Covaxin: cúpula da CPI pede proteção policial de depoentes

Senadores acreditam que a integridade física do deputado Luis Miranda, do seu irmão e servidor federal, Luis Ricardo Miranda, e dos empresários da Precisa pode estar em risco

por Vitória Silva qui, 24/06/2021 - 14:23
Marcos Oliveira/Agência Senado Cúpula da CPI da Covid pediu proteção a testemunhas. Marcos Oliveira/Agência Senado

O presidente da CPI da Covid, Omar Aziz (PSD-AM), abriu a reunião desta quinta-feira (24) anunciando que enviou à Polícia Federal um pedido de proteção ao deputado Luis Miranda (DEM-DF) e ao irmão dele, Luis Ricardo Miranda, que trabalha na área de importação do Ministério da Saúde. Os irmãos prestam depoimento à CPI nesta sexta-feira (25). Também foi solicitada proteção aos empresários da Precisa, a empresa que representa no Brasil o laboratório indiano Bharat Biotech, que desenvolveu a vacina Covaxin.

Pouco depois, o senador Humberto Costa (PT-PE) solicitou que a CPI limite a participação de pessoas durante a sessão da sexta. Ainda durante  a abertura da sessão, o senador Renan Calheiros (MDB-AP) afirmou que o dono da Precisa, Francisco Maximiano, empresa envolvida na negociação e compra da Covaxin, corre risco de vida e que é preciso garantir a sua segurança para “não repetir Adriano da Nóbrega”, miliciano morto na Bahia em 2020 e que tinha relação íntima com a família Bolsonaro.

“Nós sabemos os métodos que estamos enfrentando, que essas pessoas enfrentarão para não incorrermos na repetição do que ocorreu com Adriano da Nóbrega. Nós precisamos garantir a segurança da vida dele”, disse o parlamentar.

O senador também repudiou as ameaças que o secretário-geral da República, Onyx Lorenzoni, fez às testemunhas das negociações da compra da Covaxin. “Gostaria de expressar minha repugnância pela bravata do secretário-geral da Presidência República, um estafeta acrítico que fez uma despudorada coação de duas testemunhas e consequentemente desta comissão parlamentar de inquérito. Além de uma intromissão indevida em uma investigação de outro poder, ele comete um crime. Um crime, porque é um caso clássico de coação de testemunhas. E de dificuldade ao avanço da investigação”, continuou o relator.

Durante coletiva realizada nessa quarta-feira, Onyx Lorenzoni afirmou que o deputado Luis Miranda (DEM-DF) e seu irmão estão inventando histórias e que serão cobrados e punidos, tanto pela Justiça divina, como pelas autoridades. “Não houve favorecimento a ninguém, não houve sobrepreço. Tem gente que não sabe fazer conta. Não houve compra alguma, não há um centavo que tenha sido despendido pelo caixa do governo federal”, disse o ministro sobre o escândalo. Bolsonaro teria dado aval para a compra da Covaxin por um preço 1.000% maior do que, seis meses antes, havia sido anunciado pela própria fabricante.

Onyx afirmou que o governo Bolsonaro “vai continuar sem corrupção” (sic) e fez insinuações contra o parlamentar e o irmão dele, que é servidor do Ministério da Saúde. “Por que ele inventou essa história? O que os dois irmãos queriam na casa do presidente no dia 20 [de março]? […] Deus está vendo, mas o senhor não vai só se entender com Deus, não. Vai se entender com a gente”, disse, em tom de ameaça.

O comportamento foi repudiado pela cúpula e, segundo Renan Calheiros, caso Lorenzoni volte a fazer ameaças ou tentativas de intimidação, terá de pedir a prisão do secretário-geral.

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