Vacina: Doria vence 'primeiro round' contra Bolsonaro

Atentos às eleições de 2022, analistas políticos indicam que o presidente deve intensificar o investimento na vacina de Oxford para reverter os prejuízos da corrida vacinal e pode investir no retorno do auxílio emergencial

por Victor Gouveia qui, 21/01/2021 - 12:30
Reprodução/Flickr/ Governo de São Paulo/ Palácio do Planalto A antecipação da imunização em São Paulo deu prestígio internacional ao governador, afirma o especialista Elton Gomes Reprodução/Flickr/ Governo de São Paulo/ Palácio do Planalto

A politização em torno da imunização contra a Covid-19 no Brasil fez insurgir o primeiro candidato à concorrente de Jair Bolsonaro em 2022. Em debate com especialistas em Política, o LeiaJá analisou o avanço do governador de São Paulo, João Doria (PSDB), ao pleito e como o presidente da República deve reverter a derrota diante da liberação da Coronavac, do Instituto Butantan.

O cientista político Elton Gomes aponta que a antecipação da vacina em São Paulo foi um grande revés para o Governo Federal, pois Doria ganhou prestígio dentro e fora do Brasil. Contudo a iniciativa do gestor não é suficiente para decidir uma eleição presidencial. "Nesse primeiro round, claramente o vencedor é Doria, mas o jogo está sendo jogado e até 2022 muitas condicionantes políticas devem ser levadas em consideração como, a Economia, o nível de apoio congressual, a presença ou não de protestos de rua em desfavor do presidente, a possibilidade do PSDB fazer uma aliança pragmática com partidos de centro-esquerda e esquerda para tentar uma oposição mais sistemática ou viabilizar o processo de impeachment”, indicou.

Apesar dos prejuízos com o insucesso na corrida vacinal, Bolsonaro deve tentar reverter o atraso com um alto investimento na sua aposta de imunizante. "A respeito da política de Saúde em um modo geral, a literatura mostra que a percepção do grande público é de que isso é uma obrigação do Estado. Então, não dá muito voto. Porém, para Doria é muito bom dar a vacina, porque a rigor não era obrigação do governo estadual. Para o Governo Federal, não dar a vacina é um demérito muito grande e pode produzir um dano considerável. Por isso ele vai correr loucamente para conseguir o insumo e começar a produção da Fiocruz", afirmou o estudioso.

Apesar disso, ter preenchido o vácuo de poder deixado por Bolsonaro não garante o bom desempenho do governador nas urnas. Ele ainda sofre com uma má avaliação e, de acordo com a pesquisa XP/Ipespe, não alcançaria a faixa presidencial. O espaço de incerteza entre a dupla amplia as possibilidades de mais um possível candidato.

Ao considerar o resultado do levantamento, o cientista político Antônio Henrique reforça que o ex-ministro da Justiça, Sergio Moro, ainda pode ser a surpresa nas eleições de 2022. "De fato, João Doria se capitalizou politicamente em virtude dessa vacinação, impondo uma das maiores derrotas para Jair Bolsonaro [...] ainda tem muito chão para 2022, nas últimas pesquisas de opinião coloca-se que Sergio Moro seria o adversário mais capaz de derrotar Bolsonaro no 2º turno”, pontuou.

Tomado por críticas, que foram agravadas durante a falta de uma boa coordenação no enfrentamento da pandemia, o Governo Federal tem como saída liberar os cofres e investir em políticas de renda mínima, para garantir uma ampla assistência e, em troca, conseguir um alto retorno com as camadas menos favorecidas. Logo, se quiser chegar forte em 2022, Bolsonaro vai ter que ser mais sensível a possibilidade de tornar o auxílio emergencial definitivo ao tirar o projeto Renda Brasil do papel.

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