"Só na favela que guarda-chuva é confundido com fuzil"

Um homem foi alvejado pela polícia no Rio de Janeiro

por Jameson Ramos qua, 19/09/2018 - 11:45
Arquivo Pessoal Alexandre deixa uma mulher e dois filhos pequenos Arquivo Pessoal

"Só na favela que guarda-chuva é confundido com fuzil". É o que vem afirmando moradores da favela Chapéu Mangueira, na Zona Sul do Rio de Janeiro, em protesto contra o assassinato do Rodrigo Alexandre da Silva Serrano, 26 anos. Ele foi alvejado após a polícia confundir o guarda-chuva que tinha em mãos com um fuzil.

O caso aconteceu às 19h30 da última segunda-feira (17), numa noite de chuva no Rio. Segundo informações da ONG Ponte, o homem esperava a mulher e os filhos, um de 4 anos e outro de 10 meses, na frente de um bar da localidade. Moradores relataram à ONG que policiais da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da favela teriam disparado três tiros contra o Alexandre, que estava com o guarda-chuva e um "canguru" que seria usado para carregar o filho mais novo, que foi confundido com um colete à prova de balas.

A vítima havia acabado de conseguir um novo emprego e estava se preparando junto com a sua esposa para realizar a festa de 1º ano de vida do bebê. Uma pessoa, que não quis se identificar, disse à Ponte que não estava tendo operação no momento e que nem se quer troca de tiros teve. Procurada, a Polícia Militar do Rio de Janeiro (PMERJ) deu outra versão à ONG.

"Os agentes foram alertados por populares que havia criminosos na localidade do bar do David. Chegando ao local, houve troca de tiros e um breve confronto", assegura a PMERJ. A esposa do Alexandre, Thayssa de Freitas, pede por justiça. Ela relatou que o seu filho de quatro anos já sabe o que é tiroteio, se agachar e ficar escondido por conta do que acontece dentro da comunidade. "Que realidade é essa?", indagou a viúva.

Na manhã desta última terça-feira (19), alguns moradores da favela estavam com vários guarda-chuvas em punho, protestando contra a ação dos policiais que resultou na morte do trabalhador. A confusão da polícia foi um dos assuntos mais comentados nas redes e internautas se mostraram incrédulos com o fato. "Se um policial, que recebe capacitação pra usar uma arma, confunde um guarda-chuva com um fuzil, imagina o 'cidadão de bem'?", apontou Reila Cinalli. Já Adriana Montania escreveu: "isso porque foi confundido um guarda-chuva e levou três tiros, imagina se ele tivesse armado mesmo".

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