PF investiga depredações durante ocupação da UFPE

Estão sendo realizas perícias nos prédios onde houve danos e poderá indiciar responsáveis por roubos e depredações

por Lara Tôrres ter, 27/12/2016 - 15:51
LeiaJá Imagens/Lara Tôrres Polícia Federal realiza perícias LeiaJá Imagens/Lara Tôrres

A Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) anunciou a abertura de dois inquéritos administrativos para apurar as depredações ocorridas nos centros de Arte e Comunicação (CAC) e de Filosofia e Ciências Humanas (CFCH), além de agressões físicas que alguns dos professores colegiados alegam ter sofrido durante reuniões de deliberação sobre a retomada do calendário acadêmico.

Como se trata de uma instituição federal e de servidores federais, a Polícia Federal foi encarregada de realizar perícias no local e investigar os casos de depredações e agressões aos professores que são servidores federais. 

De acordo com o assessor de comunicação da Polícia Federal, Giovani Santoro, a investigação deve durar 30 dias podendo ser prorrogada por igual período. A polícia vai trabalhar com os dados da perícia, se baseará em depoimentos, em uma mídia entregue pela reitoria cujo conteúdo ainda não foi avaliado pela polícia e também em uma lista de alunos ocupantes que a reitoria da universidade entregou à polícia. Ainda de acordo com a comunicação da PF, os envolvidos podem ser indiciados por agressão, vandalismo, associação criminosa, roubo e dano ao patrimônio público.

Quando questionado sobre a possibilidade de divulgação das imagens das câmeras de segurança que filmaram a reunião onde houveram denúncias de agressão, Santoro afirmou que serão divulgadas posteriormente, se não houver prejuízo às investigações. Se os advogados dos estudantes quiserem ter acesso, devem enviar uma petição à PF.

A informação divulgada pela universidade é de que os ocupantes deixaram os prédios na quinta-feira (22) e que ninguém teria entrado até o momento em que se realizou a perícia na sexta-feira (23). 

Os estudantes das ocupações até o momento não se pronunciaram sobre as depredações e nem sobre as acusações de roubo. Alguns que foram ouvidos pela reportagem se disseram contrários ao que aconteceu no CFCH e no CAC.

Os mesmos, que conversaram com o LeiaJá, declararam ainda que existe um esforço no sentido da convocação de uma assembleia geral unificada para emitir um posicionamento oficial em nome de todo o movimento Ocupa UFPE.

A expectativa é que será um posicionamento contrário às depredações, repudiando as ações do que está sendo classificado com "um grupo de estudantes mais radicais" que não agiu em consonância com as premissas gerais que o movimento de ocupações tinha.

A universidade afirma que houveram roubos detectados em sua vistoria, no entanto as informações oficiais da Polícia Federal só serão divulgadas após a conclusão do trabalho dos peritos.

Centro de Filosofia e Ciências Humanas

O vice-diretor do Centro de Filosofia e Ciências Humanas, Ricardo Medeiros, afirmou aos jornalistas presentes que não consegue encontra uma justificativa racional para as depredações com roubos. Segundo ele, as vistorias anteriores apontaram alguns arrombamentos sem roubo, mas nada que se aproximasse do que aconteceu agora: “a gente luta pra manter uma educação de qualidade, é tão difícil manter equipamento, manter esse centro e essa universidade funcionando, então a gente não consegue entender como o movimento estudantil consegue destruir a própria universidade, que é nossa, o nosso patrimônio que foi destruído”.

A expectativa com a perícia e investigação da Polícia Federal, de acordo com Ricardo, é que seja possível apontar e punir responsáveis: "A expectativa é que de fato haja alguma punição porque é difícil identificar a autoria, mas caso haja é importante que haja punição porque a gente não pode conviver com esse tipo de ação que não é democrática e não é saudável”.

Quando perguntado sobre o que ele acredita que levou aos roubos, depredações, quebra de equipamentos e depredação de salas de professores, Ricardo lamenta o que houve e ressalta que o movimento foi importante e que não quer generalizar todo o movimento de ocupações com base no que houve no CFCH: "teve outros movimentos aqui na universidade onde não aconteceu isso, então você generalizar o que aconteceu aqui pra td o movimento não me parece justo, houve situações onde o movimento foi democrático, foi pacífico, então tem que ter cuidado pra não generalizar. O grau de violência que aconteceu aqui no CFCH eu não tenho notícia que tenha acontecido em nenhum outro prédio”. Ricardo destacou ainda a importância do movimento e as tentativas de negociar e evitar violência policial.

"Eu fico triste porque a gente tá demonizando um movimento que teve seu lado positivo, foi importante”, destacou. Sobre as pixações nas paredes, Ricardo destaca o teor por vezes violento das frases: “o que a gente percebe é a violência com que salas foram arrombadas e depredadas e nós vemos ódio, vemos uma agressão que não condiz com as nossas tentativas de diálogo durante todo o tempo de ocupação”. 

Nas três vistorias que ocorreram anteriormente, foram constatados arrombamentos sem roubo: “Ao longo da ocupação houve arrombamentos, houve incidentes, em maioria para utilizar o espaço, arrombava copa para usar a geladeira, para pegar talheres para o uso, mas somente na última vistoria da sexta-feira é que nós constatamos um número maior de arrombamento com depredação”. 

Quando questionado se os prejuízos ao patrimônio gerariam problemas na retomada das aulas do período de 2016.2, Ricardo diz que acredita não haver problemas: “não acredito porque somos fortes, somos servidores públicos e vamos fazer o término desse semestre da melhor maneira possível. Esse é o nosso compromisso com a instituição e com a sociedade”.

Centro de Artes e Comunicação 

A equipe do LeiaJá também esteve no Centro de Artes e Comunicação (CAC) e tentou falar com a diretoria do centro, que estava indisponível no momento da realização da reportagem. No entanto, de acordo com funcionários que estavam no local, além de algumas salas terem sido arrombadas, estariam faltando 9 aparelhos de datashow e 3 notebooks no departamento de arquitetura e no departamento de expressão gráfica falta 1 computador e um datashow. As informações, no entanto, não são oficiais pois a Polícia Federal ainda não havia iniciado as perícias no centro.

Confira imagens de como estavam os centros: 

 

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