Líder do governo no Senado é alvo de operação da PF
As autoridades apuram o envolvimento do senador Fernando Bezerra Coelho (MDB) com o desvio de dinheiro na região Nordeste
Na manhã desta quinta-feira (19), a Polícia Federal (PF) cumpre em Brasília e Pernambuco mandados de busca e apreensão nos gabinetes do Senador Fernando Bezerra Coelho (FBC) e do filho, o deputado federal Fernando Filho. As autoridades apuram o envolvimento do líder do Governo Bolsonaro com o desvio de dinheiro na região Nordeste.
A determinação foi autorizada pelo ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF). Na época dos supostos desvios, o senador do MDB era ministro da Integração Nacional de Dilma Roussef. Fernando Filho também tem participação na política nacional e chegou a ser ministro de Minas e Energia durante o Governo Temer.
Investigação
De acordo com uma nota da Polícia Federal, a operação que atingiu o senador e seu filho é denominada de Desintegração e visa “desarticular um esquema criminoso de pagamentos de vantagens indevidas, por parte das empreiteiras, em favor de autoridades públicas”.
A investigação foi instaurada em 2017 e é um desdobramento a partir de delações premiadas de investigados da Operação Turbulência, de 2016, que apurava o uso de empresas de fachada para a lavagem de dinheiro de empreiteiras e no pagamento de propinas a políticos.
A PF afirma que “os colaboradores confirmaram o pagamento de vantagens indevidas a autoridades públicas, entre os anos de 2012 e 2014, realizados por empreiteiras que estavam executando obras custeadas com recursos públicos”.
Ainda segundo a investigação, dívidas pessoais, principalmente relativas às campanhas eleitorais, foram pagas pelas empresas ora investigadas. Os nomes das empreiteiras não foram divulgados.
No total, foram expedidos 52 mandados de busca e apreensão em Brasília, Recife, Petrolina e João Pessoa.
O que diz a Defesa
Em nota, o advogado de FBC garantiu que a investigação é advinda de perseguição política: “Causa estranheza à defesa do senador Fernando Bezerra Coelho que medidas cautelares sejam decretadas em razão de fatos pretéritos que não guardam qualquer razão de contemporaneidade com o objeto da investigação. A única justificativa do pedido seria em razão da atuação política e combativa do senador contra determinados interesses dos órgãos de persecução penal”, afirmou o advogado André Callegari.
Callegari acrescentou, também, que a "Procuradoria Geral da República opinou contra a busca em face do senador, afirmando taxativamente 'que a medida terá pouca utilidade prática'".
"Ainda assim o ministro Luís Roberto Barroso a deferiu. Se a própria PGR - titular da persecutio criminis - não tinha interesse na medida extrema, causa ainda mais estranheza a decretação da cautelar pelo ministro em discordância com a manifestação do MPF. A defesa seguirá firme no propósito de demonstrar que as cautelares são extemporâneas e desnecessárias", argumentou.
O mesmo advogado defende também Fernando Filho. Leia a íntegra da nota:
"Causa estranheza à defesa do deputado Fernando Filho que medidas cautelares sejam decretadas em razão de fatos pretéritos sem contemporaneidade e que não guardariam hoje qualquer justificativa com o objeto da investigação. A defesa ainda não teve acesso ao pedido e à decisão do ministro que autorizou as medidas, mas pode afirmar que as medidas são desnecessárias e extemporâneas."