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O ministro André Mendonça, do Supremo Tribunal Federal, liberou nesta segunda-feira, 4, para julgamento a ação sobre a descriminalização do porte de drogas para consumo pessoal. O ministro havia pedido mais tempo para analisar o processo, que já conta com cinco votos para afastar a criminalização do porte de maconha para uso pessoal, com a fixação de parâmetros para diferenciar usuários de possíveis traficantes.

A análise do caso está suspensa desde o dia 24 de agosto. Na ocasião, o decano Gilmar Mendes reajustou seu voto e a ministra Rosa Weber antecipou seu posicionamento sobre o caso, vide sua aposentadoria, formando-se o placar de 5 votos a 1 pela descriminalização. Agora cabe ao presidente Luís Roberto Barroso marcar uma data para que o julgamento seja retomado no plenário físico do STF.

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A ação que tramita no Supremo trata da constitucionalidade de trecho da lei de drogas que estabelece punições para o porte de drogas de uso pessoal. Em diferentes momentos do julgamento, os ministros que integram a Corte máxima rebateram alegações de que estariam ‘liberando as drogas’, ressaltando como o próprio texto, do Congresso, descriminalizou o transporte de drogas para consumo próprio, ao não tipifica-ló como um crime, formalmente.

O foco da corrente, por hora, vencedora, na Corte é estabelecer parâmetros para diferenciar o porte pessoal do tráfico. Os magistrados apresentaram diferentes propostas para a definição de um limite de droga que o usuário pode portar sem ser enquadrado por tráfico. Até o momento, o posicionamento com maior força no STF é o do ministro Alexandre de Moraes no sentido de presumir como usuárias as pessoas flagradas com 25g a 60g de maconha ou que tenham seis plantas fêmeas.

O ministro Luís Roberto Barroso, que adiou o julgamento sobre a descriminalização do aborto até a 12ª semana de gestação, afirmou em outra ocasião, há quatro anos, que 'se homens engravidassem', a questão 'já estaria resolvida há muito tempo'. Barroso afirmou, então, que o direito ao aborto é um direito da mulher à liberdade sexual e reprodutiva, à autonomia e também à igualdade.

Ele toma posse nesta quinta-feira, 28, na Presidência do Supremo Tribunal Federal. Herdou a cadeira que a ministra Rosa Weber ocupou nos últimos dois anos - ela se despediu da Corte e da magistratura ontem, quarta, 27, pela via da aposentadoria.

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As declarações de Barroso sobre o aborto se deram em abril de 2019, quando o ministro participou da Brazil Conference, em Harvard. "Se só a mulher engravida, para ela ser verdadeiramente igual ao homem ela tem que ter o direito de querer ou não querer engravidar", disse, então.

Quatro anos depois, na última sexta, 22, o ministro suspendeu a discussão sobre o tema no plenário virtual da Corte.

Pautar o caso para o modelo virtual serviu para que Rosa Weber pudesse se manifestar antes de sua aposentadoria compulsória. O voto da ministra será mantido quando o julgamento for retomado.

Barroso pediu destaque e remeteu o caso para o plenário físico - a pedido da própria Rosa.

A avaliação da ministra é que o tema aborto exige um debate mais aprofundado. No plenário virtual, os ministros depositam seus votos, mas não há uma discussão presencial.

Em um posicionamento considerado contundente e histórico, Rosa defendeu a descriminalização.

"A maternidade é escolha, não obrigação coercitiva. Impor a continuidade da gravidez, a despeito das particularidades que identificam a realidade experimentada pela gestante, representa forma de violência institucional contra a integridade física, psíquica e moral da mulher, colocando-a como instrumento a serviço das decisões do Estado e da sociedade, mas não suas", anotou.

Com o pedido de destaque de Barroso, o caso é retirado do plenário virtual e passa para a sessão física, sob os holofotes da TV Justiça. Caberá ao novo presidente do STF eventualmente colocar o tema na pauta do colegiado.

Não há um prazo para que isso aconteça. A Corte já estabeleceu datas-limite para a devolução de pedidos de vista - quando algum ministro pede mais tempo para analisar o caso -, mas não para pedidos de destaque.

Em 2019, quando comentou sobre o assunto, o ministro indicou que 'não gostaria de ser irresponsável de tratá-lo com superficialidade'. "É um tema muito importante, que diz respeito à religiosidade e aos direitos fundamentais das mulheres", indicou Barroso, à época.

Quando fez as ponderações sobre o direito ao aborto em Harvard, o ministro do STF foi direto ao ponto. Assinalou como premissa que o aborto é 'algo ruim' e que é papel do Estado evitar que ele ocorra. "Não é bom e deve ser evitado", ponderou.

Barroso lembrou que, segundo a Organização Mundial da Saúde, a criminalização do aborto não impacta o número de procedimentos em um país. Em sua avaliação, as religiões têm direito de 'pregar contra não fazer', mas criminalizar o procedimento é uma 'forma autoritária e intolerante' de lidar com o problema.

Segundo ressaltou o ministro na Brazil Conference, em Harvard, em 2019, 'nenhum país desenvolvido do mundo criminaliza o aborto porque trata-se de uma má política'. "Para ser contrário ao aborto não é preciso defender a sua criminalização", afirmou.

A ministra Rosa Weber, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), deu um voto histórico no plenário virtual para descriminalizar o aborto até a 12ª semana de gestação.

"A maternidade é escolha, não obrigação coercitiva. Impor a continuidade da gravidez, a despeito das particularidades que identificam a realidade experimentada pela gestante, representa forma de violência institucional", afirmou a ministra.

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É a primeira vez que o posicionamento é defendido no STF fora da análise de um caso concreto, ou seja, como regra geral para toda a sociedade.

O voto da ministra tem 103 páginas e evita tomar partido sobre temas espinhosos, como ética religiosa, valores morais e a controvérsia de quando a vida começa.

Rosa buscou enquadrar o tema a partir de uma perspectiva essencialmente jurídica, com destaque para os direitos da mulher sexuais e reprodutivos da mulher.

A ministra defendeu que a mulher deve ter a prerrogativa de decidir se deseja interromper a gravidez, desde que o procedimento seja realizado dentro do primeiro trimestre de gestação.

A legislação hoje permite o aborto em apenas três situações - violência sexual, risco de morte para a gestante ou feto com anencefalia.

Até o momento, só Rosa Weber votou. O julgamento no STF será retomado no plenário físico, mas não há data para que o tema volta à pauta.

Interlocutores de Rosa Weber avaliam que a presidente do Supremo não queria abrir mão do voto em uma pauta importante para as mulheres, sobretudo por saber que corre o risco de ser sucedida por um mais um homem no STF. A indicação do novo ministro cabe ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que apesar as pressões de setores progressistas tem resistido a usar o gênero como critério para filtrar os candidatos.

Entenda em cinco pontos o voto de Rosa Weber

Ética cristã x Estado laico

Rosa afirma no voto que o debate sobre o aborto tem sido guiado pela 'moralidade pública derivada da ética religiosa’, que na avaliação da ministra negligencia o espaço da autonomia privada e o caráter laico do Estado. Ela defende a imparcialidade do poder público diante de 'questões de moralidade e ética pessoal'.

"Cada pessoa tem sua esfera privada moral e ética de como se comportar e agir em sociedade, a partir de convicções próprias e crenças. Contudo, a esfera da moral privada na~o pode ser confundida com a esfera da moral pública, e principalmente com o espaço de atuação do Estado de Direito, na restrição dos direitos fundamentais", diz um trecho do voto.

Direito à vida

A ministra também evita entrar no debate sobre o início da vida. Hoje, há diferentes marcos defendidos, como a partir da concepção, quando o embrião chega ao útero ou com o começo da atividade cerebral.

"A pretensão em resolver a difícil questão de quando a vida começa não pertence ao campo jurídico, tampouco a essa arena jurisdicional. Dessa perspectiva de observação, não se trata de fato constitucional relevante para a solução normativa da presente controvérsia constitucional", defende Rosa.

A abordagem da ministra toma como base o texto da Constituição. Ela afirma que não há referência, em qualquer passagem do texto constitucional, aos não nascidos, seja na condição de embrião ou de feto.

"Nessa linha normativa, o argumento do direito à vida desde a concepção como fundamento para justificar a proibição total da interrupção da gestação, por meio da tutela penal, (...) não encontra suporte jurídico no desenho constitucional brasileiro", pontua a ministra.

Direitos da mulher x direitos do feto

A presidente do STF defende que, se a Constituição não assegura direitos fundamentais ao feto, a decisão da mulher sobre a gestação deve prevalecer.

"A vida humana tem graus de proteção diferentes no nosso ordenamento. Desse modo, a depender do estágio de desenvolvimento biológico do feto, diminui-se o interesse em sua proteção face à precedência da tutela dos direitos da mulher", afirma.

Rosa afirma que a criminalização do aborto, sem restrição, viola os direitos das mulheres à intimidade, à liberdade reprodutiva e à dignidade.

"Não há falar em proteção do valor da vida humana sem igualmente considerar os direitos das mulheres e sua dignidade em estatura de direitos fundamentais e humanos", escreve.

Descriminalização

A presidente do STF também defendeu que a criminalização do aborto é uma solução ‘ilusória’ para o problema.

"A criminalização mostra-se como tutela ineficiente e inadequada na redução do estigma social da discriminação, assim como na conformação das políticas estruturantes do sistema de justiça social reprodutivo, baseado na acessibilidade, na igualdade de oferta e na autonomia da mulher em conduzir o planejamento familiar e seu projeto de vida", diz outro trecho do voto.

Saúde pública

Rosa defendeu que o poder público deve promover e proteger os direitos sexuais e reprodutivos das mulheres e adolescentes a partir da perspectiva da saúde pública. O direito a um procedimento seguro, argumenta a ministra, tende a reduzir os índices de mortalidade materna.

"A tutela integral e efetiva do direito à saúde das mulheres, incluída sua saúde reprodutiva, abarca também o direito ao procedimento seguro da interrupção voluntária da gestação, em seu estágio inicial, como medida precisa para a redução da mortalidade materna", afirma a ministra.

Ela argumentou ainda que as mulheres estão sujeitas a falhas de métodos contraceptivos e, diante desse risco, precisam ter autonomia para decidir seu ‘projeto de vida’: "A falha na contracepção, repito, é fenômeno completamente alheio ao controle da mulher. Ao assim exigir e regulamentar a conduta, impõe-se responsabilidade com restrição excessiva e desmedida sobre a mulher."

Uma marcha em Quito comemorou neste sábado (19) os 25 anos da descriminalização da homossexualidade no Equador. O ato foi liderado por mulheres trans, que reivindicam a inclusão trabalhista.

Com uma enorme bandeira azul claro e rosa, que identifica a população trans, os manifestantes partiram da sede do Ministério Público, no norte, para o Centro de Arte Contemporânea (CAC), localizado no centro histórico da cidade.

Uma das principais reivindicações foi que o governo crie condições e locais de trabalho para a população LGBTI, que pela primeira vez será contabilizada no censo nacional, realizado este mês e que inclui duas perguntas sobre identidade de gênero.

“Depois de 25 anos de descriminalização (da homossexualidade), continuamos na precariedade, especialmente as mulheres trans”, disse à AFP Malony Chávez, presidente da Associação de Trabalhadoras do Sexo Trans de Quito.

Chávez, de 38 anos, acrescentou que é necessário que “o trabalho sexual seja regularizado para que tenhamos as garantias que merecemos como pessoas”.

Lamentou que "na prática não houve mudança" após a descriminalização da homossexualidade no país historicamente conservador.

"Continuamos a ser perseguidas pela polícia, agredidas pela polícia, estupradas pela polícia", disse.

Em 1997, por meio de uma ação movida no então Tribunal Constitucional, um grupo de ativistas conseguiu impedir que a homossexualidade fosse considerada crime punível com até oito anos de prisão.

Para comemorar os 25 anos dessa conquista, os participantes exibiram cartazes que diziam: "que ser trans não seja uma sentença de morte" e "a felicidade trans é linda".

Um grupo de ativistas chegou a pintar um pedido por “justiça trans” em uma das principais avenidas da capital.

Nebraska Montenegro, que integrou o grupo Coccinelle que luta pela descriminalização desde a década de 1980, disse à AFP que "é um orgulho para as sobreviventes ter uma nova geração unida e lutando pelos mesmos direitos".

O Equador aprovou o casamento civil entre pessoas do mesmo sexo em 2019, o que foi considerado uma decisão histórica a favor da comunidade LGBTI.

Candidato ao Governo do Rio de Janeiro, Marcelo Freixo (PSB) apresentou um novo posicionamento em seu discurso e afirmou que não defende mais a legalização das drogas. Ele disse que não é mais a favor do tema por entender que a descriminalização não vai ajudar o Brasil nesse momento.

Em entrevista a Record, Freixo apontou que é contrário a temas que 'dividissem a sociedade brasileira' e que foco deve ser no desenvolvimento de políticas sociais, de saúde e na polícia. "Não sou mais a favor. Não acho que isso vai nos ajudar nesse momento no Brasil", respondeu.

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"O que a gente precisa fazer é avançar em dois braços. Um é o braço efetivo da polícia, pra botar bandido na cadeia. Estou falando de miliciano, traficante e político corrupto também. E, mais do que isso, quero o braço social. Tem quer ter lugar com esporte, psicólogo, assistente, para a mãe poder levar o filho e permitir prosperidade, uma chance pra essa juventude", resumiu o concorrente. 

Desde que lançou o interesse nas eleições deste ano, Marcelo Freixo tende a tomar um discurso mais moderado e com menos ênfase em pautas polêmicas como estratégia. Uma de suas apostas foi investir em compromissos de campanha na região da Baixada Fluminense, que tem uma tendência a eleger políticos da direita. O deputado foi criticado por adversários da direita e de representantes da esquerda pela mudança drástica de posicionamento.

Dado Dolabella fez uma postagem mostrando ser a favor do uso medicinal da maconha, em seu Instagram. Exibindo o que parece ser uma folha da planta, ele relacionou o preconceito contra a erva ao racismo. 

Na postagem, Dado reuniu algumas matérias que falam sobre o uso medicinal da maconha. Na legenda, ele defendeu a planta e disse que o preconceito é "coisa de colonizador".”Eu ouvi alguém dizer MÁ.CONHA? Isso é coisa de coloniza.dor/explora.dor que perpetua até hoje. Vale tanto pra medicina trazida pelos pretos da África, quanto para suas crenças religiosas.Como também falam e sempre falaram da MÁ.CUMBA…Que de má só tem na cabeça de quem criminaliza”.

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Recentemente, Dado foi abordado por policiais, em Alto Paraíso de Goiás, onde mora, de posse de 12 gramas de maconha. Ele assinou um Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO) e foi liberado. Agora, ele terá que prestar serviços à comunidade ou cumprir medidas educativas.

Por 82 votos a favor, 18 contra e 7 abstenções, os senadores mexicanos aprovaram a ampla legalização da erva nessa quinta-feira (19). A decisão histórica visa os lucros do mercado bilionário da maconha e a redução da criminalidade imposta pelos cartéis do narcotráfico.

Após passar pelo Senado, a Lei Geral para Regulamentação da Cannabis ainda precisa da aprovação da Câmara dos Deputados para entrar em vigor. A votação deve ocorrer antes do término da atual legislatura, no dia 15 de dezembro. Caso aprovada, o México se une ao Uruguai e Canadá em relação a legislação para o uso da planta.

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A expectativa é que êxito se repita e a lei também seja bem recebida no Plenário mexicano. Isso porque o Movimento para Regeneração Nacional (Morena) e seus aliados são maioria nas duas Casas. A frente que compõe o governo ainda propôs incluir pontos como a criação do instituto Mexicano para a Regulação e Controle da Cannabis, que seria à parte da Secretaria da Saúde do país.

Na proposta, a entidade emitiria cinco tipos de autorizações para controlar as atividades relacionadas ao cultivo, a transformação, venda, pesquisa, exportação e importação do produto. "Finalmente chegou a hora de um tema vital para o desenvolvimento do país", comemorou o senador independente Emilio Álvares Icaza.

Desde o início do mandato, em dezembro de 2018, o presidente Andrés Manuel López Obrador levantou o debate sobre a descriminalização da maconha e outras drogas, como estratégia para enfraquecer o crime organizado.

O governador de Nova York, Andrew Cuomo, assinou nesta segunda-feira (30) um projeto de lei para descriminalizar o consumo recreativo de maconha no estado, que reduz a posse de pequenas quantidades da droga a uma contravenção punível com multa. As novas regras entrarão em vigor em 30 dias.

A medida é considerada mais um passo na direção da legalização da droga e faz o uso de maconha ter o mesmo peso que uma infração de trânsito. Em vez da prisão, os usuários de maconha serão puníveis com uma multa que varia de US$ 50, para quem carrega até 28 gramas, até no máximo US$ 200, para cerca de 56 gramas.

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Segundo Cuomo, a legislação vai permitir um mecanismo para limpar os registros criminais de pessoas que foram condenadas criminalmente por terem pequenas quantidades de maconha. A expectativa é de que a medida beneficiará cerca de 24,4 mil pessoas, informou a Divisão de Serviços de Justiça de Nova York.

De acordo com o grupo de lobby Marijuana Policy Project, pelo menos 11 estados e o Distrito de Columbia já legalizaram completamente o uso recreativo de maconha, enquanto que outros 15 descriminalizaram, incluindo Nova York.

Da Ansa

O estado americano do Havaí descriminalizou o porte de pequenas quantidades de cannabis nesta terça-feira (9), juntando-se a outras duas dezenas de estados que adotaram medidas semelhantes no país.

Segundo a nova lei, qualquer pessoa com até três gramas de maconha deve pagar uma multa de US$ 130, mas a possibilidade de 30 dias de prisão até mesmo por uma pequena quantidade da droga e uma multa de até US$ 1 mil foram removidas.

A legislatura de maioria democrata do estado aprovou o novo projeto em maio e o enviou ao governador David Ige para aprovação final. Ige não o assinou, mas também não o vetou, efetivamente deixando o projeto se tornar lei nesta terça-feira.

A nova lei entrará em vigor em 11 de janeiro de 2020. Grupos de defesa receberam bem a medida, embora tenham dito que não avançou o suficiente para legalizar a droga.

"Infelizmente, três gramas é a menor quantidade de qualquer estado que tenha descriminalizado (ou legalizado) a simples posse de maconha", disse o Marijuana Policy Project em um comunicado.

"Ainda assim, a remoção de penalidades criminais e o possível tempo de prisão por posse de uma pequena quantidade de cannabis é uma melhoria".

Atualmente, outros 24 estados, bem como Washington DC, aprovaram leis que descriminalizaram ou legalizaram a maconha.

Unidas sob o slogan "Cultive seus direitos", milhares de pessoas inundaram o centro de Santiago de verde, neste sábado (18), com uma imensa e pacífica marcha para exigir do governo de Sebastián Piñera a descriminalização do cultivo de maconha no Chile.

Realizada hoje também em outros países, a mobilização reuniu cerca de 80 mil pessoas em sua XV edição, relatou a Fundación Daya, uma das organizações apoiadoras da iniciativa.

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Em um comunicado, a Daya pede que o Chile adote "uma nova regulação sobre a maconha que seja justa, democrática".

Os chilenos querem que a opção de fumar maconha "seja uma decisão (sua), e não que passe pelo governo", disse à AFP Valerie Peñaloza, durante a passeata.

No Chile, o consumo de maconha em público é proibido, assim como seu cultivo.

A regulação desse mercado avança no mundo e na região, mas, na América do Sul, apenas o Uruguai autorizou o cultivo para uso pessoal e a venda da substância com fins recreativos.

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A edição de 2019 da Marcha da Maconha juntou centenas de militantes na Rua da Aurora, área central do Recife, na tarde deste sábado (18). Entre as pautas trazidas pelos ativistas, estavam a defesa pela utilização da erva de forma medicinal e a descriminalização do consumo.

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 Figuras políticas como o vereador Ivan Moraes (PSOL) e a co-deputada do mandato coletivo Juntas (PSOL), Carol Vergolino, marcaram presença  na manifestação. O coro de ‘Lula Livre’ também foi ouvido durante o ato.

 Dezenas de familiares que têm parentes fazendo uso medicinal do canabidiol estiveram na primeira ala da caminhada, com mensagens que endossam a importância do medicamento para o desenvolvimento de suas crianças.

 A escolha deste 18 de maio como dia para levar a marcha às ruas não foi à toa. A data marca o Dia de Luta Antimanicomial, que é uma das bandeiras levantadas pela organização do evento.

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Um referendo realizado nesta quarta-feira transformou a cidade de Denver na primeira dos Estados Unidos a descriminar os cogumelos alucinógenos, quase quinze anos depois de ter sido pioneira com a legalização da maconha

Os moradores da capital do estado do Colorado aprovaram - por estreita margem - a iniciativa 301, que permite a posse e o uso pessoal de cogumelos de psilocibina entre maiores de 21 anos.

Na prática, a iniciativa não legaliza a compra, venda ou posse da droga, mas determina aos policiais que não coloquem os usuários de psilocibina entre suas prioridades.

A iniciativa foi aprovada por 50,56% dos eleitores.

O referendo deverá ser confirmado no próximo dia 16 de maio, com a apuração dos votos dos militares e do estrangeiro.

Segundo diversos estudos, a psilocibina, princípio ativo dos "cogumelos mágicos", não é considerada viciante e pode ajudar a combater a depressão e a dependência em opioides, analgésicos que causam milhares de mortes por overdose anualmente nos Estados Unidos.

"Os seres humanos utilizam estes cogumelos há milhares de anos como tratamento, ritual de passagem, meio de elevação espiritual", escreveu em sua página na Internet o grupo Descriminalize Denver, que anunciou em janeiro a coleta de assinaturas em número suficiente para que a inciativa fosse submetida a referendo.

Denver se tornou em 2005 a primeira grande cidade americana a legalizar, por referendo, a posse de pequenas quantidades de maconha.

O uso recreativo da erva é legal desde 2014 em todo o estado do Colorado, um dos pioneiros neste tema ao lado de Washington e Oregon, na costa do Pacífico.

Atualmente, a estes se somam outros sete, inclusive a Califórnia. Com fins medicinais, seu uso é legal em mais de 30 estados (de um total de 50).

O Supremo Tribunal Federal (STF) vai iniciar nesta sexta-feira (3) a audiência pública sobre a ação que pede a descriminalização do aborto até a 12.ª semana de gravidez. Nos dois dias de audiência - os trabalhos continuam na segunda-feira - 45 pessoas serão ouvidas, entre representantes de entidades médicas, religiosas e jurídicas, além de ONGs e movimentos sociais.

O primeiro a expor será o Ministério da Saúde, que deve apresentar dados de procedimentos clandestinos no País - estima-se um milhão de abortos de forma induzida por ano. Do total, 15 mil sofrem complicações por causas do procedimento. Dessas, 200, em média, morrem anualmente.

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A reportagem conversou com representantes de quatro entidades que serão ouvidas no STF entre esta sexta e segunda-feira (6) para saber quais serão os principais argumentos apresentados.

Entre aqueles contrários à descriminalização, predominam organizações religiosas, como a Conferência Nacional de Bispos do Brasil (CNBB). Nomeado representante do órgão na audiência pública, dom Ricardo Hoepers, bispo de Rio Grande (RS), diz que, além de defender "a vida desde a concepção", apresentará propostas de políticas alternativas ao aborto.

"Não se resolve um mal com outro. Muitas mulheres recorrem ao aborto, mas não gostariam de fazer isso, se tivessem outras opções, por isso apresentaremos um levantamento das casas de acolhida criadas pela Igreja", afirma ele, referindo-se a um projeto em que mulheres que manifestam o desejo de abortar recebem orientação psicológica, médica e espiritual para que desistam da ideia.

"São 17 casas pelo País. Se já temos bons resultados com uma iniciativa da comunidade, imagine se fosse política pública", afirma Hoepers.

Outro argumento a ser usado pelos contrários é a competência do Supremo para tratar do tema. Alan Araújo, do Movimento Brasil Sem Aborto, diz que a entidade vai questionar o que chama de "ativismo judicial". "É um assunto que deve ser debatido pelo Legislativo e não pelo Judiciário, ainda mais em ação proposta por um partido político(o PSOL é um dos autores do pedido em debate)."

A favor

Do outro lado, entidades médicas e movimentos sociais discutirão consequências, sobretudo na saúde pública, da criminalização. "Levaremos ao STF relatos dos milhares de ginecologistas e obstetras que atendem todos os dias pacientes que fizeram ou querem fazer aborto, algumas com complicações graves. O aborto é realidade, mesmo criminalizado, e precisa ser discutido", diz Rosires Andrade, da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia.

Segundo ele, serão apresentadas evidências científicas de que interrupção da gravidez é segura até a 12.ª semana de gestação e também de que o feto é incapaz de sentir dor antes da 24.ª semana, uma vez que o sistema nervoso central não está todo formado.

O movimento Católicas pelo Direito de Decidir também defende descriminalizar. Com elas, estarão ainda mulheres de entidades protestantes e evangélicas favoráveis ao aborto. "Também somos defensoras da vida, mas não de vida abstrata, e, sim, da vida concreta das mulheres, que morrem por aborto inseguro, principalmente pobres e negras", diz Maria José Rosado, do Católicas pelo Direito de Decidir. Ela lembra que o papa Francisco, embora contra a interrupção da gravidez, "já declarou que padres podem perdoar mulheres que abortam". As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Não foi apenas o vereador do Recife Ivan Moraes (PSOL) que falou abertamente sobre seus argumentos para que todas as drogas sejam legalizadas e regulamentadas para consumo. No Recife, o líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), o pré-candidato a presidente do Brasil Guilherme Boulos (PSOL), disse que sua campanha também tem o “compromisso” sobre a questão da descriminalização das drogas. 

Boulos, que participou de um debate na Ocupação Marielle Franco, na noite dessa quarta-feira (16), falou que não vai tratar do assunto como um tabu que não pode ser falado apenas para não perder votos. O presidenciável expôs que, atualmente, mais de 30% da população carcerária do Brasil é por pequeno porte de droga ressaltando que são presos provisórios sem julgamento, em sua maioria. “A população carcerária brasileira dobrou nos últimos dez anos. Esse modelo fracassou. A população carcerária dobrou e não consta que a sociedade esteja mais segura por isso. A guerra às drogas tem décadas e não consta que o narcotráfico esteja menos ativo por isso”, explanou. 

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Boulos foi direto ao falar que a proibição dessas substâncias não impede o consumo. “Quem quer usar sabe onde comprar, vai lá, compra e usa. O fato de ser proibido não impede ninguém que quer de usar. Só gera toda uma movimentação que faz do país um dos maiores índices de homicídios do mundo. Nós temos mais homicídios no Brasil que a Síria, que está em guerra”.

Ele reafirmou que seu discurso será pela descriminalização. “Precisamos abrir esse debate com a sociedade de maneira tranquila quebrando preconceitos, sem nenhum tipo de tabu, mas dialogando com as crenças das pessoas porque fazer esse debate aqui entre nós é tranquilo e ganha aplausos, mas fazer esse debate para a dona de casa ou para o senhor da periferia é muito mais complicado”, acrescentou reforçando que a discussão sobre o tema tem que ser ‘cuidadoso e pedagógico’. 

Narcotráfico 

O psolista também falou que a guerra às drogas está matando a juventude. “A guerra às drogas, além de tudo, vamos combinar, não é exatamente uma guerra às drogas. Ela é a forma de encobrir uma atuação militar nas periferias, favelas e comunidades porque se este Estado brasileiro quisesse efetivamente enfrentar o narcotráfico, bom, teria que ser muito ingênuo para achar que o comando do narcotráfico está nas favelas, numa laje ou num barraco. Se o estado brasileiro quisesse enfrentar o narcotráfico iria começar pelo helicóptero de Zezé Perrella e não por invasão da Rocinha”.

Boulos ainda pontuou que é preciso uma nova política de segurança pública no país porque, segundo ele, a atual está “militarizada e violenta”, o que faz com que o Brasil tenha a polícia que mais mata no mundo e que mais morre também. “Este modelo de segurança pública faliu. Nós precisamos discutir que esse modelo que está matando a juventude pobre e negra nas periferias tem que ser revisto em todos os ângulos”, pontuou.

 

A vereadora do Recife Michele Collins (PP) tem uma posição enfática quando se trata sobe o aborto, que diz ser “terminantemente” contra. Ela, em entrevista ao LeiaJá, nesta quarta-feira (15), reafirmou sua convicção ao comentar sobre a escolha da ministra do Supremo Tribunal Federal (STF), Rosa Weber, que foi sorteada hoje, para ser relatora da ação protocolada pelo PSOL e o Instituto Anis, uma organização não governamental, que buscam descriminalizar o aborto até a 12ª semana de gestão, em qualquer contexto. 

Collins declarou que é contra o aborto até nos casos permitidos no Brasil que são quando a gestação representa um risco para a vida da mulher, estupro ou anencefalia do feto. “Já vi muito médico que diz para a mulher, nesses casos, abortar e que não abortou e ela ficou bem e a criança nasceu bem e não teve problema nenhum”, contou. 

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A parlamentar acredita que se o aborto foi legalizado, a irresponsabilidade vai aumentar. “Se 500 mil mulheres praticaram o aborto, em 2015, sendo crime imagina, se for liberado, a irresponsabilidade que vai ser porque tem muita gente irresponsável que faz sexo de todo jeito sem proteção e engravida. Quantas mil mulheres vão fazer aborto? É muito fácil chegar e tirar. Imagina a irresponsabilidade que vai ser, principalmente, se for liberado e financiado pelo SUS. É uma questão muito séria”, argumentou.

Questionada quando a gravidez for consequência de uma violência sexual, a missionária declarou que entende que é uma situação difícil. “Que não crie, que não cuide, que coloque em um abrigo, pois tem tanta gente querendo adotar uma criança. Tem uma fila enorme de famílias querendo adotar crianças, mas que não mate. A gente sabe que é algo indesejável, mas eu sou contra o aborto de qualquer forma. Já vi vários casos, não tem justificativa tirar a vida de uma criança inocente. Sou a favor da vida em qualquer caso”. 

Collins frisou que o trabalho será intensificado com a criação da Frente Parlamentar em Defesa da Vida salientando que é preciso se unir e que a vida não tem bandeira nem religiosa e nem política. “Já existe a frente na Alepe que, inclusive, o meu marido é presidente. Também tem em Brasília. Vamos nos unir em todas as instâncias, com organizações e com pessoas que são a favor da vida. A Comissão de Legislação e Justiça da Câmara já aprovou a criação da frente e agora segue para ser votado no plenário”. 

Julgamento

A ministra Rosa Weber já havia se manifestado, em novembro do ano passado, favorável à descriminalização do aborto, em qualquer caso, nos três primeiros meses de gestação. “Eu acho um absurdo sem tamanho um partido político, uma ONG e uma ministra decidir a vida das pessoas. Isso é um absurdo, que não tem tamanho. Eu já estou me mobilizando com várias pessoas para fortalecer nossa posição de forma que chegue até ela e vote contra, que permaneça crime”, criticou a vereadora. 

Michele Collins disse que a representatividade dos ministros do STF é muito pequena diante da gravidade do assunto. Ela justificou que eles [ministros] não foram escolhidos pelo povo e que, dessa forma, não podem tomar uma decisão “tão importante”. Ela ainda pontuou que o STF tem tomado algumas decisões que não concorda, que seria de competência do Congresso Nacional.

“No caso do aborto, a população que tem que decidir e, tenho certeza, que a maioria da população é contra. É um grupo muito pequeno que é a favor. Então, o que a gente puder fazer para chamar atenção, mandar recado, a gente vai fazer. É inadmissível. Não aceito isso e não estou sozinha não. Eu represento um grupo muito grande de pessoas e organizações que estão se unindo para lutar contra”, avisou. 

 

O governo israelense tomou mais um passo para descriminalizar o uso da maconha. Segundo a imprensa do país, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu aprovou uma medida que deve reduzir as penas por possessão da droga. Caso a pessoa seja pega portando maconha, ela terá de pegar uma multa, ao invés de enfrentar acusações criminais.

Netanyahu afirmou, antes de uma reunião neste domingo, que uma "nova política" sobre a questão deve ser elaborada "de maneira cautelosa e controlada".

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A decisão não significa que Israel terá coffee shops como as conhecidas em Amsterdam. Segundo o jornal Haaretz, um comitê irá estudar maneiras de regular o uso da maconha.

A política da oposição, Tamar Zandberg afirmou que "esse é um passo importante, mas não é o fim da linha. Manda a mensagem de que um milhão de israelenses que consomem maconha não são criminosos", disse. Fonte: Associated Press.

Após a decisão da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) de descriminalizar o aborto no primeiro trimestre da gravidez, ao julgar um caso concreto, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), anunciou a criação de uma comissão especial para debater o aborto no país. A decisão do STF foi tomada na noite de ontem (29).

A comissão especial vai discutir a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 58/2011que trata de licença-maternidade no caso de bebês prematuros, mas a intenção é incluir a questão do aborto de forma a tornar mais rígida a legislação sobre interrupção de gravidez.

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Rodrigo Maia anunciou ontem a criação da comissão e hoje (30) comentou o assunto ao chegar à Casa. Ele disse que sempre que houver o entendimento de que o Supremo legislou, a Casa irá deliberar sobre o tema.

“Tenho discutido com muitos líderes que, às vezes, o Supremo legisla. Entendemos que isso aconteceu ontem e minha posição, discutindo com líderes, é que toda vez que entendemos que isso acontece nossa obrigação é responder, por que há uma interferência do Poder Legislativo”, disse.

“A criação da comissão especial é uma resposta dizendo: entendemos que há uma prerrogativa que foi usurpada da Câmara, do Congresso, e vamos cumprir nosso papel. Se entendemos que houve uma interferência no Congresso Nacional nosso papel é legislar, seja ratificando ou retificando a decisão do Supremo”, completou Maia.

O presidente da Câmara pediu agilidade dos líderes na indicação dos integrantes do novo colegiado. A expectativa, segundo Maia, é que a comissão seja instalada até a próxima terça-feira (6).

A decisão da Primeira Turma do STF foi tomada com base no voto do ministro Luís Roberto Barroso. Para o ministro, a criminalização do aborto nos três primeiros meses da gestação viola os direitos sexuais e reprodutivos da mulher, o direito à autonomia de fazer suas escolhas e o direito à integridade física e psíquica. O caso julgado pelo colegiado tratava da revogação de prisão de cinco pessoas detidas em uma operação da polícia do Rio de Janeiro em uma clínica clandestina, entre elas, médicos e outros funcionários.

O Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp) emitiu uma nota se posicionando a favor da descriminalização do porte de maconha para consumo próprio no Brasil. O tema é analisado desde 2011 pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e o julgamento que vai definir se o artigo 28 da Lei n.º 11.343/2006, que trata sobre drogas, é constitucional está suspenso desde setembro do ano passado.

A decisão de se declarar a favor foi tomada no último dia 30, após uma reunião da Câmara Técnica de Psiquiatria. "Nós nos posicionamos a favor da descriminalização do porte para o uso próprio e não do comércio, do tráfico. A maconha é uma realidade no País e no mundo, não há como evitar que as pessoas comprem a droga. O indivíduo não pode ser penalizado. Ele deve ser orientado e tratado, mas não preso", diz Mauro Aranha, psiquiatra e presidente do Cremesp. "Geralmente, quem é preso por porte de maconha para uso próprio são as pessoas mais vulneráveis, que vivem nas periferias das grandes metrópoles."

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Aranha afirma que o ideal seria fazer uma avaliação da pessoa que for flagrada com maconha e que a prisão deveria ser destinada a quem comete o crime de tráfico de drogas. Ele ressalta que a medicina reconhece os danos à saúde causados pela maconha.

"É uma droga que pode provocar malefícios graves, levar a quadros psicóticos, prejudicar o desenvolvimento neurológico de jovens e adultos até os 25 anos e induzir a uma síndrome na qual o indivíduo não desenvolve suas funções sociais e profissionais, justamente por isso a pessoa precisa ser orientada. Se faz o uso nocivo ou é dependente, precisa ser tratada", disse o presidente do Cremesp.

O recurso que está sendo julgado pelo STF se baseia em uma ação da Defensoria do Estado de São Paulo, que contestou a condenação do comerciante Francisco Benedito de Souza por portar 3 gramas de maconha dentro de uma penitenciária em Diadema no ano de 2009. O artigo 28 da Lei n.º 11.343/2006 define como crime adquirir, guardar ou portar drogas para consumo pessoal.

Opiniões contrárias

O posicionamento do Cremesp divide a opinião de especialistas. Para o professor do Departamento de Psiquiatria da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Dartiu Xavier da Silveira, a posição do conselho de Medicina segue a adotada por diversos países. "Já é uma coisa que se faz no mundo inteiro. As nações mais civilizadas estão tendo essa discussão por uma constatação do fracasso da guerra às drogas. Tem de combater a dependência."

Silveira, que trabalha com dependência química há 30 anos, diz que criminalizar o consumo de drogas coloca o usuário em risco. "Quando há proibicionismo, sempre se observam formas mais perigosas de distribuição das drogas."

O presidente da Associação Médica Brasileira (AMB), Florentino Cardoso, afirma que a entidade mantém sua posição contrária à descriminalização do porte de drogas.""Somos contra o uso de drogas ilícitas. O Brasil já convive com vários problemas, e as pessoas tentam burlar o que é estabelecido de todas as maneiras." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Uma conferência internacional de luta contra as drogas reunida na Malásia fez um apelo nesta quarta-feira para a ONU publicar um documento de trabalho que propõe descriminalizar o consumo pessoal de entorpecentes.

A publicação deste documento por parte do milionário britânico Richard Branson, favorável à descriminalização do consumo e integrante de uma comissão mundial sobre a política de drogas, desencadeou uma polêmica.

O Escritório das Nações Unidas contra a Droga e o Crime (UNODC em inglês) apresentaria o documento na conferência de Kuala Lumpur, mas por fim desistiu alegando que não se tratava de um "documento final".

No entanto, 500 delegados de todo o mundo, de profissionais da saúde, pesquisadores e militantes sociais, pediram que as recomendações deste documento sejam aprovadas.

"O amplo apoio de nossos delegados às recomendações da ONUDC a favor de uma descriminalização deve incitá-los a abrir o caminho neste tema e a publicar o documento em sua forma atual", disse Rick Lines, responsável da Harm Reduction International, a ONG que organiza a conferência.

O documento da ONUDC sustenta que o consumo pessoal de drogas pode reduzir em vários milhões o número de pessoas detidas no mundo.

Uma descriminalização poderia reforçar a luta contra a Aids e outras doenças e reduzir as tensões nas prisões, diz o documento.

"A guerra contra as drogas fez muitos danos a muita gente", afirmou Branson ao divulgar o relatório em seu blog.

Este documento "pode ser uma guinada que pode conduzir finalmente ao fim da penalização inútil dos consumidores de drogas no mundo", acrescentou.

Por sua vez, a ONUDC disse que houve uma "má compreensão lamentável sobre a natureza e o objetivo deste trabalho".

"A ONUDC desmente com vigor ter recebido pressões para retirar o documento", indicou um documento do escritório da ONU.

"Não é possível retirar um documento que ainda não está pronto", acrescentou.

A Assembleia Geral da ONU deve organizar em abril uma conferência sobre a luta contra as drogas.

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