No Recife, Boulos defende descriminalização das drogas

“Quem quer usar sabe onde comprar, vai lá, compra e usa. O fato de ser proibido não impede ninguém que quer de usar”, disse o pré-candidato a presidente

por Taciana Carvalho qui, 17/05/2018 - 20:27
Chico Peixoto/LeiaJáImagens Chico Peixoto/LeiaJáImagens

Não foi apenas o vereador do Recife Ivan Moraes (PSOL) que falou abertamente sobre seus argumentos para que todas as drogas sejam legalizadas e regulamentadas para consumo. No Recife, o líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), o pré-candidato a presidente do Brasil Guilherme Boulos (PSOL), disse que sua campanha também tem o “compromisso” sobre a questão da descriminalização das drogas. 

Boulos, que participou de um debate na Ocupação Marielle Franco, na noite dessa quarta-feira (16), falou que não vai tratar do assunto como um tabu que não pode ser falado apenas para não perder votos. O presidenciável expôs que, atualmente, mais de 30% da população carcerária do Brasil é por pequeno porte de droga ressaltando que são presos provisórios sem julgamento, em sua maioria. “A população carcerária brasileira dobrou nos últimos dez anos. Esse modelo fracassou. A população carcerária dobrou e não consta que a sociedade esteja mais segura por isso. A guerra às drogas tem décadas e não consta que o narcotráfico esteja menos ativo por isso”, explanou. 

Boulos foi direto ao falar que a proibição dessas substâncias não impede o consumo. “Quem quer usar sabe onde comprar, vai lá, compra e usa. O fato de ser proibido não impede ninguém que quer de usar. Só gera toda uma movimentação que faz do país um dos maiores índices de homicídios do mundo. Nós temos mais homicídios no Brasil que a Síria, que está em guerra”.

Ele reafirmou que seu discurso será pela descriminalização. “Precisamos abrir esse debate com a sociedade de maneira tranquila quebrando preconceitos, sem nenhum tipo de tabu, mas dialogando com as crenças das pessoas porque fazer esse debate aqui entre nós é tranquilo e ganha aplausos, mas fazer esse debate para a dona de casa ou para o senhor da periferia é muito mais complicado”, acrescentou reforçando que a discussão sobre o tema tem que ser ‘cuidadoso e pedagógico’. 

Narcotráfico 

O psolista também falou que a guerra às drogas está matando a juventude. “A guerra às drogas, além de tudo, vamos combinar, não é exatamente uma guerra às drogas. Ela é a forma de encobrir uma atuação militar nas periferias, favelas e comunidades porque se este Estado brasileiro quisesse efetivamente enfrentar o narcotráfico, bom, teria que ser muito ingênuo para achar que o comando do narcotráfico está nas favelas, numa laje ou num barraco. Se o estado brasileiro quisesse enfrentar o narcotráfico iria começar pelo helicóptero de Zezé Perrella e não por invasão da Rocinha”.

 

Boulos ainda pontuou que é preciso uma nova política de segurança pública no país porque, segundo ele, a atual está “militarizada e violenta”, o que faz com que o Brasil tenha a polícia que mais mata no mundo e que mais morre também. “Este modelo de segurança pública faliu. Nós precisamos discutir que esse modelo que está matando a juventude pobre e negra nas periferias tem que ser revisto em todos os ângulos”, pontuou.

 

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