Infectologista adverte que protocolos devem ser mantidos
Com a lenta vacinação dos brasileiros, a mutação do coronavírus pode desencadear novas ondas de covid-19 no país
No último dia 20, foi identificado no Brasil o primeiro caso da variante do coronavírus B.1617, conhecida como “variante indiana”, pela sua origem no país asiático. No início do mês de maio, a mutação do vírus foi classificada pela OMS (Organização Mundial da Saúde) como uma preocupação global – o que alerta para os cuidados que devem ser tomados para manter a segurança e a saúde da população.
O primeiro caso confirmado foi no litoral do Maranhão, mas já existem casos no Rio de Janeiro, em Minas Gerais e, recentemente, no Paraná.
A médica infectologista Andréa Cristina Ferreira, da Universidade de São Paulo (USP), explica que, apesar dos estudos serem iniciais, acredita-se que a mutação possua um alto índice de transmissão e seja mais agressiva, o que classificaria como relevância clínica. “As variantes de relevância clínica são aquelas que têm alterações na ligação do vírus com a célula. Quando a mutação ocorre nessa região, o vírus fica mais transmissível e virulento, tornando a doença mais evasiva”, diz a infectologista.
Os riscos que a população brasileira corre são semelhantes ao risco da mutação P1, do Amazonas, apesar de que a propagação da cepa indiana pode indicar o agravamento de casos no Brasil. Especialistas advertem para uma terceira onda de picos, principalmente porque a vacinação ocorre de forma lenta e gradual. A vacina é o modo de proteção mais seguro e eficaz, segundo a médica, apesar de não atingir a todos os brasileiros com rapidez.
Alguns fatores agravam os perigos oferecidos pela variante indiana, como os bares e restaurantes lotados, as aglomerações desnecessárias, o não uso de máscaras em estabelecimentos, e diversas outras situações que podem contribuir para a transmissão mais agressiva do vírus.
A infectologista afirma que os protocolos de segurança devem ser respeitados, além de que cada esfera da sociedade deve fazer sua parte. “É preciso que o governo vacine mais rápido, mantenha vigilância dos estabelecimentos abertos, forneça equipamentos de proteção individual. A população precisa manter a máscara, o distanciamento, evitar aglomerações, utilizar o álcool gel ou água e sabão sempre que for necessário. Procurar atendimento quando estiver com sintomas respiratórios”, aconselha a médica.
Por Roberta Cartágenes.