"Mais bombásticos ainda não foram publicados", diz Glenn
Jornalista falou também sobre as ameaças de morte que vem recebendo e da "perseguição" do Ministro da Justiça Sérgio Moro
O site Metrópoles publicou nesta sexta (26) uma longa entrevista com o fundador do The Intercept, Glenn Greenwald. O jornalista afirmou que "os materiais mais bombásticos" dos diálogos entre procuradores da Lava Jato e o ex-juiz Sérgio Moro ainda não foram publicados. Ele ainda afirmou que vem sendo ameaçado de morte constantemente e que considera a série de reportagens atual mais perigosa que as revelações do caso Snowden.
Questionado pelo Metrópoles, Greenwald revelou que novas matérias do seu site sobre os diálogos vazados vão revelar informações ainda mais importantes do que as que já foram ao ar. "Eu tenho certeza, porque eu conheço o material que estamos trabalhando, que os materiais mais bombásticos e importantes ainda não foram publicados, mas serão em breve. Tem muitas revelações graves. Essas seis semanas que começamos a publicar foram muito pouco tempo para um acervo deste tamanho. Então, com certeza, vai ter muito mais revelações muito graves no futuro", afirmou.
Apesar de ter revelado que recebeu as conversas de uma pessoa que hackeou os celulares de autoridades, Gleen não confirmou se as pessoas presas pela Operação Spoofing, da Polícia Federal, são as suas fontes. "No passado, nós reportamos com materiais fornecidos por fontes que também foram presas. Nós não sabemos se os caras que eles prenderam eram nossas fontes, e obviamente não vamos comentar nada sobre isso. Mas, se eles são ou não, não tem nenhuma consequência para nossa reportagem, que está continuando", disse o jornalista.
Glenn Greenwald falou também sobre as ameaças que vem recebendo e da "perseguição" do Ministro da Justiça Sérgio Moro. "Estamos recebendo o tempo todo ameaças de morte bem detalhadas, bem sérias. Não é o tipo de ameça que se recebe todo dia quando você é figura pública: 'Oh, espero que você morra' ou 'Vou te matar', mas com muitos detalhes, com dados pessoais", falou. "Sergio Moro está usando a linguagem para criminalizar nosso jornalismo. Sempre nos chama de “os aliados dos hackers”, criando essa teoria que participamos do crime. Ele está fazendo isso de propósito. Isso é uma ameaça grave quando está vindo do ministro da Justiça, que tem o poder para investigar, espionar, monitorar, processar", completou.
Entre outras coisas - a entrevista completa você vê no Metrópoles - Gleen ainda fez questão de confirmar que não houve nenhum tipo de pagamento pelas conversas vazadas que chegaram ao The Intercept. "Obviamente não pagamos nada. Até mesmo o suspeito, que a PF prendeu ontem e acusou de ser nossa fonte – e nós não estamos confirmando – mesmo no depoimento dele, ele confirmou o que estamos falando o tempo todo. Que a fonte passou a informação de forma anônima, sendo que, antes disso, nunca falou comigo e que a informação foi obtida sem qualquer pagamento, sem nada. Simplesmente passaram a informação e recebemos. É o que temos sempre falado", ressaltou.