Comércio do Recife espera que 13º estimule as vendas

Com a redução nas negociações em 2018, lojistas da capital pernambucana depositam na 2ª parcela do 13º salário a esperança para aquecer o mercado

por Victor Gouveia dom, 23/12/2018 - 09:27

Com a chegada das comemorações de fim de ano e o término do prazo para o pagamento da segunda parcela do 13º salário, na quinta-feira (20), lojistas e comerciantes do Centro do Recife aguardam o aquecimento das vendas no local. Assim, vislumbram uma oportunidade de faturar com a tradicional movimentação do período, já que em 2018, o valor médio da gratificação ficou estipulado em R$ 2.320,00.

A Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) projetou para o Natal deste ano uma alta de 3,1% nas vendas do varejo, em relação ao mesmo período de 2017, o que corresponde a R$ 34,6 bilhões em faturamento. Porém, mesmo com o fato de 62,5% dos consumidores do Grande Recife realizar as compras no comércio tradicional, as negociações na capital pernambucana, aparentemente, caminham na contramão das expectativas de alguns comerciantes. Foi o que comprovou a vendedora temporária Airana Fernandes, ao reconhecer que a movimentação da clientela em 2017 foi "bem melhor".

Segundo o levantamento da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Pernambuco (Fecomércio-PE), em 2018, é esperado uma alta de 4,0% nas vendas em estabelecimentos tradicionais. No entanto, o proprietário de uma loja informal de vestuário João Paulo Silva, revelou que "a procura está um pouco abaixo do esperado". Por isso, deposita as esperanças no recebimento da segunda parcela do 13º, e nos dados do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), que apontam que 85 milhões de trabalhadores receberam R$ 211,2 bilhões para injetar na economia e impulsionar o setor varejista.

Embora a pesquisa da Fecomércio-PE mostre que 51,5% dos estabelecimentos pretendem estimular as negociações a partir de descontos e promoções, parte dos clientes ficou desapontada com os preços praticados, e preferem investir o dinheiro de outras formas. "Esse ano as coisas estão muito mais caras. Meu foco foi ajeitar minha casa, o que sobrou, eu vim comprar roupa para mim e minha família", declarou a camareira Daiane Priscila.

A taxa de desemprego trava as vendas de fim de ano

Além do descontentamento com o valor dos produtos, o principal motivo da apatia do consumidor está relacionado ao índice de desemprego. De acordo com a última pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), realizada entre julho e setembro de 2018, o número de desocupados no país atingiu a marca de 11,9% da população. Dessa forma, o comércio informal tornou-se uma saída para quem não renuncia fazer as compras de fim de ano. Para o estudante Marlon Felipe, o negócio informal é uma boa opção, já que os produtos são mais baratos.

Mesmo com parte da gratificação salarial destinada ao pagamento de dívidas, consumidores como a dona de casa Priscila Maria, separaram uma parcela da quantia para os tradicionais presentes. Ela resolveu dar uma bicicleta a filha Mirelle Eduarda, que completou cinco anos. Priscila revelou que vai utilizar a segunda parcela do 13º do marido para comprar "nem que seja uma coisinha e organizar minha ceia. Mas também vou comprar roupa para mim e meu marido".

São os clientes fiéis às compras de fim de ano que fazem a gerente de loja Elizete Carneiro, comemorar o fluxo no estabelecimento, "ano passado estava uma negação. Graças a Deus esse ano melhorou muito", finalizou a lojista.

Serviço

O trabalhador que não recebeu o valor integral do 13º deve fazer uma denúncia à Superintendência Regional do Trabalho e Emprego (SRTE-PE), através do telefone 9.9595.4058, outra opção é procurar orientação no sindicato específico da categoria do empregado. As empresas que não fizeram o pagamento nos prazos determinados, podem ser autuadas por um auditor-fiscal do Ministério do Trabalho (MTE) e pagar multa pela infração.

 

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