Damares quer incentivar jovens a não transar
Promoção da abstinência é vista pela ministra como uma importante forma de combate à gravidez na adolescência
O Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos quer estimular os jovens a não transar como forma de combate à gravidez na adolescência. A coordenadora-geral de Promoção dos Direitos da Criança e do Adolescente do ministério, Cecília Pita, disse ao jornal BBC News Brasil que a pasta não vai promover uso de preservativos e outros métodos contraceptivos porque isso já é feito com políticas da Saúde e da Educação.
A pasta comandada por Damares Alves realiza, nesta sexta-feira (6), um seminário na Câmara dos Deputados para tratar do tema, preparando-se para a Semana Nacional de Prevenção da Gravidez na Adolescência, que ocorre em fevereiro.
Cecília Pita destacou à BBC que no currículo escolar já há previsão do ensino dos métodos contraceptivos. "Não é nada que a gente precise fazer. A gente entende que é preciso, sim, ter educação sexual, mas que é preciso informar sobre os benefícios de uma iniciação (sexual) tardia, e os prejuízos de uma iniciação precoce", disse a coordenadora-geral. Ela não soube informar quanto será gasto e as ações do ministério ainda estão sendo elaboradas.
A inspiração vem dos Estados Unidos. A promoção de abstinência sexual cresceu após a eleição de Donald Trump. Segundo a BBC, desde 2018 o governo americano estabeleceu novas diretrizes para o repasse de recursos a organizações que atuam na prevenção à gravidez na adolescência, privilegiando as que promovem a abstinência.
Foi convidada para o seminário desta sexta Mary Anne Mosack, presidente da Ascend, instituição que realiza cursos para qualificar educadores a incentivar jovens a não transar. A organização defende que a contracepção é um método secundário de prevenção.
Além de Mosack, falará o pastor Nelson Júnior, que coordena a organização cristã Eu Escolhi Esperar, que encoraja cristãos a esperarem o casamento para iniciarem as experiências sexuais.
Levantamentos no Ministério da Saúde apontam que houve um recuo de 36% de casos de gravidez na adolescência entre 2000 e 2017. Os números, entretanto, seguem altos. O último relatório da ONU sobre o tema mostra que o Brasil tem 62 jovens gestantes a cada mil jovens entre 15 e 19 anos, enquanto a taxa média no mundo é de 44 a cada mil.