Preso acusado de roubar R$ 50 é inocentado após 6 meses

O marceneiro conseguiu comprovar que estava trabalhando no dia do crime. Nos depoimentos, a vítima do roubo também se contradisse

por Jameson Ramos sex, 23/11/2018 - 11:27
Reprodução O crime aconteceu em 2014. O marceneiro foi preso em sua residência às vésperas do natal de 2017 Reprodução

Após passar 6 meses preso em Praia Grande, São Paulo, por conta de uma possível participação em um assalto, o marceneiro Nelson Neves Souza Junior, de 29 anos, foi inocentado pela Justiça ao provar que estava trabalhando. Ele era suspeito de roubar R$ 50 de um homem, numa agência bancária.

O fato aconteceu em 2014 e não houve flagrante. Na época, a vítima disse que dois suspeitos tinham roubado dele R$ 1.400, além de um cartão da pessoa. 

Nelson foi denunciado e a Justiça determinou a prisão preventiva dele. O mandado foi cumprido e o marceneiro, também vítima nessa história, foi preso às vésperas do Natal de 2017. Ele foi encaminhado a Cadeia Pública e depois levado ao Centro de Detenção Provisória (CDP), localizado na mesma cidade onde mora.

Em depoimento ao juiz, o homem roubado se contradisse. Ao G1, o advogado do marceneiro, Erico Lafranchi, confirmou que "primeiro, ela (a vítima) afirmou que tinha sido roubada em mais de R$ 1 mil, mas depois afirmou que R$ 50 tinham sido levados. E depois afirmou que o cartão de crédito não foi levado".

A contradição nos depoimentos e a falta de provas sustentaram a absolvição do marceneiro. "Não há prova segura de autoria de roubo por parte do réu", escreveu o juiz Eduardo Ruivo Nicolau.

Também em depoimento ao G1, Nelson Neves diz que perdeu o nascimento do seu filho mais novo e sofreu muito enquanto dividia a cela da prisão com outros suspeitos. "Meu filho mais velho, de 6 anos, chegou a acreditar que o pai dele era criminoso. Hoje sinto revolta, decepção e tristeza", desabafou.

O advogado de defesa do Nelson vai entrar com processo contra o Estado. Além de ser afastado dos seus filhos e perder vários momentos de suas vidas, o marceneiro ficou sem emprego.

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