Repasse do BNDES à fábrica de cloroquina é alvo do MP
De acordo com a denúncia, só em 2020, a Apsen Farmacêutica recebeu sete vezes mais do que a soma dos empréstimos federais no ano anterior
O subprocurador-geral do Ministério Público, Lucas Furtado, pediu que o Tribunal de Contas da União (TCU) investigue o repasse de R$ 153 milhões feito pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para uma fábrica de hidroxicloroquina, em 2020. Embora defendida pelo presidente Jair Bolsonaro como composto do 'kit Covid', as autoridades mundiais de saúde negam a eficácia do medicamento e alertam para seus efeitos letais.
O recurso federal foi enviado à Apsen Farmacêutica, com sede em São Paulo, para a produção do medicamento indicado pelo Ministério da Saúde como integrante do 'tratamento precoce', junto com ivermectina e azitromicina, na recuperação da Covid-19.
De acordo com a denúncia, ao longo de 2020, a Apsen recebeu sete vezes mais do que todos os repasses feitos pelo BNDES em 2019.
No documento enviado para a presidente da Corte de Contas, Ana Arraes, o subprocurador-geral questiona o motivo da maior fabricante de hidroxicloroquina do país "receber tamanho empréstimo quando é do conhecimento que essa empresa é líder de produção de um remédio cuja eficácia no combate à pandemia da Covid-19 está sendo reiteradamente combatida".
Lucas Furtado ainda classifica que é "completamente imoral que o BNDES se utilize de recursos públicos em empréstimos com finalidades inúteis". O pedido de investigação junto ao Ministério Público foi feito pelo ex-ministro da Saúde, o senador Humberto Costa (PT-PE).