"PDT é um partido de esquerda, pero no mucho", diz Haddad
Apesar de se dizer amigo de Ciro Gomes (PDT), o ex-prefeito de São Paulo não poupou alfinetadas ao partido pedetista e disse que será um erro isolar o PT da oposição contra Bolsonaro
Ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT) afirmou que desde o fim das eleições ainda não conseguiu conversar com o também derrotado na disputa e ex-governador do Ceará, Ciro Gomes (PDT). Nos últimos momentos da corrida presidencial no segundo turno, onde procurou por apoio, principalmente de Ciro, Haddad não recebeu o esperado.
Para ele, a explicação pode ser porque naquele momento o PDT tinha candidatos a governador disputando eleição e fazendo campanha para Jair Bolsonaro (PSL), que liderava as intenções de voto.
"O PDT é um partido de esquerda, 'pero no mucho'", alfinetou Haddad, em entrevista à Folha de São Paulo, fazendo alusão aos correligionários de Ciro que se alinharam à Bolsonaro, que trouxe para o pleito um discurso de extrema direita, contrário ao que - tradicionalmente - prega os partidos de esquerda, a fim de garimpar votos.
Fernando Haddad disse também que quando confirmado a inelegibilidade do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), condenado em segunda instância no caso do triplex, Ciro Gomes foi sondado por ele e por todos os governadores do PT. "Eu sou amigo, gosto muito do Ciro, mas ele errou no diagnóstico e pode voltar a errar se entender que isolar o PT é a solução para o seu projeto pessoal", apontou, fazendo referência a estratégia que vem surgindo entre os partidos de oposição de deixar o PT fora do bloco que deve ser composto por PCdoB, PSB, PDT e Rede Sustentabilidade.
PT pretendia quebrar hegemonia no Palácio do Planalto
Fernando Haddad ainda falou da quebra da hegemonia do PT na Presidência da República. O ex-ministro da educação confirmou à Folha que isso só não aconteceu com o apoio do próprio partido porque o então governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), morto em uma tragédia de avião, não aceitou ser vice na chapa de Dilma Rousseff (PT) em 2014.
Naquele ano, Eduardo preferiu se descolar do PT, partido ao qual por muito tempo foi aliado, para concorrer à Presidência pelo PSB. "O próprio Lula considerava Eduardo Campos como candidato natural para receber apoio do PT em 2018, se tivesse aceitado ser vice da Dilma", acentuou Fernando Haddad.