Estudo: alta taxa de obesidade em jovens de baixa renda

Pesquisa da UFPE realizada na comunidade dos Coelhos constatou que 36,4% dos jovens tinham peso acima do recomendável

por Jorge Cosme qua, 17/10/2018 - 15:14
Marcello Casal Jr./Agência Brasil/Agência Brasil Falta de informação, ausência de alimentos saudáveis e de um bom serviço de saúde são fatores que contribuiriam para o sobrepeso Marcello Casal Jr./Agência Brasil/Agência Brasil

As dificuldades de acesso à informação nas famílias com situação econômica desfavorável têm relação com o excesso de peso na adolescência, aponta a dissertação "Prevalência e fatores associados ao excesso de peso em adolescentes de uma comunidade de baixa renda" da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Foram objetos de estudo os jovens da comunidade dos Coelhos, na região central do Recife.

A pesquisadora Lizelda Maria de Araújo Barbosa, do Programa de Pós Graduação em Nutrição, autora da pesquisa, destaca outros fatores de base socioeconômica que contribuem para o fenômeno do excesso de peso, entre eles a dificuldade do acesso a alimentos saudáveis e a um bom serviço de saúde. Quando somadas as mudanças comportamentais trazidas pela adolescência a uma condição financeira desfavorável haveria uma situação de risco para o desenvolvimento do quadro de excesso de peso na adolescência.

Para a pesquisadora, ter internet residencial parece refletir em uma melhor condição financeira, maior acesso às oportunidades sociais e a um fator de proteção à ocorrência de excesso de peso. "Essas associações reafirmam a natureza multifatorial da obesidade e revelam para a sociedade o impacto que os fatores socioeconômicos podem exercer na determinação do excesso de peso em adolescentes que vivem em comunidades de baixa renda", analisa ela", diz Lizelda.

Números

O estudo constatou que 36,4% dos adolescentes da comunidade dos Coelhos tinham peso acima do recomendável, sendo 20,4% na escala de sobrepeso e 16% com obesidade. Quando avaliado por sexo, foi observada uma maior prevalência de excesso de peso entre as adolescentes do sexo feminino (42,5%) do que entre o sexo masculino (28,6%).

"As comunidades semelhantes à que foi estudada geralmente abrigam famílias que vivem sob condições socioeconômicas e ambientais precárias e, consequentemente, esperava-se que elas apresentassem situações fundamentalmente desfavoráveis, incluindo especificamente a prevalência de agravos carenciais, como a desnutrição energético-proteica. Entretanto, a prevalência de desnutrição encontrada foi de 3,6%, enquanto a de excesso de peso na população total foi cerca de dez vezes maior", aponta Lizelda. Participaram do estudo 225 adolescentes com idade média de 14 anos, sendo 98 do sexo masculino e 127 do sexo feminino.

Com informações da assessoria

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