3J no Recife: família homenageia mãe morta pela Covid
Maria Isis Melo Albuquerque morreu aos 57 anos, mas já estava na UTI quando o seu grupo de vacinação foi liberado
Na altura em que o Brasil ultrapassa a marca dos 520 mil mortos pela Covid-19, é difícil não conhecer alguém que tenha perdido uma pessoa querida para a doença. Nos protestos que têm ocorrido no Brasil contra o governo de Jair Bolsonaro (sem partido) e a atuação do Ministério da Saúde, sobretudo após o escândalo da Pfizer, cada vez mais pessoas têm comparecido às ruas para compartilhar suas histórias de luto. No Recife, neste sábado (3), uma família inteira foi protestar por mais vacinas e para lembrar a morte de Maria Isis Melo Albuquerque, mãe, falecida aos 57 anos.
Filha, genro, avó, irmão: o grupo se reuniu junto aos demais manifestantes que saíram da Praça do Derby à Conde da Boa Vista para o 3J, como foi apelidado o ato. Os familiares vestiam camisas com uma foto da vítima, que morreu esperando por uma vacina. Segundo Maria Tatiana Melo Albuquerque, de 27 anos, filha de Isis, o grupo de vacinação para maiores de 50 anos só abriu quando a mãe já estava em um leito de UTI. No Recife, a vacinação contra a Covid-19 para pessoas com 50 anos ou mais foi iniciada em 3 de junho. Maria Isis morreu no último dia 5 de junho.
“Inicialmente, ela se internou com os sintomas comuns da Covid e apresentava falta de ar, mas permaneceu no quarto e depois precisou ir para a UTI, mas em seguida foi intubada e dali o quadro não se reverteu mais. Minha mãe morreu esperando por uma vacina, mas nunca conseguiu sair de lá (do hospital)”, explica a mulher.
Para Maria Tatiana, que leva o nome da mãe, Maria, o sentimento maior, além da saudade, é o de “revolta”. Para os familiares, Isis representou um elo e tinha participação importante na família. Era animada e gostava de reunir a todos.
“Minha mãe preenchia todos os vazios possíveis, parece até que perdemos 50 pessoas da família. Ela era uma alegria de viver, sempre se posicionou contra esse governo. Ela acolhia, juntava e unia a família. Eu me revolto ainda mais porque minha mãe tinha muita vontade de viver. Isso por culpa de um governo que não quis comprar vacinas, que negou, porque queria propina para comprar a vacina. Eu perdi o meu amor, a minha mãe”, completou a filha, em desabafo.
Protestos na capital pernambucana
No Recife, centenas de militantes voltaram a se reunir neste sábado (3) para pedir o impeachment do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e demandar por mais vacinas contra a Covid-19. Esse foi o terceiro protesto no Recife que acontece de acordo com a convenção nacional, consecutivamente, após o 29M, em 29 de maio, e o 19J, em 19 de junho. A concentração foi iniciada por volta das 9h, na Praça do Derby, região central da cidade. O 3J, como foi apelidado o novo ato, foi adiantado diante dos novos escândalos associados ao Governo Federal.