Não temo ser o candidato que defende ocupações, diz Boulos
Presidenciável pelo PSOL, o líder nacional do MTST disse que não vai pautar seu discurso de campanha pelo que marqueteiro diz ser bom ou ruim
De passagem pelo Recife nesta quarta-feira (16), o pré-candidato do PSOL a presidente, Guilherme Boulos, afirmou que não teme ser visto como "o postulante que defende as ocupações". O psolista é coordenador nacional do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), que protagoniza centenas de ocupações no país.
"Não vou pautar minha intervenção na campanha por marqueteiro, para dizer o que é bom ou ruim, maquiar discurso. Vou falar o que eu acredito", declarou, em conversa com a imprensa antes de participar de uma audiência pública na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe) sobre "convivência com a seca e combate à desertificação do semiárido".
"Se você entende a defesa de ocupação como a ocupação de espaços improdutivos, ociosos e terrenos endividados. Se eu defendo a ocupação? Claro que sim. Isso está dentro da legislação brasileira, vamos fazer com que a lei seja cumprida, assegurando direito à moradia", completou.
Guilherme Boulos disse que não ia esconder "de jeito nenhum" o fato de participar há 16 anos do MTST e ponderou que a campanha deste ano servirá para "quebrar preconceitos" de que "quem ocupa é vagabundo".
"A moradia é um problema gravíssimo. Tem 6,3 milhões de famílias sem casa no país e 7 milhões de moradias desabitadas. Tem mais casa sem gente do que gente sem casa. É um problema que precisa ser enfrentado com políticas públicas", argumentou o presidenciável.
"O debate sobre ocupação pautado com preconceito de que quem ocupa é vagabundo e quer tirar vantagem não considera o que faz a pessoa ocupar. O que faz uma mãe pegar seus filhos e ir para um barraco de lona com o pé na lama? Isso não é escolha, mas sim falta de escolha", acrescentou, lembrando que as famílias precisam escolher entre pagar aluguel e comprar comida.