Recifenses voltam às ruas em protesto contra Bolsonaro
Manifestantes dão continuidade à onda de atos que ocorrem em nível nacional. Concentração saiu às 9h, da região central da cidade
Na capital pernambucana, centenas de militantes voltaram a se reunir neste sábado (3) para pedir o impeachment do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e demandar por mais vacinas contra a Covid-19. Esse foi o terceiro protesto no Recife que acontece de acordo com a convenção nacional, consecutivamente, após o 29M, em 29 de maio, e o 19J, em 19 de junho. A concentração foi iniciada por volta das 9h, na Praça do Derby, região central da cidade. O 3J, como foi apelidado o novo ato, foi adiantado diante dos novos escândalos associados ao Governo Federal. Às 10h, a multidão seguiu sentido Avenida Conde da Boa Vista, em filas indianas, e se dispersou por volta do meio-dia.
O mote dos protestos continuou sendo o "vacina no braço e comida no prato”. Como nos protestos anteriores, movimentos sociais e populares, sindicatos, organizações feministas e da juventude encabeçam o levante em defesa também da manutenção do auxílio emergencial de R$ 600 até o fim da pandemia. Também ouve mais ênfase ao desdobramento do Projeto de Lei 490/2007, que trata do futuro das terras indígenas no país. Lideranças de povos nativos também compuseram os participantes.
Como nas últimas duas reuniões nacionais, a vereadora Liana Cirne (PT-PE) voltou a comparecer à mobilização, apesar dos eventos violentos que ocorreram no 29M, quando a parlamentar foi atingida por um disparo de spray de pimenta, lançado pela Polícia Militar durante uma tentativa de diálogo.
“Todo mundo está se cuidando porque essa é uma manifestação em defesa da vida. Sobretudo nesta semana em que a CPI descobriu cobrança de propina de um dólar por dose de vacina. Descobriu que nós deixamos de comprar as vacinas da Pfizer por causa da corrupção, para lucrar com as vacinas da Covaxin enquanto o povo brasileiro estava morrendo. Descobrimos que mais de 400 mil mortes da nossa população se deveu pela ambição de roubar, de corromper o dinheiro público e lucrar em cima de mortes. Não dá, chegamos ao limite. Esse governo não se sustenta”, disse Cirne ao LeiaJá.
Inicialmente prevista para o dia 24, a manifestação foi antecipada pela campanha ‘Fora Bolsonaro’ diante das recentes revelações feitas pela CPI da Covid no Senado, que associam Jair Bolsonaro e servidores da Saúde, bem como parlamentares da base do Governo, à denúncia de corrupção na compra superfaturada da vacina indiana Covaxin. Ao longo desta semana, estourou também a denúncia envolvendo pagamento de propina na aquisição das vacinas, o que esquentou os ânimos da oposição.
O ato seguiu em direção à Praça do Diário e foi pacífico nas suas três horas de duração. Houve presença da Autarquia de Trânsito e Transporte (CTTU), de agentes conciliadores e da Polícia Militar, que acompanhou os manifestantes, mas sem conflitos. A organização do protesto contou com equipes de biossegurança do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) para a higienização das mãos dos participantes, além da distribuição de máscaras e a organização do distanciamento social.
Integraram oficialmente o ato as Frentes Povo sem Medo e Brasil Popular, Rede Nacional de Médicas e Médicos Populares, integrantes do PT, do PCdoB e do PSOL, Central Única dos Trabalhadores, União Nacional dos Estudantes e a União dos Estudantes de Pernambuco.
A vereadora pelo PCdoB e escritora, Cida Pedrosa, também caminhava junto aos manifestantes, acompanhando um grupo de militantes e estudantes do seu partido.
“Eu não quero um genocida no poder. Um homem que está cometendo crime contra a humanidade, que jogou o Brasil na bancarrota. Bancarrota econômica, da saúde e social. Fora Bolsonaro! Vamos formar uma frente ampla para derrubar o coiso”, declarou, ao segurar uma bandeira da sigla.