Humberto diz que Bolsonaro deveria ouvir mais Barra Torres

O senador afirmou ainda que se o cargo de presidente da Anvisa não fosse de mandato, ele seria demitido por Jair Bolsonaro pelas posturas divergentes ao chefe do Executivo

por Giselly Santos ter, 11/05/2021 - 14:42
Jefferson Rudy/Agência Senado Senador Humberto Costa (PT-PE) durante a CPI da Covid-19 Jefferson Rudy/Agência Senado

O senador Humberto Costa (PT-PE) afirmou, nesta terça-feira (11), que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) deveria ouvir mais o presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Antônio Barra Torres, sobre alguns aspectos e posturas diante da pandemia do novo coronavírus.

Durante a oitiva na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia no Senado, Barra Torres expôs várias divergências da linha de pensamento de Bolsonaro sobre, por exemplo, o uso de máscaras, a vacinação e o tratamento precoce contra a Covid-19. 

Dedicando a maioria dos 15 minutos reservados a ele para criticar a gestão Bolsonaro, Humberto, que perguntou pouco ao presidente da Anvisa, questionou se ele concordava da tese do governo de exposição da população ao vírus para criar a chamada imunidade de rebanho, após a contaminação de cerca de 70% dos brasileiros. Na ótica do petista, a tese é um "crime de dolo eventual". Em resposta, Barra Torres foi categórico: "não". 

"Fico feliz em encontrar alguém neste governo que considera as atitudes do presidente da República equivocadas", frisou o parlamentar, para logo em seguida indagar ao presidente da agência quem teria dito a Bolsonaro sobre o evento adverso gerado pela vacina CoronaVac, resultando na comemoração do chefe do Executivo nacional em publicação no Twitter da morte de uma pessoa, para atingir politicamente seu virtual adversário nas eleições de 2022, o governador de São Paulo João Doria (PSDB). 

"O evento adverso foi publicado no portal da Anvisa, a Rede Globo efetuou a mesma notícia naquela noite, tornando a notícia pública. O próprio Dimas (Covas) disse que teve acesso pela imprensa", respondeu Barra Torres, que foi novamente parabenizado pelo senador. Humberto novamente questionou sobre as declarações de Jair Bolsonaro e a disputa política criada em torno dos imunizantes.

"[Essas posturas] não ajudam, senador. Coloco essa declaração na conta de uma guerra política que se instaurou diante de assuntos que deveriam ser da ciência. Chegamos a uma situação ruim onde a ciência se mistura com a área política", continuou Barra Torres.

Avaliando as respostas do presidente da Anvisa, Humberto Costa então declarou: "acho que o presidente devia ouvir muito mais ao senhor. Está mostrada uma cisão dentro da cidadela bolsonarista...  Conduta completamente diferente do ministro da Saúde, que veio aqui e ficou dizendo que não iria emitir juízo de valor sobre o uso da máscara, por exemplo, e que tinha mandado fazer um estudo sobre o tratamento precoce com a cloroquina. O senhor Queiroga, inclusive, tem que voltar aqui". 

Ainda diante das divergências de Barra Torres sobre a conduta de Bolsonaro, o petista pontuou: "o senhor tem sorte, aliás, sorte não porque foi aprovado pelo Congresso. Se não tivesse um mandato não continuaria [no cargo] a partir de amanhã, a julgar pelo presidente da República". 

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