Dono da Narciso Enxovais critica decreto após loja fechada
O órgão entendeu que a loja passou a comercializar uma pequena quantidade de alimentos para que não fechasse durante a quarentena
Na manhã desta quinta-feira (18), a Narciso Enxovais da rua Duque de Caxias, bairro de Santo Antônio, área Central do Recife, foi fechada ao tentar burlar o decreto que proíbe atividades não essenciais em Pernambuco. Referência em produtos de cama, mesa e banho, agentes do Programa de Proteção e Defesa do Consumidor (Procon-PE) verificaram que a loja pôs alimentos e materiais de limpeza à venda para permanecer aberta.
"Você tem apenas uma prateleira com quantidade mínima de produtos que são considerados essenciais colocados à venda. Diante disso a gente tá fechando a loja e notificando com um prazo de 24h para que eles apresentem esclarecimentos", explicou a gerente de fiscalização da entidade, Danyelle Sena, que acrescentou, “o que não pode é a gente tá diariamente tendo que vir aqui para verificar se essa venda é exclusiva desses alimentos”.
O proprietário da rede, Narciso Maia, confirmou que os produtos foram às prateleiras com intuito de evitar o fechamento durante os 11 dias de quarentena iniciados nesta quinta (18). "Eu botei sabendo mesmo que vai fechar, 'então eu vou ser um supermercado, eu não quero fechar'. Comprei produto alimentar, eu já tinha trocado meu CNAE, já tinha pego a autorização. Uma empresa mexer na estrutura dela para se adaptar à realidade não é burlar, é uma tentativa de se adaptar às novas circunstâncias. 'Se só tá dando sardinha, eu tenho que mudar minha rede'", justificou.
Ele foi ao local para acompanhar a ação do Procon-PE e apontou uma brecha no decreto do Estado, que não discrimina a quantidade de alimentos que precisam ser comercializados para que as portas permaneçam abertas. “Nós entramos com a venda de supermercado. Burlar é quando você está mentindo. Você entra na minha loja, tem farinha, feijão, material sanitário, álcool gel e máscara. Burlar [era] se eu tivesse só o cartaz", disse.
Narciso criticou a lentidão da campanha de vacinação no Estado e garantiu que vai entrar na Justiça contra o Procon-PE. “A gente vai lutar, dar a cara à tapa, minha empresa existe a 184 anos e não vai ser essa segunda onda de pandemia que vai botar a gente para baixo [...] todo o empresário tem que se unir contra essa onda que querem acabar com a economia pernambucana. É um tiro no pé”, sugere.
Pernambuco registra atualmente uma taxa de ocupação de leitos de UTI superior a 95%. Mais de 11.510 pessoas morreram no Estado em razão da infecção.