Tópicos | mutação

Em Atibaia, cidade do interior de São Paulo, o produtor Aflânio Tomikawa apostou em mudanças genéticas e no cruzamento de outras espécies, conseguindo como resultado um morango branco, albino por dentro e por fora. 

Foi do Japão, onde Tomikawa viveu por 20 anos, que ele trouxe a referência da fruta branca. À TV Vanguarda, o produtor contou que se dedica desde 2018 à pesquisa sobre os morangos e durante os seus trabalhos descobriu a possibilidade dos cruzamentos genéticos entre espécies variadas.

##RECOMENDA##

“É feito um processo de modificação genética com o cruzamento de espécies selecionando a qualidade que a gente quer, como sabor, doçura. Nesse caso, cruzamos com espécies de frutos que têm baixo nível de antocianina, a substância responsável pela cor vermelha do morango tradicional. E é por isso que eles ficam brancos”, explicou Aflânio.

Ele garante que a fruta é mais doce do que o comum e, além disso, o morango branco é mais macio e de baixa acidez. O fruto ainda não foi registrado junto ao Ministério da Agricultura para a venda. O produtor aponta que acionou o órgão no início do ano e está na espera pela autorização da venda de sua "raridade". Outras versões com tons alaranjado e até vinho estão sendo testados por Tomikawa.

Uma idosa teria produzido 22 mutações da Covid-19 durante mais de sete meses em que testou positivo para o vírus. Pesquisadores austríacos em Ausservillgraten acompanharam o caso e analisaram 24 amostras da paciente.

A mulher, na faixa dos 60 anos, já tomava remédios imunossupressores para tratar uma recaída de linfoma antes de contrair a infecção, no fim de 2020. Ela apresentava sintomas leves, como tosse e cansaço, mas já hospedava as variantes. Ainda assim, a idosa não chegou a transmiti-las, apontou a Sissy Therese Sonnleitner à revista Nature.

##RECOMENDA##

“Quando a Ômicron foi encontrada, tivemos um grande momento de surpresa [...] já tínhamos essas mutações em nossa variante”, apontou.

Para os cientistas, a infecção crônica da paciente pode ter estimulado a produção de cepas da Covid-19 em todo o mundo. “Acho que não pode haver dúvida na mente de ninguém de que essas [infecções longas] são uma fonte de novas variantes”, acrescentou Ravindra Gupta, virologista da Universidade de Cambridge.

Diretora do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC, na sigla em inglês) dos Estados Unidos, Rochelle Walensky afirmou que uma nova mutação da cepa delta do coronavírus, nomeada "AY4.2" e primeiro registrada no Reino Unido, foi identificada nos Estados Unidos. Ela ressaltou, porém, que a "subvariante" não foi encontrada em surtos de Covid-19.

Walensky também disse que não há evidência de que a AY4.2 diminui a eficácia das vacinas atualmente usadas no país. Segundo ela, na comparação dos últimos sete dias com a semana anterior, a média diária de casos de covid-19 entre americanos diminuiu 16%, a 75.572. Já as hospitalizações reduziram 10,7%, a 6.142, e os óbitos pela doença caíram 3%, a 1.260, seguindo o mesmo confronto.

##RECOMENDA##

Jeff Zients, um dos coordenadores da força-tarefa da Casa Branca contra a pandemia, disse que o governo americano tem doses suficientes para vacinar todas as crianças de 5 a 11 anos no país, e começará a fazê-lo assim que o Food and Drug Administration (FDA, a Anvisa americana) aprovar a aplicação dos imunizantes para esta faixa etária. Zients disse que a liberação deve ser dada nas próximas semanas.

A Secretaria Estadual de Saúde (SES) confirmou mais quatro casos de variante Delta da Covid-19 em Pernambuco nesta quinta-feira (2). A atualização ocorreu após o sequenciamento genético de 89 amostras de pacientes confirmados para Covid-19 feito pelo Instituto Aggeu Magalhães (IAM/Fiocruz). As amostras com resultado positivo para variante Delta são de pacientes de Olinda e Ipojuca, na Região Metropolitana do Recife; Caruaru, no Agreste; e Araripina, no Sertão.

As coletas desses materiais biológicos ocorreram entre os dias 25 de julho e 18 de agosto. Entre os quatro casos da variante Delta, dois foram em pessoas do sexo masculino e dois do sexo feminino, com idades entre 24 e 34 anos. Todos apresentaram quadros leves. Até o momento, o estado totaliza 14 pernambucanos infectados por essa linhagem. 

##RECOMENDA##

O resultado aponta que a variante Gama, também conhecida como P.1, continua predominante no Estado. Entre os 89 genomas, 85 (94,5%) foram identificados como da variante Gama ou suas sublinhagens.

As amostras coletadas nesta rodada de processamento eram de pacientes dos municípios de Aliança, Bodocó, Petrolina, Araripina, Ipubi, Sertânia, São José do Egito, Bodocó, Santa Cruz da Baixa Verde, Joaquim Nabuco, Bom Conselho, Jaqueira, Belo Jardim, Joaquim Nabuco, Cabrobó, Ipojuca, Inajá, Condado, Santa Terezinha, Itapetim, Moreilândia, Amaraji, Tabira, Riacho das Almas, Sanharó, Tacaimbó, Santa Filomena, Iguaraci, Serra Talhada, Olinda, Caruaru, Lagoa do Carro, Santa Cruz do Capibaribe, São José do Egito, Carpina, Aliança, Taquaritinga do Norte e Brejinho.  

Além dos 4 novos casos de infecção pela Delta, no último dia 27 de agosto foram confirmados oito casos da variante em pessoas residentes dos municípios do Recife (5), Olinda (1), Cabo de Santo Agostinho (1) e Exu (1). Antes disso, no dia 18 de agosto foram confirmados dois casos em pessoas residentes de Abreu e Lima (1) e Olinda (1), que adoeceram em julho.

No último dia 20, foi identificado no Brasil o primeiro caso da variante do coronavírus B.1617, conhecida como “variante indiana”, pela sua origem no país asiático. No início do mês de maio, a mutação do vírus foi classificada pela OMS (Organização Mundial da Saúde) como uma preocupação global – o que alerta para os cuidados que devem ser tomados para manter a segurança e a saúde da população.

O primeiro caso confirmado foi no litoral do Maranhão, mas já existem casos no Rio de Janeiro, em Minas Gerais e, recentemente, no Paraná.

##RECOMENDA##

A médica infectologista Andréa Cristina Ferreira, da Universidade de São Paulo (USP), explica que, apesar dos estudos serem iniciais, acredita-se que a mutação possua um alto índice de transmissão e seja mais agressiva, o que classificaria como relevância clínica. “As variantes de relevância clínica são aquelas que têm alterações na ligação do vírus com a célula. Quando a mutação ocorre nessa região, o vírus fica mais transmissível e virulento, tornando a doença mais evasiva”, diz a infectologista.

Os riscos que a população brasileira corre são semelhantes ao risco da mutação P1, do Amazonas, apesar de que a propagação da cepa indiana pode indicar o agravamento de casos no Brasil. Especialistas advertem para uma terceira onda de picos, principalmente porque a vacinação ocorre de forma lenta e gradual. A vacina é o modo de proteção mais seguro e eficaz, segundo a médica, apesar de não atingir a todos os brasileiros com rapidez.

Alguns fatores agravam os perigos oferecidos pela variante indiana, como os bares e restaurantes lotados, as aglomerações desnecessárias, o não uso de máscaras em estabelecimentos, e diversas outras situações que podem contribuir para a transmissão mais agressiva do vírus.

A infectologista afirma que os protocolos de segurança devem ser respeitados, além de que cada esfera da sociedade deve fazer sua parte. “É preciso que o governo vacine mais rápido, mantenha vigilância dos estabelecimentos abertos, forneça equipamentos de proteção individual. A população precisa manter a máscara, o distanciamento, evitar aglomerações, utilizar o álcool gel ou água e sabão sempre que for necessário. Procurar atendimento quando estiver com sintomas respiratórios”, aconselha a médica.

Por Roberta Cartágenes.

 

Basta chegar um novo lote de vacinas em Pernambuco, que a Prefeitura do Recife se prontifica em anunciar a redução da faixa etária do grupo prioritário da Covid-19, atualmente em 60 anos. Contudo, mais da metade dos vacinados ainda aguarda pela segunda dose. A demora entre aplicações pode fortalecer o vírus e retardar ainda mais o retorno à normalidade, diz o biomédico Pablo Gualberto

Ao tentar marcar a segunda dose para a mãe, de 65 anos, no aplicativo Atende em Casa, a pedagoga Paula Silva percebeu que todas as vagas estavam esgotadas. Preocupada com o prazo entre doses, entrou em contato com o chat da plataforma para saber se poderia ir a um posto de saúde na data indicada a lápis no cartão de vacina, mesmo sem agendamento.

##RECOMENDA##

"Ele disse que [o atraso] não teria problema, que poderia ser tomada depois. Mesmo que passasse o prazo, não tinha nada que comprovasse que, mesmo depois do prazo, a vacina perdia a eficácia. Eu questionei que não era essa a orientação do fabricante", contou.

A vacina de Oxford/AstraZeneca tem o prazo de até três meses entre aplicações, mas a idosa recebeu a Coranavac/Butantan, que estipula o intervalo de duas a quatro semanas. Enquanto o dia se aproximava e os grupos prioritários eram ampliados, nenhuma data estava disponível no aplicativo, lembra a pedagoga. 

Até o momento, o Recife recebeu 362.026 doses da Coronavac e 65.030 da Oxford/AstraZeneca, informa a Prefeitura, que destaca que segue as recomendações do Ministério da Saúde para definir os públicos prioritários no Recife.

Do total de 267.430 vacinados estimado pela gestão da capital, apenas 123.027 concluíram o ciclo de imunização, o que é um risco no enfrentamento à pandemia, afirma Gualberto.

"Se demorar muito, a gente pode perder a janela imunológica e aí cair a eficácia [...] tá só dando tempo para o vírus sofrer esses processos de mutação".

Ele explica que a 'resposta secundária' aumenta tanto a quantidade de células, quanto a especialização delas para defender nosso corpo.

"A situação que estamos vivendo agora não é decorrente de variantes. É o contrário. A situação que estamos vivendo favorece o surgimento de variantes. Então, quanto mais a gente facilita a disseminação do vírus, pelo fato dele se replicar no nosso corpo, ele consegue fazer mutações, que às vezes podem deixar ele muito mais potente", pontua, ao alertar que as orientações sanitárias de distanciamento, higienização das mãos e uso de máscara sejam mantidas mesmo após a vacina.

Apesar dos recordes diários de casos e óbitos da pandemia, para o biomédico, a situação no Brasil pode piorar pela 'falsa impressão' de imunidade.

"A gente ter uma parcela da população vacinada, que já está de certa forma imunizada, e quanto mais a gente vai espalhando o vírus, inclusive para essas pessoas, esse vírus pode acabar sofrendo um processo de seleção natural e acaba ficando mais potente, fugindo até mesmo da resposta imune causada pelas vacinas", adverte.

Enquanto a aposta do Ministério da Saúde é garantir o ciclo de imunização aos grupos prioritários, para Pablo, o ideal seria imunizar o máximo de pessoas, pois é necessário reduzir o número de contaminados e desafogar o sistema de saúde.

"A estratégia é interessante porque acaba vacinando muita gente, só que você precisa garantir que as novas doses cheguem. Aí é que tá o problema, a quantidade de demanda que a gente consegue entregar [...] Devido à situação da gente, em completa disseminação no país todo, eu acredito que seria melhor vacinar o máximo de pessoas", sinaliza.

O especialista também ressalta que é preciso esperar o tempo de resposta da vacina, que é de aproximadamente 15 dias. O que significa dizer que, mesmo vacinada, a pessoa ainda tem uma janela de possível contaminação. "Mesmo que você tome a vacina, possa ser que você pegue", reitera.

Na terça (13), o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, informou que 1,5 milhões de brasileiros estão com a segunda dose atrasada. Sobre o descumprimento do prazo, Pablo indica que, mesmo após expirado, é necessário o reforço e ressalta o resultado da fase 3 da Coronavac.

O estudo do Instituto Butantan comprovou que a eficácia do imunizante em casos sintomáticos é de 50,7% - superior aos 50,38% informados antes do resultado -, e que a vacina pode atingir 62,3% de eficácia em um intervalo de 28 dias.

Uma nova mutação detectada na variante britânica do coronavírus, classificada como "preocupante" por especialistas no Reino Unido, foi identificada. Essa mutação adicional, chamada de E484K, já havia sido encontrada nas cepas da África do Sul e em amostras no Rio de Janeiro e Bahia do vírus. Estudos preliminares indicam que essa nova mutação pode impactar na eficácia da vacina da Pfizer-BioNTech contra a cepa identificada no país.

"A mutação que traz mais preocupação, que chamamos de E484K, também ocorreu de forma espontânea na nova cepa de Kent (Reino Unido) em partes do país", disse Calum Semple, membro da comissão de aconselhamento científico para emergências no país, em entrevista à rádio BBC.

##RECOMENDA##

Um estudo preliminar divulgado nesta segunda-feira, 1, pela universidade de Cambridge indica que a vacina de Pfizer-BioNTech é eficaz contra a variante britânica, porém "menos efetiva" quando contém a mutação E484K. Segundo o estudo, neste caso são necessários "níveis substancialmente mais altos de anticorpos para neutralizar o vírus".

O receio em relação à variante da África do Sul levou autoridades da Inglaterra a iniciar uma testagem em massa de porta a porta, com a meta de chegar a 80 mil moradores em áreas onde casos de infecção com a nova cepa foram identificados.

Outro estudo, publicado há cerca de duas semanas por pesquisadores da África do Sul, sinalizou a maior resistência da variante sul-africana à vacina. Os laboratórios Pfizer e BioNTech afirmaram que vão seguir adiante com os estudos sobre as mutações, principalmente a sul-africana, e que vão "vigiar a eficácia da vacina no mundo" diante do surgimento de novas variantes.

Mesmo assim, as empresas acreditam que a "flexibilidade da vacina, baseada na tecnologia de RNA mensageiro", que injeta no corpo instruções genéticas que dizem às células o que fazer, é "apropriada para desenvolver novas versões da vacina, se necessário".

Apesar de existirem milhares de variantes do coronavírus no mundo, especialistas têm se concentrado sobretudo nessas três cepas - identificadas no Reino Unido, na África do Sul e no Brasil - pelo potencial de contágio que apresentam. (Com agências internacionais).

A variante inglesa é quem tem chamado a atenção, mas é uma mutação presente em outras versões do coronavírus que preocupa verdadeiramente os cientistas do ponto de vista da vacinação contra a Covid-19, pois pode afetar sua eficácia.

Chamada de E484K, essa mutação é carregada por variantes que surgiram na África do Sul e mais recentemente no Brasil e no Japão, mas não pela variante inglesa, cuja expansão mundial está nas manchetes.

##RECOMENDA##

Essa mutação, porém, "é a mais preocupante de todas" em termos de resposta imunológica, segundo Ravi Gupta, professor de microbiologia da Universidade de Cambridge, entrevistado pela AFP.

As variantes são versões diferentes do coronavírus original, que aparecem com o tempo devido a várias mutações. Um fenômeno normal na vida de um vírus, porque as mutações ocorrem quando ele se replica.

Muitas mutações do Sars-CoV-2 foram observadas desde o seu aparecimento, a grande maioria sem consequências. No entanto, algumas podem dar a ele uma vantagem para sua sobrevivência, incluindo maior transmissibilidade.

As variantes que surgiram na Inglaterra, África do Sul e Japão (este último via viajantes do Brasil) compartilham uma mutação chamada N501Y. Localizada na proteína spike do coronavírus (um pico que permite sua entrada nas células), essa mutação é suspeita de tornar essas variantes mais contagiosas.

Suspeitas de natureza diferente pesam sobre a mutação E484K. Testes de laboratório mostraram que ela parecia capaz de reduzir o reconhecimento do vírus pelos anticorpos e, portanto, sua neutralização.

- "Evasão imunológica" -

“Como tal, pode ajudar o vírus a contornar a proteção imunológica conferida por uma infecção anterior ou pela vacinação", explica o prof. François Balloux, da University College London, citado pela organização britânica Science Media Centre.

É essa perspectiva de "evasão imunológica" que preocupa os cientistas, com a questão da eficácia das vacinas em vista.

Em 8 de janeiro, BioNTech e Pfizer, fabricantes da principal vacina administrada no mundo, confirmaram que ela era eficaz contra a mutação N501Y.

Mas suas verificações em laboratório não se concentraram na E484K. Não são, portanto, suficientes para concluir que a eficácia da vacina será a mesma contra as variantes que a carregam e contra o vírus clássico.

Além disso, um estudo publicado em 6 de janeiro descreve o caso de uma mulher brasileira doente com covid em maio, depois reinfectada em outubro por uma variante portadora da mutação E484K.

Essa segunda infecção, mais grave que a primeira, pode ser um sinal de que a mutação causou uma resposta imunológica mais fraca na paciente.

No entanto, nada indica que a E484K é suficiente para fazer variantes resistentes às vacinas atuais, dizem os cientistas.

- "Início dos problemas" -

De fato, mesmo que esse alvo seja menos bem reconhecido pelos anticorpos, outros componentes das variantes permanecerão, em princípio, ao seu alcance.

"Mesmo se diminuir a eficiência, normalmente ainda terá uma neutralização do vírus", disse à AFP Vincent Enouf, do Centro Nacional de Referência para Vírus Respiratórios do Instituto Pasteur em Paris.

"Não acho que essa mutação por si só seja problemática para as vacinas", acrescenta o imunologista Rino Rappuoli, pesquisador e responsável científico da gigante farmacêutica GlaxoSmithKline (GSK), entrevistado pela AFP.

Ele co-assinou um estudo publicado em 28 de dezembro. Seu objetivo era observar em laboratório o surgimento de uma variante, colocando o vírus na presença do plasma de um paciente curado da covid por várias semanas.

Após menos de três meses, uma variante resistente aos anticorpos apareceu. Ela carregava três mutações, incluindo E484K. "Devemos desenvolver vacinas e anticorpos capazes de controlar as variantes emergentes", conclui o estudo.

A mutação E484K "pode ser o início dos problemas" das vacinas, avalia o professor Gupta.

"Nesta fase, todas devem ser eficazes, mas o que nos preocupa é a perspectiva de futuras mutações que se somariam às que já estamos vendo", observa ele, apelando "a vacinar o mais rápido possível todos os lugares do mundo".

Diante do surgimento de novas variantes, vários laboratórios garantiram que seriam capazes de fornecer rapidamente novas versões de suas vacinas, se necessário.

Uma mulher foi reinfectada em Salvador por uma mutação do coronavírus, variante registrada inicialmente na África do Sul. A confirmação foi feita por pesquisadores do Instituto D'or de Ensino e Pesquisa (Idor), do Hospital São Rafael, que pertence ao instituto e fica na capital baiana, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). É o primeiro caso de reinfecção por essa cepa.

A mulher tem 45 anos, é profissional da área de saúde e trabalha em um hospital de Salvador. Teve a primeira infecção pelo novo coronavírus em maio, apresentando sintomas leves da doença, conforme relata um dos responsáveis pela descoberta, o pesquisador do Departamento de Genética da UFMG Renato Santana Aguiar. Os outros integrantes do grupo são Bruno Solano, do Idor/São Rafael, e Marta Giovanetti, da Fiocruz.

##RECOMENDA##

A reinfecção ocorreu em outubro. "A paciente não precisou ser hospitalizada mas apresentou mais sintomas do que na primeira vez", relata o pesquisador da UFMG. Ela não tinha histórico de viagem à África do Sul e também revelou à equipe não saber se alguém com quem teve contanto esteve no país. A mulher ficou em isolamento em maio e outubro. O último exame já deu resultado negativo para covid-19 e ela passa bem.

A confirmação foi possível pelo cruzamento de dados de um cadastro do sistema de saúde sobre pessoas infectadas. Quando um mesmo nome aparece pela segunda vez no cadastro, é feito um sequenciamento do genoma do vírus para comparação com outros já identificados. Ao final dessa pesquisa, foi constatado que se tratava do vírus observado anteriormente no país africano.

A descoberta dos pesquisadores aponta para um possível prazo de duração da produção de anticorpos pelo organismo de quem já teve a covid-19. Não há, porém, como garantir, ao menos por enquanto, qual o tamanho do intervalo durante o qual o corpo humano segue fabricando esses anticorpos. "Temos que observar estudos de países que estão mais à frente do que nós, que indicam que esse prazo por ser de quatro, cinco, no máximo seis meses", aponta o pesquisador Santana. Essa informação é importante, por exemplo, para realização de campanhas de vacinação.

A identificação do vírus na profissional de saúde de Salvador envolveu pesquisadores do Idor/São Rafael, Fiocruz e UFMG por programa de colaboração que existe entre as instituições. A descoberta de que o vírus é o mesmo registrado na África do Sul foi comunicada à Secretaria de Estado de Saúde da Bahia e ao Ministério da Saúde, que não retornaram contato feito pela reportagem.

A Secretaria da Saúde da Bahia confirmou em nota a reinfecção por SARS -CoV-2 da profissional da área de saúde de Salvador. "Foi observada, na sequência genética do vírus presente no segundo episódio, a mutação E484K, que é uma mutação identificada originalmente na África do Sul", diz o texto.

A secretaria informou ainda que o comunicado oficial do caso suspeito de reinfecção que acabou se confirmando foi emitido pelo Hospital São Rafael em 22 de dezembro de 2020. A pesquisa foi realizada a partir das análises das amostras sequenciadas pelo Núcleo de Vigilância Genômica em tempo real do SARS-CoV-2 no Brasil, do qual o Laboratório Central de Saúde Pública da Bahia faz parte

As autoridades de saúde na Bahia investigam ainda outros 118 casos suspeitos de reinfecção em pacientes com idades que vão de 5 a mais de 80 anos. Do total, 82 averiguações são referentes a mulheres e 36 a homens.

O Brasil registrou um caso de reinfecção pelo coronavírus (SARS-CoV-2) com a mutação E484K. A paciente de 45 anos que vive em Salvador é o primeiro caso catalogado no mundo. A descoberta foi feita por pesquisadores brasileiros e publicada em versão preprint e aguarda revisão por pares na revista científica The Lancet Infectious Diseases.

Segundo pesquisadores do Instituto D’Or de Pesquisa e Ensino (IDOR), a paciente não tinha comorbidades e foi infectada pela primeira vez em 20 de maio e adoeceu pela segunda vez em 26 de outubro, com um quadro mais severo. Nas duas vezes o diagnóstico foi dado através de testes RT-PCR e após a segunda ocorrência, quatro semanas depois, a paciente passou por um teste de IGg com confirmação de anticorpos. 

##RECOMENDA##

“Trata-se do primeiro caso de reinfecção por SARS-CoV-2 no Estado da Bahia, confirmado por sequenciamento. Foi observada, na sequência genética do vírus presente no segundo episódio, a mutação E484K, que é uma mutação identificada originalmente na África do Sul e tem causado muita preocupação no meio médico, pois ela pode dificultar a ação de anticorpos contra o vírus. Esta mutação foi recentemente identificada no Rio de Janeiro, mas é a primeira vez, em todo o mundo, em que é associada a uma reinfecção por SARS-CoV-2”, explicou Bruno Solano, pesquisador à frente do estudo, realizado na unidade regional do Instituto, no Hospital São Rafael, em Salvador, ao jornal Correio Brasiliense. 

A descoberta foi feita através do isolamento dos vírus em laboratório, permitindo que os pesquisadores analisassem o genoma das cepas do primeiro e segundo episódios de infecção e comparar ambos, associando-os com outras sequências de vírus encontrados no país. Isso permitiu concluir que as duas infecções ocorreram em um intervalo de 147 dias com linhagens distintas de vírus em cada uma, com a nova mutação presente no segundo episódio. 

“A descoberta serve de alerta e reforça a necessidade de manutenção das medidas de controle da pandemia, com distanciamento social e a necessidade de acelerar o processo de vacinação, para reduzir a possibilidade de circulação desta e de possíveis futuras linhagens que, ao acumular mutações, podem vir a se tornar mais infectantes, inclusive para indivíduos que já tiveram a doença”, destaca o pesquisador.

LeiaJá também

--> 'É possível controlar mutação do vírus', diz especialista

O primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, confirmou nesta segunda-feira, 4, que o país entrará em novo "lockdown" nacional para conter a variante do coronavírus que é 70% mais transmissível. Em um pronunciamento à nação, o premiê afirmou que as medidas restritivas passarão a valer nesta terça-feira, 5, e permanecerão em vigor até pelo menos meados de fevereiro.

Com as novas restrições, as escolas e universidades britânicas serão fechadas, e aulas passarão a ser remotas. Além disso, os cidadãos serão aconselhados a permanecer em casa. "Temos que fazer mais juntos para controlar essa nova variante enquanto nossas vacinas são lançadas", disse Johnson no pronunciamento.

##RECOMENDA##

A flexibilização das medidas no meio de fevereiro, de acordo com o primeiro-ministro britânico, dependerá do processo de vacinação e de "todos fazerem a sua parte". O país já aprovou o uso emergencial de dois imunizantes: o desenvolvido pela Pfizer em parceria com a BioNTech e o produzido pela AstraZeneca em conjunto com a Universidade de Oxford.

"As semanas seguintes serão as mais difíceis até agora, mas realmente acredito que estamos entrando na última fase dessa luta", declarou Johnson. "Temos que permanecer cuidadosos com o que vem pela frente", acrescentou.

Uma nova cepa de coronavírus, distinta da detectada recentemente na África do Sul e na Inglaterra, mas que "compartilha algumas mutações com esta última, foi descoberta na Nigéria, país de maior população da África, com 200 milhões de habitantes.

Depois do anúncio, discreto, durante a semana pelo Centro Africano de Excelência para a Genômica das Doenças Infecciosas (Acegid), com sede em Ede, sudoeste da Nigéria, o Centro Africano de Controle de Doenças (CDC) - agência de saúde da União Africana - organizou uma reunião de emergência.

Mas o professor Christian Happi, biólogo molecular que participou no sequenciamento genético da nova variante, pediu para não "extrapolar" a descoberta, em uma entrevista à AFP.

O Acegid analisou no início do mês 200 mostras do vírus e duas delas, obtidas de pacientes em 3 de agosto e 9 de outubro, apresentam mutações genéticas.

"Não temos ideia nem certeza se esta variante tem relação direta com o aumento de casos na Nigéria atualmente", disse o professor.

O país tinha mais de 82.000 casos registrados no sábado e 1.246 mortes, números relativamente baixos, mas o número de testes realizados no país é insignificante.

Apesar do cenário, o número de contágios registra aceleração.

Graças ao sequenciamento genético do vírus, uma operação de rastreamento sofisticada que apenas 12 laboratórios conseguem executar no continente africano, o professor Happi e sua equipe mostraram a evolução da mutação.

"Não sabemos de onde vem a nova variante. Acreditamos que é independente, que se produz na Nigéria. Não acredito que é importada", disse o biólogo.

O ex-professor de Harvard, especializado em doenças infecciosas, recordou, no entanto, que "os vírus sofrem mutações e mudam" de forma natural.

"O importante não é a mutação, e sim a transformação da proteína 'spike', a parte do vírus que permite o acesso às células do corpo e que tornaria esta mutação infecciosa", explicou.

O Acegid trabalha com o Centro de Doenças Infecciosas da Nigéria (NCDC), organismo de saúde pública nacional, para tentar explicar o aumento recente de casos de Covid-19 e se este pode ser motivado pela nova cepa.

Mas uma coisa parece correta: a taxa de mortalidade relativamente baixa na Nigéria, em comparação com os países ocidentais, não aumentou recentemente.

"Peço que as pessoas não extrapolem. Existe uma tendência a extrapolar com as novas variantes do vírus", disse o professor. "Nada prova, por exemplo, que a cepa encontrada na Inglaterra teria os mesmos efeitos na Nigéria e vice-versa.

"Se há algo que a Covid-19 nos ensinou é que em tudo que acreditávamos saber sobre este vírus, estávamos equivocados", recordou Happi.

"Alguns previram que um terço da população da África morreria, mas não podemos aplicar as pesquisas e os números reunidos na Europa e nos Estados Unidos e aplicá-los aqui: somos geneticamente diferentes, nossa saúde imunológica é diferente”, insistiu.

Até o momento, a África registra 2,4 milhões de casos de Covid-19, ou seja, 3,6% do total mundial, segundo o balanço da AFP. O continente confirmou pouco mais de 57.000 mortes, número menor que a França (59.072).

O número reduzido de testes de diagnóstico pode colocar em dúvida as estatísticas, mas também é certo que nenhum país observou um aumento excessivo da mortalidade, o que seria indício de propagação do vírus.

Depois da decisão de mais de 40 países, o governo brasileiro resolveu na noite desta quarta-feira (23) proibir temporariamente os voos que tenham origem ou passagem pelo Reino Unido e Irlanda do Norte, como medida preventiva após a descoberta de uma nova variante do coronavírus Sars-CoV-2 no território britânico.

A decisão está incluída em uma portaria publicada em edição extra do Diário Oficial da União e entrará em vigor a partir do próximo dia 25 de dezembro, data em que é celebrado o Natal.

##RECOMENDA##

A nova norma ainda restringe a entrada no Brasil de estrangeiros de qualquer nacionalidade, por rodovia, por outros meios terrestres e por meio aquaviário.

Apesar da restrição, a portaria assinada pelos ministros Braga Netto (Casa Civil), André Mendonça (Justiça) e Eduardo Pazuello (Saúde) determina que, em caso de exceção, é preciso apresentar uma certificação da Polícia Federal.

"Excepcionalmente, o estrangeiro que estiver em país de fronteira terrestre e precisar atravessá-la para embarcar em voo de retorno a seu país de residência poderá ingressar na República Federativa do Brasil com autorização da Polícia Federal", diz o texto.

A medida é anunciada dias depois de diversos países em todo mundo proibirem o ingresso de viajantes do Reino Unido, bloqueando voos provenientes dessa nação. No último fim de semana, as autoridades sanitárias britânicas revelaram a descoberta de uma nova cepa do coronavírus, com uma transmissão mais rápida do que as demais.

Por conta disso, o primeiro-ministro Boris Johnson determinou um lockdown em Londres e no sudeste da Inglaterra. 

Da Ansa

A Europa ainda pode controlar a expansão da nova cepa do vírus da Covid-19 registrada no sul da Inglaterra, a qual levou vários países a fecharem suas fronteiras com o Reino Unido - afirmou a dra. Emma Hodcroft, especialista em mutação de vírus.

Existe, porém, a possibilidade de que a cepa já esteja circulando em outros países e que tenha passado despercebida, afirmou a dra. Emma.

A epidemiologista anglo-americana, que trabalha na Universidade de Berna (Suíça), também pediu o desenvolvimento do sequenciamento das variações do genoma do SARS-CoV-2, vírus responsável pela covid-19, para poder melhor seguir o caminho percorrido por suas inevitáveis mutações.

A dra. Hodcroft codesenvolveu o projeto Nextstrain, que busca explorar em tempo real as informações sobre agentes patógenos que os dados genéticos podem fornecer.

- É tarde demais para controlar a difusão desta cepa? -

"Em nível europeu, acho que não", afirmou a pesquisadora, embora considere que existe a possibilidade de que "haja mais casos desta variante na Europa do que detectamos até agora".

"Ainda é possível que essa variante possa ser contida em níveis baixos. Se for encontrada em poucas pessoas e essas pessoas fizerem um bom trabalho, cumprindo as medidas, usando máscara, talvez não se expanda mais", disse.

"Nunca podemos evitar a mutação de um vírus, mas podemos melhorar nossas chances, limitando o número de casos", declarou Emma Hodcroft, insistindo na necessidade de se respeitar medidas como o uso de máscara, lavagem das mãos e distâncias. Essas medidas são fundamentais, levando-se em conta que, segundo as autoridades britânicas, a cepa recém-descoberta é muito mais contagiosa.

"Quanto menos o vírus circular, menos chance ele terá de infectar pessoas diferentes, com diferentes sistemas imunológicos, com diferentes históricos de vacinação", explicou.

"Assim, reduzimos as chances de que acabe em algum lugar favorável para novas mutações" que, talvez, possam ser prejudiciais aos humanos, acrescentou.

O mais difícil será evitar que a variante deixe o Reino Unido, alertou.

"Isso será mais complicado, porque é mais difícil pôr limites" no Reino Unido.

"A Bélgica pode dizer coisas como: 'Nenhum voo britânico pode pousar aqui', mas no Reino Unido não é possível dizer: 'Todo mundo em Londres, estamos fechando as estradas, não podem sair'", completou.

"Não estou dizendo que não valha a pena tentar, mas será difícil conter [o vírus] no sudeste da Inglaterra, principalmente com o Natal, que está chegando", acrescentou.

- Qual é o impacto da propagação da deformação na viagem?

"Infelizmente, pelo que sabemos, a variante espanhola, por exemplo, que se espalhou durante o verão na Europa, mostrou que viagens e férias podem transmitir o vírus, ou cepas, de forma incrivelmente eficaz", frisou Emma Hodcroft, pouco depois de vários países europeus anunciarem o fechamento de suas fronteiras a pessoas procedentes do Reino Unido.

"No final das contas, é uma questão de quanto tempo você espera (...), tentando encontrar o equilíbrio entre não agir muito rápido, mas sabendo que, se você esperar muito tempo, pode perder a chance de conter" o vírus, explicou.

A Suíça impôs uma quarentena obrigatória para qualquer pessoa que tenha chegado do Reino Unido, ou da África do Sul, após 14 de dezembro.

- Por que é importante o sequenciamento?

"O método mais seguro de detectar essa cepa é o sequenciamento", afirmou a dra. Hodcroft, o que significa examinar de modo minucioso o código genético da variante para descobrir exatamente onde sofreu mutação.

"O mais importante é rastrear essas diferentes variantes e tentar identificar se alguma delas mostra algo preocupante, como uma taxa de transmissão mais alta, resistência a uma vacina, ou uma forma mais grave" da doença, acrescentou.

"Esta não será, certamente, a última variante que nos interessa saber onde está e como se desloca", disse a pesquisadora.

Embora as "mutações" sejam frequentemente assustadoras na ficção científica, na realidade, um vírus mutante é normal - nem bom, nem mau. E hoje as mutações do SARS-CoV-2 não parecem ter consequências notáveis.

- Por que um vírus sofre mutação?

Ao entrar em uma célula, o vírus se replica, ou seja, copia-se para se espalhar. A cada replicação, ocorrem erros na cópia do genoma, que podem ter um impacto mais ou menos importante no comportamento do vírus.

A mutação pode ser "favorável" ao vírus e ajudá-lo a sobreviver melhor, ou "desfavorável", se enfraquecê-lo. É o que se conhece como seleção natural.

Os vírus de RNA, como o SARS-CoV-2, sofrem mutações mais rapidamente do que os vírus de DNA, pois seus erros são mais frequentes.

As mutações do coronavírus são mais lentas, porém, do que as de outros vírus RNA. Até agora, o SARS-CoV-2 sofre mutação duas vezes mais rápido que a gripe e quatro vezes menos rapidamente do que o HIV, de acordo com Emma Hodcroft, epidemiologista molecular na Universidade de Basel (Suíça), recentemente citada na revista Nature.

Os cientistas até consideram o novo coronavírus como geneticamente estável. Mas o importante é saber se essas mutações têm efeitos notáveis e se os tornam mais perigosos, ou seja, mais contagiosos, ou mais resistentes às defesas imunológicas, por exemplo.

- O que se sabe sobre os efeitos das mutações?

Pesquisadores de todo mundo estão sequenciando os genomas do coronavírus em seus respectivos países e compartilhando-os em um banco de dados internacional, o GISAID, um tesouro de dezenas de milhares de sequências.

Por enquanto, nada indica claramente que o vírus sofreu uma mutação que modifique significativamente seus efeitos em humanos.

O que é certo é que o coronavírus "está sempre em mutação", explicou esta semana aos senadores franceses Marie-Paule Kieny, virologista e diretora de pesquisa do Instituto Nacional de Saúde e Pesquisa Médica da França.

Mas "não há dados" até agora que indiquem que essas mutações alteraram a virulência do vírus, acrescentou seu colega, o epidemiologista Dominique Costagliola.

Embora "isso não signifique que não possa acontecer mais tarde", disse Kieny.

Em um estudo publicado em julho pela revista Cell, um grupo de cientistas afirmou que uma mutação havia feito com que a cepa mais disseminada do vírus infectasse as células com mais facilidade, graças a uma modificação da proteína S, a ponta de lança que permite sua entrada nestas.

Segundo sua hipótese, essa mutação poderia tornar o vírus mais contagioso, o que explicaria sua disseminação exponencial.

Muitos cientistas objetaram, no entanto, que esse aumento da infectividade havia sido observado somente em laboratório e que o estudo não mostrou que essa condição os tornava mais contagioso.

O consenso geral atual é que, embora a cepa em questão seja certamente mais infecciosa, não é necessariamente mais transmissível entre humanos.

O estudo também apontou que a mutação não agravava a doença, após observação de pacientes hospitalizados.

A hipótese de um cientista de Singapura que afirmou em agosto que o vírus seria menos virulento também não foi confirmada. Na verdade, a menor gravidade dos sintomas também pode ser explicada por outros fatores, como melhores tratamentos.

- Como esperar uma vacina, se há mutação?

Quando as mutações modificam substancialmente a antigenicidade do vírus, ou seja, sua capacidade de provocar a produção de anticorpos, as vacinas podem perder sua eficácia.

Como o SARS-CoV-2 sofre mutação relativamente lenta, isso pode ser uma boa notícia. Por enquanto, "não parece que essas mutações influenciem a antigenicidade", de acordo com Kieny.

A maioria das vacinas em desenvolvimento é feita com "vírus que correspondem às primeiras cepas de Wuhan, mas muitos pesquisadores e empresas tentam testar se os anticorpos que geram neutralizam os novos vírus da mesma maneira" e "percebem que esse é o caso", acrescentou.

"Portanto, embora essas mutações sejam reais, nada nos diz que teremos que fazer como a gripe e produzir uma vacina diferente a cada ano", concluiu a cientista.

Após um novo foco do novo coronavírus no nordeste da China, médicos têm analisado que o vírus se manifesta de forma diferente em comparação com o surto original em Wuhan. As diferenças sugerem que o patógeno pode estar em mutação de formas ainda desconhecidas, o que resultaria em maiores dificuldades para eliminá-lo. As informações são do Bloomberg News.

Os contaminados nas províncias de Jilin e Heilongjiang, no norte da China, parecem portar o vírus por um maior período de tempo e seus testes demoram mais para dar negativo. Pacientes da região nordeste parecem levar mais do que duas semanas para apresentar os sintomas após infecção. 

##RECOMENDA##

Cerca de 46 casos foram registrados nas últimas duas semanas, espalhados em três cidades. O novo surto resultou em novas medidas de confinamento para cerca de 100 milhões de pessoas.

Os cientistas ainda não sabem se estão diante de uma mutação significativa. As diferenças identificadas pelos médicos podem estar relacionadas ao fato de serem capazes de analisar pacientes em estágio anterior do que era possível nos casos em Wuhan. 

Os resultados sugerem que essa incerteza pode dificultar os esforços do governo chinês na contenção do vírus. O país possui um dos mais amplos sistemas de detecção e teste de Covid-19.

Pesquisadores tentam identificar se o novo coronavírus está em mutação, porém as primeiras pesquisas apontando essa possibilidade foram classificadas como exageradas.

Pesquisadores de Taiwan e da Austrália informaram ter detectado a primeira mutação significativa do novo coronavírus SARS-CoV-2. Mutação deixa o vírus mais frágil e é uma vitória para a humanidade.

Especialistas estudaram a estrutura genética do novo coronavírus pesquisando 106 variações registradas na base de dados em que estão compiladas leituras do seu código genético: 54 realizadas nos EUA, 35 na China, três na Espanha, duas no Brasil e uma na Austrália, Índia, Itália e demais países.

##RECOMENDA##

Uma mutação significativa foi encontrada na estrutura genética do vírus que infectou um paciente na Índia, em 27 de janeiro. A mutação limita a capacidade do patógeno se conectar com receptores ACE2 nas células do paciente. Portanto, a mutação deixa o vírus mais frágil e menos perigoso para o ser humano.

Especialistas também compararam a estrutura genética do novo coronavírus e do SARS, vírus que também gera complicações respiratórias e que se difundiu principalmente entre os anos de 2002 e 2003.

A estrutura genética do novo coronavírus é muito mais consistente, estável e menos susceptível a mutações do que a do SARS, demonstrou o estudo publicado no site bioRxiv.

De acordo com os pesquisadores, isso seria uma boa notícia, uma vez que a vacina contra a COVID-19, uma vez desenvolvida, poderá ser bastante eficaz.

"A relativa estabilidade do genoma do SARS-CoV-2 é um bom indicador para a luta contra a epidemia, uma vez que quanto menos mutações, maior a possibilidade de desenvolvermos rapidamente uma vacina", escreveram os pesquisadores.

Eles notaram que a mutação detectada no novo coronavírus é menos perigosa e os genes que codificam a proteína da espiga do vírus, que permitem sua ligação a células saudáveis do corpo do paciente, permaneceram os mesmos. Essas são justamente as proteínas nas quais a vacina deverá agir.

O novo coronavírus está incluído na categoria de patógenos que sofrem mutações de forma acelerada durante sua propagação. Isso seria um fator que agravaria a capacidade da ciência desenvolver rapidamente vacinas contra o vírus. A gripe sazonal, que sofre mutações praticamente a cada ano, é um exemplo desta categoria de vírus.

"Como o [novo coronavírus] ainda está se propagando mundialmente e, portanto, se acumulam cada vez mais informações genéticas, ainda precisamos acompanhar com atenção a dinâmica de sua evolução e mutação", notaram os autores.

"Nós descobrimos que o SARS-CoV-2 tem relativamente baixo ritmo de mutações, mas também detectamos que ele é capaz de mutar", pondera o texto.

A pandemia causada pelo novo coronavírus já atingiu quase 2 milhões e 500 mil pessoas mundialmente e fez 166.205 vítimas fatais. O Brasil é o 11º país mais afetado pela COVID-19, de acordo com os dados da Universidade Johns Hopkins (EUA).

Da Sputnik Brasil

Um grupo de pesquisadores italianos identificou a mutação genética que permitiu ao coronavírus infectar seres humanos e não mais apenas animais. O estudo foi conduzido pela equipe de estatísticas médicas e epidemiologia molecular da Universidade Biomédica de Roma e foi publicado no Journal of Clinical Virology.

Ao estudar as sequências genéticas do vírus, os pesquisadores reconstruíram as mutações até descobrirem o que era decisivo para o chamado "salto de espécies", a alteração que permitiu a um vírus típico de animais, em particular de morcegos, tornar-se capaz de atacar o homem. "Foi uma mudança decisiva, uma mutação muito particular que ocorreu entre 20 e 25 de novembro", disse Massimo Ciccozzi, professor responsável pelo estudo.

##RECOMENDA##

"Como todos os vírus, o SarsCoV2 muda constantemente e busca alterar sua aparência para estar em equilíbrio com o sistema imunológico do hospedeiro", explicou ele. A mutação ocorreu em uma proteína de superfície chamada "spike", que o vírus utiliza para agredir as células e se multiplicar. "Foi assim que fez o salto de espécie. E é uma proteína bastante comum na história evolutiva dos vírus."

Vacina

A descoberta pode acelerar estudos sobre a doença. Alguns dos principais infectologistas e epidemiologistas do mundo - como Marc Lipsitch, da Universidade de Harvard - temem que, no ritmo atual, o coronavírus contamine até um terço do planeta em um ano.

Neste domingo (1º), o presidente dos EUA, Donald Trump, disse à Fox News que os ensaios clínicos de uma vacina começarão em seis semanas, mas ela provavelmente não estará disponível nesta temporada - considerando a necessidade de mais estudos que garantam segurança e eficácia. (Com agências internacionais).

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Pesquisadores italianos da Universidade Campus Biomédico, de Roma, conseguiram identificar a mutação genética que permitiu ao novo coronavírus (Sars-CoV-2) infectar seres humanos. O estudo, que será publicado no Journal of Clinical Virology, foi feito por um grupo de estatística médica e epidemiologia molecular chefiado pelo professor Massimo Ciccozzi.

Analisando as sequências genéticas do vírus em circulação na China, os pesquisadores conseguiram reconstruir suas mutações até chegar àquela que teria sido decisiva para o chamado "salto de espécie".

##RECOMENDA##

Essa alteração permitiu que o Sars-CoV-2, então restrito a animais selvagens, especialmente morcegos, se tornasse capaz de atingir o ser humano. "Foi uma mudança decisiva, uma mutação muito particular ocorrida entre 20 e 25 de novembro", diz Ciccozzi à ANSA.

Segundo o especialista, a mutação ocorreu em uma proteína de superfície chamada "spike", que o vírus utiliza para agredir as células e se multiplicar. "Foi a mutação da proteína spike que permitiu ao vírus fazer o salto de espécie. É uma proteína bastante comum na história evolutiva dos vírus, e essa alteração permitiu sua passagem do animal para o homem, desencadeando a epidemia", afirma.

Até o momento, o Sars-CoV-2 já contaminou 87 mil pessoas e matou quase 3 mil em todo o mundo. 

Da Ansa

Um pesquisador chinês revelou nesta segunda-feira (26) que ajudou a criar bebês resistentes ao vírus do HIV. Os gêmeos teriam nascido no mês passado, com o DNA modificado graças a uma nova técnica de engenharia genética chamada Crispr, um "potente instrumento" que reescreve o código genético.

Um cientista americano, que alega ter colaborado com o trabalho do pesquisador He Jiuankui, contou que foi utilizada uma técnica de edição genética vetada nos Estados Unidos. As mudanças genéticas são o temor do mundo científico, porque arriscam causar danos a outros genes.

##RECOMENDA##

Caso essa descoberta seja comprovada, trata-se de um salto do ponto de vista científico. He Jiuankui disse que alterou os embriões de sete casais durante o tratamento de fertilidade, com somente uma gravidez resultada até o momento. O seu objetivo era atribuir a capacidade de resistir a possíveis infecções por HIV, vírus causador da Aids.

A pesquisa não foi publicada em periódicos independentes da área, e alguns cientistas denunciaram o experimento. Os resultados não foram confirmados por pesquisadores, mas somente declarados em uma conferência internacional sobre edição de genes pelo próprio He Jiuankui.

O experimento, que vem descrito em um documento da Universidade de Ciência e Tecnologia, da cidade chinesa de Shenzen, intervém no principal receptor no qual se liga o vírus HIV, o CCR5. A pesquisa foi noticiada pela revista do Instituto americano de Massachusetts, o MIT, onde se lê que fora conduzida com o consenso do Comitê Ético. He Jiuankui disse que os pais envolvidos não quiseram ser identificados ou entrevistados, por isso, não se sabe onde eles moram ou onde o trabalho foi feito. O cientista informou apenas que os bebês gêmeos são duas meninas, batizadas de Lulu e Nana.

Páginas

Leianas redes sociaisAcompanhe-nos!

Facebook

Carregando