Trump aprofunda abismo com médico sobre desconfinamento
O retorno ou não dos estudantes às escolas e universidades em setembro se tornou um ponto de inflexão no abismo aberto entre a Casa Branca e os especialistas médicos
O presidente americano, Donald Trump, aprofundou nesta quarta-feira (13) as divergências com seu assessor médico, Anthony Fauci, sobre a rapidez com que se deve implementar a flexibilização das restrições impostas pelo novo coronavírus, afirmando que está "totalmente" em desacordo com a manutenção das escolas fechadas.
O retorno ou não dos estudantes às escolas e universidades em setembro se tornou um ponto de inflexão no abismo aberto entre a Casa Branca e os especialistas médicos, com visões contrapostas sobre como realizar o desconfinamento no país.
Trump considerou "inaceitável" o último apelo de Fauci em empreender uma reabertura mais cautelosa. "Estamos abrindo o nosso país, as pessoas querem que abra, as escolas vão abrir", disse Trump em conversa com jornalistas na Casa Branca.
Fauci, um renomado especialista em doenças infecciosas e assessor-chave de Trump durante a pandemia, disse ao Congresso na terça-feira que pôr fim ao confinamento rápido demais pode ter consequências "realmente graves".
"Existe um risco real de que se desencadeie um surto que talvez não se possa controlar", advertiu.
O discurso de Fauci se contrapõe às tentativas de Trump de deixar para trás a emergência sanitária e se concentrar na reativação da economia da primeira potência mundial, uma visão que ganha força em um momento em que as empresas lutam para se manter solventes e milhões de americanos se registram para receber o seguro desemprego.
Ao cenário marcado pela pandemia se soma a eleição de novembro, na qual Trump tentará a reeleição com o argumento de que conduzirá o país à recuperação econômica. Seu adversário democrata, Joe Biden, acusa o republicano de má gestão da pandemia e afirma que esta falha contribuiu para piorar a situação de contágios e mortes por Covid-19 no país.
Até agora, Trump manteve Fauci, mas o cientista está cada vez mais em segundo plano, enquanto o presidente pressiona com sua mensagem de reabertura.
"Anthony é uma boa pessoa, uma pessoa muito boa. Não estou de acordo com ele", disse Trump em entrevista à Fox Business Network, que será transmitida na quinta-feira.
"Temos que abrir nosso país. Agora, queremos fazê-lo de forma segura, mas também queremos fazê-lo o mais rapidamente possível. Não podemos continuar assim. Já há caos nas ruas", disse.
Durante a entrevista, Trump declarou: "Estou totalmente em desacordo com ele sobre as escolas".