir apoiar na disputa pelo Governo de Pernambuco? A legenda irá optar pela candidatura própria tendo como um dos nomes mais cotados para a vaga a vereadora do Recife Marília Arraes ou se unirá ao governador Paulo Câmara rumo à reeleição?

Um momento que deve ser decisivo para que fique mais esclarecido qual a alternativa tomada será o encontro organizado pela executiva estadual, que está marcado para acontecer no próximo domingo (10). Na data, 300 delegados irão debater se desejam a candidatura própria ou se voltarão a integrar a Frente Popular. A neta do ex-governador Miguel Arraes protocolou, em meados de maio, chegou a solicitar à executiva cópias de regimentos internos do partido, o que teria gerado certo estranhamento. A petista queria compreender as regras do encontro de junho.

Nesta segunda-feira (4), uma das defensoras da postulação de Marília Arraes, a deputada estadual Teresa Leitão, disse esperar que não se repetir o cenário pré-eleitoral de 2012, quando o PT chegou rachado às eleições no Recife e perdeu o comando da prefeitura para Geraldo Julio (PSB).  A parlamentar se mostrou “confiante” sobre o desfecho do encontro que acontece no domingo.

Polêmicas à parte, o fato é que Marília Arraes parece irredutível ao garantir que a sua pré-candidatura está mais firme do que nunca. O discurso que vem utilizando tem seguida uma mesma linha: detonar o governo e reafirmar que é necessário recolocar “Pernambuco no rumo certo”. A confiança da vereadora tem sido tão grande que a mesma convocou um ato junto à militância, no Clube Internacional, com o objetivo de continuar a defesa ao ex-presidente Lula e na busca de reforçar sua pré-candidatura.

Em entrevista ao LeiaJá, o presidente do PT-PE, Bruno Ribeiro disse que essa “confusão” é desnecessária. Ele reiterou que a decisão será tomada pelos delegados. “Os 300 delegados que tomarão essa decisão por um ou por outro caminho. Havendo a tese da candidatura própria, em seguida, se escolhe o nome da candidata ou do candidato ao governo e o restante da chapa majoritária, essa é a previsão”.

Ribeiro falou que o PT, no âmbito nacional, tem conversado com partidos de oposição a Temer como PCO, PCdoB, PSOL e o PSB. “Não é somente com o PSB. Se fala muito no PSB porque é o partido que governa Pernambuco, mas esse diálogo também se dá com o PCdoB e outros. Se houver, com qualquer desses partidos, o estabelecimento de alguma aliança nacionalmente pela direção nacional é natural que nós aqui tenhamos de avaliar com a nacional se há alguma repercussão em Pernambuco e qual é essa repercussão. É simples assim como estou relatando”, disse.

Bruno Ribeiro garantiu que a meta é derrubar a pauta do golpe na eleição e recuperar a agenda que o país tinha escolhido na última eleição presidencial. “Em torno dessas ideias nós estamos plenamente unidos. Então, não há estresse entre nós e a nacional como alguns falam de que pode haver intervenção. Se houver qualquer aliança definida no campo nacional vai ser construída com o PT dos vários estados aonde o partido aliado tenha prioridade. É preciso aguardar a evolução desses entendimentos nacionais”, explicou.

O presidente se absteve de falar sobre a pré-candidatura de Marília Arraes. “Eu tenho a melhor opinião sobre Marília, mas também sobre José de Oliveira e sobre Odacy porque estão contribuindo para o debate do partido, estão circulando e conversando. Eu, como presidente, não posso estar externando preferência por este ou por aquela candidatura. Todas elas prestam uma grande contribuição ao partido e ao debate”, desconversou.

Na semana passada, o governador Paulo Câmara falou sobre o assunto. “A gente tem discutido com o PT a possibilidade de aliança em Pernambuco. E se isso for possível é um desejo nosso”, ressaltou durante coletiva de imprensa, no Palácio do Campo das Princesas.

Caso For consolidada a aliança entre os petistas e socialistas, a pretensão é que uma das vagas do Senado seja reservada para que o senador Humberto Costa (PT) concorra à reeleição. Humberto já chegou a dizer que o PT-PE não vai ter força sozinho. “É hora de deixarmos de lado as divergências, o radicalismo e os personalismos para convergirmos a um objetivo comum, que é derrotar a agenda do governo Temer. Em Pernambuco, é necessário reconhecer que o PSB e o governador Paulo Câmara têm feito gestos em favor dessa aliança com o PT”, declarou durante um discurso e abril na tribuna do Senado para defender a aliança.

No mesmo caminho de Humberto, ao LeiaJáo ex-prefeito do Recife João Paulo já chegou  a dizer que seria “muito difícil” o PT ganhar o pleito estadual sem unidade. “Eu acho que enquanto não sentar para discutir, para montar a estratégia, eu acho muito difícil nós termos um resultado vitorioso nesta eleição, mas eu estou confiando em um amadurecimento do partido”, salientou.

Apoio das entidades

O Presidente da Central Única dos Trabalhadores de Pernambuco (CUT-PE), Carlos Veras, ressaltou que Marília Arraes tem um diferencial porque sua candidatura “nasceu nas ruas”. Ele afirmou que lideranças de entidades diversas, que são simpatizantes do projeto do PT, também estão animadas. “É uma pré-candidatura vitoriosa porque tem chances reais de ganhar a eleição e que possui condições para construir um arco de aliança importante do sertão pernambucano ao litoral”.

 

Veras falou que é Pernambuco precisa de um palanque que dê enfretamento aos “retrocessos” no estado. “É uma possibilidade de se ter uma verdadeira mudança, de mudar a forma de gerir o estado. São problemas graves na saúde, na educação, na segurança pública e na agricultura familiar. Há problemas graves para ser resolvido e somente resolve com participação popular, o que é praticamente impossível no atual governo porque não dialoga e não conversa com a sociedade”, criticou.

 

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