PE: candidatos atacam gestão sem apresentar propostas

Especialistas avaliaram a atuação dos candidatos ao Governo de Pernambuco nas convenções partidárias

por Alice Albuquerque seg, 01/08/2022 - 20:24
Chico Peixoto/LeiaJá Imagens/Arquivo Fila de apoiadores para entrar em evento político Chico Peixoto/LeiaJá Imagens/Arquivo

Com o início das convenções partidária para oficializar as candidaturas majoritárias e proporcionais na quarta-feira (20), que vai até o dia 15 de agosto, ao menos seis partidos já oficializaram as candidaturas em Pernambuco até então, que foram: PSDB, PL, Solidariedade, União Brasil e UP. Especialistas evidenciaram, ao LeiaJá, a apresentação da experiência política por alguns dos postulantes, e a crítica ao atual governo, sem propostas de possíveis melhorias aos pontos considerados críticos. 

A professora e cientista política Priscila Lapa, observou que quando iniciou-se a movimentação eleitoral em Pernambuco, se viam mais discussões de viabilidade, possibilidades de alianças, formação de palanques, do que promessas e modelos de estruturas. “Ainda está tudo muito confuso para o eleitor, até para a gente que está acompanhando mais, para saber qual é, de fato, o grande diferencial das candidaturas, a não ser a própria vinculação político-ideológica. A gente tem clareza de quem é mais à direita, centro e esquerda, mas o que isso representa em termos propositivos para a eleição?”, questionou ela, ao afirmar que ainda não há nenhuma característica forte neste processo eleitoral. 

Para ela, os postulantes estão apresentando as experiências como gestores à disposição da população. “Estão sinalizando que os seus governos provavelmente serão a continuidade daquelas ações que eles já vinham desenvolvendo no Executivo, na sua respectiva região e, no caso de Marília Arraes, ela está vinculando fortemente as suas ideias ao lulismo, a uma espécie de governo Lula em Pernambuco”, explicou. 

Em consonância com as ideias de Priscila, o cientista político Alex Ribeiro explicou que os discursos para as convenções são mais elaborados, já que é o cartão de visita do candidato ao eleitorado, e que nenhum detalhe pode passar despercebido. “No caso da ex-prefeita Raquel Lyra, ela irá utilizar de seu legado na gestão do município de Caruaru e de não nacionalizar a campanha; o ex-prefeito Anderson Ferreira coloca também sua experiência de gestor como diferencial em sua candidatura e a defesa da família e de Deus - estes últimos já utilizados em sua vida pública; já o candidato Miguel Coelho também prefere não nacionalizar a campanha e prefere o debate de ideias. Eles utilizam estratégias já traçadas antes mesmo de subirem no palanque. A exceção é da deputada Marília Arraes: líder nas pesquisas, a candidata, ao contrário dos últimos discursos,  prefere não partir para o embate e fugir de um desgaste durante o pleito”, pontuou. 

Ribeiro ressaltou a mudança de estratégia ao longo da campanha, tendo em vista os rumos que podem mudar o pleito. “Eles podem utilizar novos instrumentos para atrair o eleitorado. Lembrando que, em uma campanha nacional polarizada, entre o ex-presidente Lula e o presidente Bolsonaro, fugir do debate nacional pode diminuir as chances dos postulantes ao governo do Estado. Neste caso, o desafio maior será para os candidatos Miguel Coelho e Raquel Lyra”, disse o especialista. 

Priscila, por sua vez, complementou que há uma adesão dos postulantes em crítica a forma que a atual gestão de Pernambuco tem gerenciado a competitividade econômica. “A gente percebeu isso em todos os discursos que já vem sendo dito ao longo desses eventos de pré-campanha. A postura é muito mais de dizer que tem um equívoco no direcionamento do governo estadual atualmente, na construção dessa agenda econômica, como se tivesse faltado visão política. Um modelo que pudesse, de fato, tornar o Estado mais competitivo economicamente”, salientou. 

De acordo com Lapa, os candidatos até então não demonstraram nenhuma proposta para os pontos que criticam. “Os candidatos tentam discursar em torno disso, de que Pernambuco precisa retomar o desenvolvimento, que é o Estado do desemprego, da pobreza, falta infraestrutura. Mas falta, de fato, como seria feito, como esses candidatos pretendem reverter essa situação que eles aponto como sendo críticas, e as principais estruturas que precisam ser transformadas numa próxima gestão atual”, analisou. 

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