Tópicos | desconfinamento

A França começou, nesta terça-feira (15), um processo de desconfinamento gradual antes do Natal, mas as autoridades pedem aos franceses que não baixem a guarda para evitar uma nova onda de Covid-19 após as festas de fim de ano.

Instaurado em 30 de outubro para lidar com uma forte segunda onda de infecções no país, o confinamento será substituído por um toque de recolher noturno, à exceção da noite de 24 de dezembro.

Isso significa que os franceses poderão sair às ruas, a partir desta terça, sem ter de preencher um atestado que justifique sua saída, mas terão de voltar para casa antes das 20h e permanecer em sua residência até as 6h.

A vida dos franceses está longe de voltar ao normal, porém, já que restaurantes, bares, academias, museus, cinemas e teatros continuarão fechados até novo aviso.

Sua reabertura "vai depender de como teremos passado o período festivo", o que pode "favorecer uma circulação acelerada" do vírus, se "não formos responsáveis coletivamente", afirmou o primeiro-ministro Jean Castex.

O mundo da cultura está organizando vários atos em todo país, nesta terça-feira, para protestar contra os fechamentos.

Em uma tentativa de apaziguar a insatisfação, Castex confirmou que serão concedidos "35 milhões de euros" adicionais ao setor cultural e que a situação seria revista em 7 de janeiro de 2021 para ver se uma reabertura é possível.

Em relação à hotelaria e à restauração, milhares de profissionais foram às ruas de Paris na segunda-feira para reivindicar que possam trabalhar.

Para limitar os riscos de contágio antes das férias escolares, as quais começam na tarde de sexta-feira, Castex disse que os pais que assim desejarem serão autorizados a não mandar seus filhos para a escola nestas quinta e sexta-feiras.

"Sempre que possível, especialmente se forem receber pessoas vulneráveis no Natal, se puderem não mandar seus filhos para a escola na quinta e ma sexta-feira, façam isso", insistiu Castex em entrevista à rádio Europe 1.

O primeiro-ministro recomendou ainda que os franceses que forem passar as festas de fim de ano com a família, ou com amigos, pratiquem o "autoconfinamento" uma semana antes, ou seja, que tirem férias, ou que trabalhem de casa sete dias antes de 24, ou de 31 de dezembro.

Desde o início da epidemia na França, mais de 58 mil pessoas morreram, e uma média de 12 mil novos casos por dia continua a ser registrada em todo país.

O primeiro-ministro britânico Boris Johnson explicará nesta segunda-feira (23) como pretende desmantelar o segundo confinamento contra o coronavírus na Inglaterra e substituí-lo por novas restrições e um programa massivo de testes à espera do início da vacinação.

Desde que o início do confinamento em 5 de novembro, "o número de novos casos está diminuindo", disse Johnson, citado em um comunicado.

"Ainda não estamos fora de perigo (...) mas com a ampliação dos testes e vacinas mais perto da distribuição" será possível aplicar um "sistema de restrições locais que vai ajudar a manter o vírus sob controle", acrescentou.

Forçado a ficar em quarentena após ter entrado em contato com um deputado conservador que posteriormente foi diagnosticado com Covid-19, o primeiro-ministro falará aos deputados por videoconferência antes de dar uma entrevista coletiva virtual no final da tarde.

Ele deve anunciar que lojas, pubs e restaurantes não essenciais poderão reabrir a partir de 3 de dezembro, o que dará um impulso nas semanas que antecedem o Natal para uma economia duramente atingida pela pandemia.

Então, por alguns dias perto do Natal, as restrições deverão ser relaxadas para que as famílias possam se reunir.

As quatro nações que compõem o país - Inglaterra, Escócia, País de Gales e Irlanda do Norte - buscam coordenar suas políticas para que as famílias possam viajar nas mesmas condições.

Com mais de 55.000 mortes confirmadas por covid-19, o Reino Unido é o país mais atingido pela pandemia na Europa.

Na Inglaterra, o sistema de restrições locais, aprovado pelo conselho de ministros no domingo, vai manter os níveis de alerta anteriores ao confinamento, mas mais zonas deverão entrar em nível superior.

Na quinta-feira, o governo anunciará o nível de cada região.

"Até conseguirmos vacinar a maior parte da população, teremos que continuar trabalhando para manter as coisas sob controle, mas espero que as pessoas vejam que há uma saída", disse o ministro da Saúde, Matt Hancock, ao canal Sky News.

Johnson saudou o anúncio feito pela manhã pelo laboratório britânico AstraZeneca sobre a alta eficácia da vacina contra a covid-19 que desenvolve com a Universidade de Oxford: 70% em média e em alguns casos até 90%.

"Esses resultados são incrivelmente encorajadores e um grande passo em nossa luta contra a covid-19", disse ele.

O Reino Unido, que tem apostado fortemente neste projeto, reservou 100 milhões de doses desta vacina que, segundo o diretor executivo da AstraZeneca, vai solicitar rapidamente a aprovação das autoridades sanitárias.

Mais baratas e simples que as vacinas dos laboratórios norte-americanos Pfizer e Moderna por poderem ser armazenadas a uma temperatura entre 2ºC e 8ºC, o governo britânico espera poder começar a distribuí-la em dezembro. Embora a maior parte da vacinação ocorra entre janeiro e março, segundo Hancock.

O desconfinamento também será acompanhado por um programa de detecção rápida e massiva da população em áreas de alerta "muito alto", a exemplo de um experimento realizado em Liverpool, no noroeste da Inglaterra, de acordo com comunicado do governo.

Com implantação progressiva, esse sistema tem como objetivo final que os contatos de um caso positivo sejam submetidos a testes diários ao invés de ficarem em quarentena por 14 dias.

O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, anunciou nesta terça-feira (23) a passagem da Inglaterra para uma nova fase do desconfinamento, em 4 de julho. Nesta data, serão reabertos bares, restaurantes, hotéis, salões de beleza, cinemas e museus. Casamentos também poderão voltar a ser realizados.

"Hoje podemos dizer que nossa longa hibernação nacional está chegando a seu fim", afirmou o líder conservador ao anunciar, diante da Câmara dos Comuns, que setores como turismo, restauração e cultura poderão reabrir as portas para o público.

Para que os setores de restauração e turismo possam ser reativados com a chegada do verão (inverno no Brasil), Johnson anunciou ainda que se reduzirá de dois para um metro - "quando não for possível manter mais" - a distância entre pessoas até então recomendada para evitar a propagação do novo coronavírus.

O território está há mais de três semanas suspendendo progressivamente o confinamento imposto em 23 de março.

A reabertura anunciada hoje é a maior até o momento e é considerada bem-vinda tanto pelo setor de hotelaria, quanto pelo da cultura, assim como por britânicos que pretendem, em grande número, evitar as frequentadas praias estrangeiras e veranear no país.

Johnson advertiu, porém, que "quanto mais nós abrirmos, mais vigilantes temos que ser".

"O vírus não desapareceu, e haverá novos surtos", afirmou, assegurando que, se a situação se descontrolar, poderá voltar a aplicar "restrições inclusive em nível nacional".

Os números diários de infecções e de óbitos pelo coronavírus no Reino Unido, o país mais castigado da Europa com 42.647 mortos, continuam diminuindo.

Na segunda-feira, foram registrados 15 falecimentos, um piso desde 15 de março, embora os dados no início de cada semana sejam artificialmente baixos pelos atrasos nos registros de sábado e domingo.

- Distanciamento físico -

O governo vai impor às salas de cinema, ou de exposições, que adotem medidas de distanciamento físico, como circulação em apenas um sentido, filas espaçadas, aumento da ventilação e reserva de entradas.

No caso de restaurantes e hotéis, será pedido que "coletem informação de contato dos clientes, como já se faz em outros países", para poder localizá-los no caso de detecção de um surto de COVID-19, explicou Johnson aos deputados.

Também haverá medidas de segurança sanitária nos salões de beleza, e os casamentos não poderão reunir mais de 30 pessoas, completou.

Para poder se reencontrar com familiares e amigos a partir de 4 de julho, os integrantes de duas casas diferentes estarão autorizados a se reunir ao ar livre, ou no interior. E isso não será excludente, ou seja, poderão se juntar a outros grupos, em outros dias.

O Executivo também está em contato com o setor de apresentações ao vivo para encontrar uma maneira para que possam reabrir "o quanto antes", acrescentou o premier.

Nos últimos meses, o Reino Unido aumentou muito consideravelmente sua capacidade de realizar testes de COVID-19, alcançando 200.000 diários. Agora, o governo diz estar aplicando testes, de forma regular, em todos os lares para idosos, além de ter estendido essa verificação para toda população.

Na segunda-feira, menos de mil pessoas (958) haviam dado positivo nas últimas 24 horas. De acordo com o ministro da Saúde, Matt Hancock, apenas um a cada 1.700 habitantes tem o vírus agora, contra um a cada 400 há um mês.

O balanço da pandemia é grave, porém. Segundo dados oficiais do Escritório de Estatísticas Nacionais (ONS) - órgão que, ao contrário do governo, inclui todas as mortes atribuídas à COVID-19 (mesmo que o teste não tenha sido realizado) -, o número de mortos era de quase 53.000 até 12 de junho.

As medidas de desconfinamento anunciadas por Johnson serão aplicadas apenas à Inglaterra. Os governos autônomos de Escócia, Gales e Irlanda do Norte seguem seu próprio calendário.

Quito, segunda cidade com mais casos do novo coronavírus no Equador, começou nesta quarta-feira a abandonar a quarentena de 11 semanas e a se reativar, em meio a uma pandemia que deu um prejuízo de mais de 12 bilhões de dólares ao país.

Na capital, de 3 milhões de habitantes, retomava-se gradualmente o transporte urbano e o trabalho presencial com 50% dos funcionários, e restaurantes e centros comerciais reabriram. Também foi reduzido para oito horas o toque de recolher de 11 horas.

Com quase 3,8 mil casos, Quito é a segunda cidade com mais infectados, depois de Guayaquil, foco da pandemia no Equador, com 9,8 mil infectados. O presidente equatoriano, Lenín Moreno, manifestou no Twitter que, "hoje, Quito muda para o sinal amarelo. Vamos nos cuidar, cuidar dos vulneráveis, cumprir cada recomendação de saúde e higiene, para termos uma reativação com toda a precaução. De cada um depende a vida de todos."

O sinal amarelo aumenta de dois para três dias a permissão de circulação de carros particulares, motivo pelo qual o tráfego na cidade se intensificou. Antes, o Comitê de Operações de Emergência, a cargo da crise do novo coronavírus, autorizou a reativação de setores como os da construção e têxtil.

Mais da metade da população do Equador, de 17,5 milhões de habitantes, cumpre atividades com o sinal amarelo e apenas dois dos 221 cantões do país estão no verde, em que o toque de recolher é de cinco horas.

O Equador é um dos países latinos mais atingidos pelo novo coronavírus, com cerca de 41 mil casos, incluindo 3.486 mortos (uma média de 20 em cada 100.000 pessoas). O país é o quarto da região com mais vítimas fatais, atrás do Brasil, México e Peru, segundo um balanço da AFP. O governo também reporta 2.221 possíveis mortos pela Covid-19.

O Equador decretou em março estado de exceção, que irá até meados de junho.

Os espanhóis reencontraram, nesta segunda-feira (25), suas praias, e os italianos, suas piscinas: a Europa continua seu desconfinamento após semanas de paralisia pelo coronavírus, que matou 345.000 pessoas no planeta e continua a avançar, principalmente na América Latina.

Em Madri, até então sujeita a um dos mais rígidos confinamentos do mundo diante da pandemia que apareceu na China no final de 2019, os habitantes da capital espanhola se beneficiaram de uma flexibilização, com a reabertura das áreas externas dos cafés e restaurantes, além de espaços verdes.

Ao amanhecer, centenas de moradores de Madri invadiram o Parque Retiro, cujos portões se abriram pela primeira vez em dez semanas.

"A reabertura do Retiro me traz uma certa serenidade, um certo conforto", comemora Rosa San José, de 50 anos, passeando com roupas esportivas e uma máscara branca.

Em parte da costa espanhola, as praias também voltaram a ser acessíveis. Outro país fortemente atingido pela Covid-19, a Itália deu um novo passo no levantamento de restrições, com a reabertura das academias esportivas e piscinas, uma semana após a de restaurantes.

Na Islândia, as boates já podem receber clientes, um privilégio raro na Europa. Esta manhã, os esportistas reencontraram suas academias.

"É ótimo poder retomar as atividades esportivas", comemorou Helga Bergman, de 55 anos, que não perdeu a reabertura de sua academia favorita, a World Class Laugar, em Reykjavik.

Na Alemanha, a maioria dos restaurantes conseguiu reabrir nesta segunda-feira, assim como alguns hotéis. O governo pretende estender, porém, até pelo menos 5 de julho suas regras de distanciamento social.

O Reino Unido, segundo país mais em número de vítimas fatais (quase 37.000), planeja iniciar seu desconfinamento em 1º de junho, com uma reabertura parcial das escolas.

Hoje, o primeiro-ministro Boris Johnson foi alvo de críticas, por manter seu conselheiro Dominic Cummings. Ele violou o confinamento, ao ir à casa de seus pais no final de março, a 400 quilômetros de Londres, quando apresentava sintomas da Covid-19.

Na Áustria, considerado um país modelo na gestão da crise, foi o presidente da República, Alexander Van der Bellen, que teve de se desculpar por estar em um restaurante em Viena, após o horário de fechamento.

- Voos domésticos na Índia -

Na Grécia, os terraços de tabernas e cafés reabriram nesta segunda-feira, uma semana antes do esperado, para apoiar o setor de restaurantes. Espera-se o retorno dos turistas em meados de junho.

No bairro Thissio, aos pés da Acrópole, os atenienses retomam seus hábitos, saboreando seu café "freddo" ao sol. Em Kiev, capital da Ucrânia, o metrô voltou a operar.

Distâncias de segurança e gestos de barreira estão por toda parte para evitar uma possível segunda onda pandêmica, temida pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

O Japão suspendeu nesta segunda-feira o estado de emergência que ainda estava em vigor em Tóquio, por exemplo, para permitir a retomada da atividade econômica da terceira economia mundial.

Na Índia, os voos domésticos foram retomados hoje. Entre as condições necessárias para poder embarcar estão a verificação de temperatura e ter o aplicativo de rastreamento do governo, o Aarogya Setu, instalado no celular.

Apesar dessas precauções, o nervosismo era palpável entre os funcionários do aeroporto de Nova Délhi.

"Interagir com tantas pessoas no momento é arriscado. Devo ter estado em contato com pelo menos 200 pessoas desde esta manhã", disse um funcionário à AFP.

De longe o país do Oriente Médio mais atingido pela pandemia, o Irã reabriu seus principais santuários xiitas nesta segunda, incluindo os de Machhad e Qoms.

- Multidão -

Enquanto a pandemia parece sob controle na Europa e retarda sua progressão nos Estados Unidos, ela acentua seus estragos na América Latina, seu "novo epicentro", de acordo com a OMS.

Particularmente atingido, o Brasil já registrada a morte de mais de 22.600 pessoas.

Hostil às medidas de confinamento e a gestos de barreira, o presidente Jair Bolsonaro não hesitou no domingo em passear em meio a uma multidão em Brasília, apertando as mãos de seguidores e até carregando uma criança nos ombros.

Diante da deterioração da situação no país, o presidente americano, Donald Trump, aliado de Bolsonaro, proibiu no domingo a entrada nos Estados Unidos de viajantes não americanos vindos do Brasil.

Com o número de 100.000 mortes a ser atingido esta semana nos Estados Unidos, o país mais afetado do planeta, as bandeiras foram hasteadas a meio mastro por três dias.

Ainda assim, o desconfinamento continua no território americano, com um governo ansioso para reativar a economia. Os nova-iorquinos puderam retornar à praia no domingo.

Já no México, o presidente Andrés Manuel López Obrador alertou que o país está "no momento mais doloroso da pandemia". Ele estimou que a crise causará a perda de um milhão de empregos em 2020.

No Chile, o presidente Sebastián Piñera considerou que o sistema nacional de saúde está saturado e "muito próximo de seus limites".

O Peru estendeu o confinamento até 30 de junho. Na Argentina, o isolamento social obrigatório foi estendido até 7 de junho, tendo aumentado cinco vezes o número de contaminações em Buenos Aires em duas semanas.

A Itália entrou nesta segunda-feira (25) em uma nova etapa do desconfinamento iniciado há três semanas, com a abertura de piscinas e academias.

Uma semana após a reabertura de bares e restaurantes, os quase dez milhões de italianos que frequentam estes espaços dedicados à prática de esportes poderão voltar a fazê-lo, desde que por meio de reservas antecipadas.

Apenas duas regiões adiaram a reabertura: a Lombardia, para 31 de maio; e Basilicata, para 3 de junho. A máscara não será obrigatória durante os exercícios, mas muitos locais exigirão seu uso desde a entrada até o vestiário.

Nas piscinas públicas e nos parques aquáticos, deve-se manter uma distância de 7m² entre as pessoas na água e um metro e meio entre as espreguiçadeiras.

Tanto nas academias quanto nas piscinas, é possível verificar a temperatura das pessoas, embora não seja uma obrigação, e proibir a entrada a partir de 37,5°C.

Os responsáveis pelas instalações também devem manter a lista de visitantes por um período de 14 dias, o tempo de incubação do vírus, para isolar um caso positivo das pessoas com quem tenham estado em contato.

Um dos países mais afetados pela Covid-19, com mais de 32.000 mortes em três meses, a Itália acelerou a saída do confinamento na semana passada, com a reabertura de lojas, bares e restaurantes.

A partir de 3 de junho, o governo planeja suspender as restrições às viagens entre regiões e reabrir as fronteiras aos viajantes europeus para permitir a retomada do turismo. O setor é crucial para a economia italiana.

A cidade de Guayaquil, foco da epidemia de Covid-19 no Equador, começará na próxima quarta-feira (20) a abrandar a quarentena imposta há nove semanas em todo o país para conter a doença, anunciou nesta segunda-feira (18) sua prefeita, Cyntha Viteri.

"Passaremos, com cautela, ao sinal amarelo", informou a prefeita da cidade, de 2,7 milhões de habitantes. O governo do Equador aplica desde meados de abril um semáforo para diferenciar o risco nas diferentes regiões do país.

Os 221 cantões começaram no vermelho, mantendo há nove semanas medidas restritivas como toque de recolher de 15 horas e suspensão do trabalho presencial e das aulas. Desde 31 de abril, apenas três cantões passaram ao amarelo, fase em que o toque de recolher é de oito horas e são retomadas as consultas em hospitais, o transporte urbano, o trabalho presencial com 50% dos funcionários e atividades comerciais.

Quito e várias das principais cidades do Equador se mantêm no vermelho, dentro do estado de exceção decretado pelo Executivo há dois meses e que irá se estender até meados de junho.

O Equador é um dos países latinos mais atingidos pelo novo coronavírus, com 34 mil casos, incluindo 2,8 mil mortos. A província de Guayas, cuja capital é Guayaquil, concentra 53% das infecções.

Desde que a presença do vírus foi declarada no Equador, em 29 de fevereiro, os sistemas de saúde e funerário entraram em colapso em Guayaquil, onde foram registradas cerca de 9,1 mil infecções. Apesar do início do desconfinamento, a cidade não considera a emergência encerrada.

"Pode haver um novo surto, uma segunda onda, se as medidas necessárias não forem tomadas. Seremos, então, obrigados a retornar ao sinal vermelho", manifestou a prefeita. O governo nacional deixou nas mãos dos prefeitos a decisão de iniciar o desconfinamento.

Novas regiões da Espanha iniciaram nesta segunda-feira (18) seu desconfinamento, o que já é uma realidade para 70% dos espanhóis, embora Madri e Barcelona, as áreas mais atingidas pelo coronavírus, estejam atualmente excluídas.

Em Madri, o executivo regional de direita mostrou irritação com a decisão do governo central de manter o confinamento na capital, onde centenas de pessoas se manifestaram no fim de semana em vários bairros para exigir a renúncia do primeiro-ministro Pedro Sánchez.

Os protestos, convocados nas redes sociais e apoiados por partidos de direita, também se espalharam para outras cidades do país.

"Madri está pronta para passar a fase" e começar a desescalada do confinamento, disse nesta segunda-feira na rádio pública RNE o secretário de Saúde da região de Madri, Enrique Ruiz Escudero. "Na verdade, não entendemos a decisão de não ter passado (de fase)", disse.

O governo do socialista Pedro Sánchez avalia que Madri, a região mais afetada pela pandemia de coronavírus com um terço dos casos e mortes, ainda não garantiu que possui os meios necessários para enfrentar um eventual surto de COVID-19.

Como Madri, grande parte da região vizinha de Castilla y León e Barcelona, capital da Catalunha (nordeste), não passou para a fase 1 do desconfinamento, que permite, entre outras coisas, a abertura de terraços para bares e restaurantes e reuniões de no máximo dez pessoas.

Para limitar o impacto econômico, o governo relaxou as condições dessas áreas ainda na "fase 0" e permite que pequenas empresas atendam aos clientes sem hora marcada a partir desta segunda-feira.

"Acho coerente ir pouco a pouco, é preciso ter cautela", disse Manuel Moreno, 40 anos, trabalhador em um lar de idosos, um tipo de estabelecimento que sofreu particularmente com a pandemia.

"A economia precisa ser reativada, mas se as pessoas vissem o que passamos, não seriam tão egoístas", disse.

Novas áreas do país, como Granada e Málaga, em Andaluzia (sul), Toledo (centro) e Valência (leste) entraram nesta segunda-feira na fase 1 do desconfinamento, que metade do país adotou na segunda-feira, 11 de maio.

Atualmente, 70% dos espanhóis iniciaram o desconfinamento progressivo em três fases que o governo planeja encerrar no final de junho.

A Espanha é um dos países mais afetados pelo coronavírus, com mais de 27.600 mortes e 231.000 casos relatados, segundo o último balanço do Ministério da Saúde no domingo.

O presidente americano, Donald Trump, aprofundou nesta quarta-feira (13) as divergências com seu assessor médico, Anthony Fauci, sobre a rapidez com que se deve implementar a flexibilização das restrições impostas pelo novo coronavírus, afirmando que está "totalmente" em desacordo com a manutenção das escolas fechadas.

O retorno ou não dos estudantes às escolas e universidades em setembro se tornou um ponto de inflexão no abismo aberto entre a Casa Branca e os especialistas médicos, com visões contrapostas sobre como realizar o desconfinamento no país.

Trump considerou "inaceitável" o último apelo de Fauci em empreender uma reabertura mais cautelosa. "Estamos abrindo o nosso país, as pessoas querem que abra, as escolas vão abrir", disse Trump em conversa com jornalistas na Casa Branca.

Fauci, um renomado especialista em doenças infecciosas e assessor-chave de Trump durante a pandemia, disse ao Congresso na terça-feira que pôr fim ao confinamento rápido demais pode ter consequências "realmente graves".

"Existe um risco real de que se desencadeie um surto que talvez não se possa controlar", advertiu.

O discurso de Fauci se contrapõe às tentativas de Trump de deixar para trás a emergência sanitária e se concentrar na reativação da economia da primeira potência mundial, uma visão que ganha força em um momento em que as empresas lutam para se manter solventes e milhões de americanos se registram para receber o seguro desemprego.

Ao cenário marcado pela pandemia se soma a eleição de novembro, na qual Trump tentará a reeleição com o argumento de que conduzirá o país à recuperação econômica. Seu adversário democrata, Joe Biden, acusa o republicano de má gestão da pandemia e afirma que esta falha contribuiu para piorar a situação de contágios e mortes por Covid-19 no país.

Até agora, Trump manteve Fauci, mas o cientista está cada vez mais em segundo plano, enquanto o presidente pressiona com sua mensagem de reabertura.

"Anthony é uma boa pessoa, uma pessoa muito boa. Não estou de acordo com ele", disse Trump em entrevista à Fox Business Network, que será transmitida na quinta-feira.

"Temos que abrir nosso país. Agora, queremos fazê-lo de forma segura, mas também queremos fazê-lo o mais rapidamente possível. Não podemos continuar assim. Já há caos nas ruas", disse.

Durante a entrevista, Trump declarou: "Estou totalmente em desacordo com ele sobre as escolas".

Os franceses recuperam uma normalidade tímida nesta segunda-feira (11), após dois meses de quarentena, com a reabertura de lojas não essenciais e com a possibilidade de saírem às ruas livremente, ainda que o governo peça para não baixarem a guarda.

"Graças a vocês, o vírus regrediu. Mas ainda está aqui. Salve vidas, tenha cuidado", tuitou o presidente Emmanuel Macron, algumas horas antes do início do desconfinamento de uma população de 67 milhões de habitantes.

Com 70 óbitos em 24 horas, o menor saldo desde o início da quarentena em 17 de março, a França conseguiu retardar a disseminação do novo coronavírus e diminuir a pressão sobre os hospitais. O sistema estava prestes a entrar em colapso.

O vírus continua circulando no país, como mostram os números. As autoridades registraram três novos focos de infecção em regiões consideradas até então de baixo risco, despertando o medo de um novo pico de contágio.

- Abertura das lojas -

Com a suspensão gradual das restrições, milhares de pessoas voltam ao trabalho nesta segunda-feira, um retorno considerado essencial pelo governo para revitalizar a economia francesa. O país se encontra em sua pior recessão desde a Segunda Guerra Mundial.

Salões de beleza, lojas de roupas, floriculturas e livrarias reabrem suas portas, com uma série de precauções para funcionários e clientes.

Já restaurantes, bares, teatros e cinemas permanecerão fechados até junho pelo menos.

Depois de mais de dois meses dando aulas através de uma tela de computador, os professores retornam às escolas hoje para preparar o retorno das crianças às salas de aula a partir de terça-feira.

"Em torno de 86% das 50.500 escolas da França vão abrir para receber mais de 1,5 milhão de crianças", disse o ministro da Educação, Jean-Michel Blanquer, ao "Journal du Dimanche".

O retorno às aulas será realizado de forma voluntária e seguindo um rigoroso protocolo sanitário. Nele, as crianças deverão manter uma distância de pelo menos um metro o tempo todo, e os professores deverão estar de máscara.

Vários prefeitos ameaçaram não abrir os estabelecimentos em suas cidades, alegando que os riscos à saúde continuam sendo significativos.

- Máscaras obrigatórias no metrô -

Os franceses podem sair às ruas livremente, a partir desta segunda, sem ter de justificar. Deslocamentos estão permitidos dentro dentro de uma distância de, no máximo, 100 quilômetros de casa.

Para pegar o metrô, o ônibus, ou o trem, deverão, necessariamente, usar uma máscara. Para isso, o Estado francês disponibilizou 10 milhões de máscaras para as empresas de transporte público, que irão distribuí-las entre os usuários.

Em Paris, quem quiser pegar o transporte público nas horas mais frequentes também deve apresentar um atestado de sua empresa, justificando a necessidade do deslocamento. A medida tem como objetivo evitar multidões.

Para garantir a distância física entre os passageiros, placas e setas foram instaladas no piso das plataformas da estação de metrô. Caso as regras não sejam respeitadas, o serviço poderá ser interrompido, alertam os responsáveis.

Apesar dos temores de uma segunda onda de contágio, algo que os infectologistas consideram "possível", o governo acredita que é fundamental revitalizar a economia para evitar uma cascata de falências de empresas e desemprego em massa.

"Precisamos encontrar um equilíbrio indispensável entre o renascimento econômico e o respeito às precauções", disse o primeiro-ministro Edouard Philippe na semana passada.

Além de deixar mais de 26.000 mortos na França, a COVID-19 também teve um impacto devastador na economia francesa, com a redução da atividade em cerca de um terço e quase meio milhão de desempregados no setor privado.

"Isto fazia muita falta", diz Jesús Vázquez. No primeiro dia do desconfinamento em metade da Espanha, a população voltou às ruas, e muitos retomaram o hábito de tomar uma bebida no terraço.

Depois de mais de dois meses sob um dos mais rígidos confinamentos da Europa para o coronavírus, "você valoriza ainda mais esses pequenos prazeres", disse Vázquez, um trabalhador de 51 anos que pediu um sanduíche e uma cerveja no terraço de Tarragona, na Catalunha (nordeste).

Há quatro pessoas na mesa, sentadas nos cantos para manter a devida distância. O filho dele, Alejandro, diz que está esperando o fim do dia de trabalho para reencontrar seus amigos.

Cidade costeira da Catalunha, Tarragona está incluída na metade da Espanha que foi autorizada, nesta segunda-feira, a passar para a fase 1 do desconfinamento. A previsão do governo é que esta etapa vá até o final de junho.

Madri e Barcelona, as duas maiores cidades do país e as mais atingidas pela nova epidemia de coronavírus, não conseguiram entrar na primeira fase.

A passagem de uma fase para a outra em cada região depende da evolução da epidemia, que no país deixou mais de 26.700 mortos, assim como de mostrar que seu sistema de saúde é capaz de responder a uma nova onda de contágios.

De acordo com o boletim do Ministério da Saúde divulgado hoje, nas últimas 24 horas, houve 123 mortes no país, 20 a menos do que no dia anterior, e bem abaixo do máximo registrado no início de abril de 950 em um único dia.

Com 373 novas infecções, os casos relatados de coronavírus na Espanha estão em 227.436, incluindo 48.320 profissionais de saúde, acrescenta o Ministério.

Nas áreas autorizadas a entrar na fase 1, nesta segunda, reuniões sociais de até dez pessoas são permitidas. Pequenos negócios, igrejas, museus e terraços de bares e restaurantes podem reabrir, mas com capacidade limitada.

Laia Sabaté, de 27 anos, aproveitou essas liberdades recuperadas para se encontrar com duas amigas e irem comprar um bolo de aniversário para um outro amigo.

"Fomos a uma padaria, tomamos café e pegamos um bolo para levar e fomos para a casa dele antes que ele fosse trabalhar", contou Laia, na praça da prefeitura em Tarragona.

O chefe de governo espanhol, Pedro Sánchez, afirmou nesta quarta-feira (6) que seria "imperdoável" suspender o confinamento do país "de maneira precipitada", ao defender no Congresso uma extensão do estado de emergência que permitiu a aplicação dessas severas restrições.

"Ignorar o risco da epidemia e suspender o estado de emergência de maneira precipitada seria um erro absoluto, total e imperdoável", disse Sánchez no Congresso, que deve validar essa prorrogação solicitada pelo governo e rejeitada pelos conservadores e pela extrema direita.

Em vigor desde 14 de março, o estado de emergência permitiu ao Executivo decretar um severo confinamento dos 47 milhões de espanhóis. A medida foi suavizada no final de abril.

De acordo com o balanço divulgado hoje pelo Ministério da Saúde, o número de óbitos com coronavírus nas últimas 24 horas chegou a 244, após três dias abaixo de 200 mortes diárias. O total de falecimentos é de 25.857, e o número de casos diagnosticados passa de 220.000, números que fazem da Espanha um dos países mais afetados pela pandemia.

Quase dois meses de confinamento conseguiram retardar consideravelmente a propagação da doença, que causou 950 mortes em um dia no início de abril.

- Disputa política -

O diretor do Centro de Emergências de Saúde, Fernando Simón, destacou que, exceto nas duas regiões mais afetadas, Madri e Catalunha, o restante registrou entre 0 e 3 internações em terapia intensiva na última parte.

"Estamos progredindo muito bem. Seria muito triste que, por alguns dias de ansiedade, saíssemos mais rápido do que o recomendado. Perderemos tudo que ganhamos", alertou.

O governo, que já permite as saídas de crianças ao ar livre, assim como passeios e a prática individual de esportes para adultos, prevê um processo de desconfinamento até o final de junho. Esse processo será gradual, com a suspensão das restrições em etapas.

Para isso, Sánchez pediu ao Congresso que estenda o estado de emergência por mais duas semanas. A medida fica em vigor até este sábado, à meia-noite. "Limitamos a liberdade de movimento, a liberdade de reunião, é verdade. Mas fazemos isso para salvar vidas", argumentou.

"As restrições serão menos severas, mas continuará havendo restrições, e essas restrições precisam de um estado de emergência", justificou Sánchez, que garante o apoio do partido centrista Cidadãos e de outros partidos regionais.

Sua gestão da crise foi fortemente criticada pelos conservadores, pela extrema direita e pelo movimento de independência da Catalunha, que entendem que o governo está fazendo uso abusivo dessa medida excepcional.

"Esse estado de emergência fez sentido no início da pandemia (...), mas não pode ser prolongado indefinidamente", disse Pablo Casado, líder do Partido Popular conservador. Casado acusa o governo Sánchez de um "fracasso retumbante de gestão", com "falhas, improvisos e reviravoltas".

Em seu discurso, o líder socialista também anunciou o decreto de um luto nacional, quando o país como um todo começar a desescalada - provavelmente na próxima segunda-feira -, e a celebração de uma homenagem às vítimas quando esse processo terminar.

Após semanas confinada, parte da Europa começa, com cautela, a voltar à normalidade. A partir desta segunda-feira, vários países iniciam um desconfinamento progressivo:

- Itália -

Em alguns setores, como o da construção, o dos automóveis e o de luxo, o trabalho foi retomado em 27 de abril.

A partir desta segunda, os italianos poderão visitar parentes e se reunir em número reduzido. Os parques reabrirão, respeitando o distanciamento físico de mais de um metro.

Os setores de manufaturas, construção e atacadistas poderão abrir fábricas e lojas e retomar suas obras.

Bares e restaurantes poderão vender comida para viagem. Sua abertura total será em 1º de junho.

Os deslocamentos continuarão sendo limitados ao interior da comunidade de residência, e submetidos a exigências de trabalho e saúde.

- Espanha -

O confinamento estrito do país foi suavizado em 26 de abril, com a autorização para que crianças passeassem na companhia de um adulto por uma hora diária. Desde ontem, maiores de 14 anos podem praticar esportes individuais ou passear sob condições estritas.

A partir desta segunda, pequenos comércios, como salões de beleza, poderão receber clientes agendados. Bares e restaurantes poderão vender comida para viagem. O uso da máscara será obrigatório no transporte público.

Em algumas ilhas baleares e nas Canárias, a maioria das lojas, museus e terraços de bares e restaurantes poderão abrir com capacidade limitada, bem como hotéis, sob condições. O restante do país fará o mesmo a partir de 11 de maio.

Até o fim total do confinamento, os espanhóis não poderão sair de suas províncias.

- Alemanha -

A maioria dos estabelecimentos comerciais com menos de 800 m² abriu no último dia 20. A partir desta segunda, as escolas abrirão aos poucos em algumas regiões (Sarre, Saxonia-Anhalt, Bremen).

Salões de beleza também abrirão. Locais de culto, museus, memoriais e zoológicos já o fizeram.

O uso de máscara será progressivamente obrigatório nos transportes e no comércio.

- Áustria -

A Áustria já autorizou a reabertura de algumas lojas não-essenciais. Hipermercados, salões de beleza e instalações esportivas ao ar livre reabriram neste fim de semana.

A restrições de deslocamento foram eliminadas e estão autorizadas reuniões de até 10 pessoas, com distanciamento social.

Nesta segunda, os alunos que se preparam para a prova de acesso às universidades retornarão às escolas, antes do retorno progressivo dos demais. O uso de máscara é obrigatório nos transportes e no comércio.

- Bélgica -

As empresas que não lidam com o público se preparam para reabrir nesta segunda, e o uso de máscara será obrigatório nos transportes.

- Portugal -

Livrarias e concessionárias de automóveis reabrirão amanhã. O comércio local de até 200 m² que dê para a rua também poderá abrir, com o uso de máscara. Salões de beleza funcionarão sob agendamento.

Alguns serviços públicos abrirão com agendamento e uso obrigatório de máscara, que também é obrigatória no transporte público.

Esportes individuais ao ar livre estão autorizados.

- Eslovênia -

Amanhã serão reabertos terraços de cafés e restaurantes, museus, livrarias e salões de beleza. Os treinos esportivos profissionais serão retomados.

O uso de máscara é obrigatório em locais públicos fechados, nos transportes e no comércio.

- Hungria -

Fora de Budapeste, reabrirão terraços de cafés e restaurantes, praias e banheiros públicos, e serão retomados os treinos esportivos profissionais.

A máscara é obrigatória nos transportes e no comércio.

- Polônia -

O governo anunciou a reabertura, nesta segunda, de hotéis, centros comerciais, parte dos centros culturais e alguns museus.

- Croácia -

Algumas lojas, museus e bibliotecas reabriram na semana passada. Reuniões religiosas estão autorizadas desde ontem.

Amanhã, os serviços que têm contato próximo com o cliente, como salões de beleza, poderão reabrir.

- Sérvia -

Amanhã serão reabertos cafés e restaurantes, guardando as distâncias, e o uso de máscara será obrigatório no transporte público e em trens interprovinciais e ônibus de longa distância.

- Grécia -

Cerca del 10% do comércio fechado poderá reabrir amanhã: livrarias, salões de beleza e lojas de eletrônicos, artigos esportivos e jardinagem.

- Países nórdicos -

Na Islândia, universidades, museus e salões de beleza reabrirão amanhã.

Dinamarca e Noruega, em regime de semiconfinamento, foram alguns dos primeiros países europeus a aliviar as restrições. Os dinamarqueses foram os primeiros a voltar às aulas, em 15 de abril.

Os espanhóis saíram para passear ou praticar esportes neste sábado (2), após 48 dias trancados em suas casas, enquanto o desconfinamento da população em outras partes da Europa e dos Estados Unidos começou com cautela, à medida que a pandemia do novo coronavírus começa a perder força.

Em Madri, perto do grande parque do Retiro, que ainda está fechado, muitos habitantes foram dar uma volta, alguns em grupos, segundo a AFP.

"Depois de tantas semanas confinado, estava louco para sair e correr e ver as pessoas. Ontem, eu parecia uma criança no Dia de Reis", disse Marcos Abeytua, um consultor financeiro de 42 anos que mora no bairro de Chueca, centro de Madri.

A Espanha planejou um confinamento progressivo, que vai até o fim de junho. Além disso, o chefe de governo, Pedro Sánchez, anunciou a obrigatoriedade do uso de máscara de proteção nos transportes públicos a partir desta segunda-feira.

"A partir de segunda, dia 4, quem for usar transporte público será obrigado a usar máscara", afirmou Sánchez, acrescentando que o governo distribuirá 6 milhões de unidades no país na própria segunda-feira e dará outros 7 milhões para prefeituras e províncias, para que sejam distribuídas.

Em outros países europeus, como Itália, França e Alemanha, os governos também vão relaxando, gradualmente, as medidas de confinamento - uma decisão que continua subordinada à evolução do número de mortos e dos casos de contágio, e que exige medidas de proteção e distanciamento social dos cidadãos. O objetivo é evitar uma segunda onda de infecções.

"A partir de segunda-feira, depende de vocês", advertiu na Itália o chefe da Defesa Civil, Domenico Arcuri, pedindo à população que "não baixe a guarda" durante a saída do confinamento.

Do dia 4 em diante, os italianos poderão passear pelos parques e visitar seus familiares, após dois meses de quarentena.

Nos Estados Unidos, o país mais afetado pela pandemia no mundo, os estados também estão avançando na suspensão das medidas de confinamento.

Em meio a isso, a Agência Americana de Medicamentos (FDA, na sigla em inglês) aprovou com urgência um antiviral experimental, o remdesivir. Segundo a FDA, o remédio contribui para uma recuperação mais rápida dos pacientes com Covid-19.

- "Uma pequena caminhada" -

"Vou sair pela primeira vez para uma pequena caminhada", disse à AFP Amalia García Manso, 87 anos, usando máscara e luvas, enquanto descia lentamente a Calle Mayor, no centro de Madri, apoiada em sua bengala e no braço da filha.

Até então, os espanhóis podiam sair de casa apenas para ir trabalhar - caso o trabalho remoto fosse impossível -, comprar comida, ir à farmácia, ao médico ou fazer pequenos passeios com cães.

A partir de agora, os espanhóis devem respeitar faixas de horário, para evitar multidões e manter distantes crianças e idosos, que não poderão sair nos mesmos intervalos. A tarde é reservada para os menores de 14 anos, que podem sair acompanhadas por um adulto.

A suspensão das restrições está bem avançada na Alemanha, na Áustria e em países escandinavos, que continuam impondo, porém, "medidas de barreira" e distanciamento social. Enquanto isso, França e Itália se preparam para iniciar este processo em alguns dias.

Neste sábado, em Viena, o clima era de animação nas ruas, com a reabertura de todas as lojas. Já a França decidiu prorrogar o estado de emergência de saúde até 24 de julho, considerando que, antes disso, "seria prematuro".

O Reino Unido, onde o pico da pandemia foi atingido, de acordo com o primeiro-ministro, Boris Johnson, prometeu um plano de desescalada para a próxima semana. O país é o segundo mais afetado na Europa em número de mortes, depois da Itália.

No total, a nova pandemia de coronavírus causou mais de 240.000 mortes no mundo e 3,3 milhões de casos de contágio desde o seu surgimento, na China, em dezembro passado, conforme um balanço da AFP feito com base em fontes oficiais.

O país mais atingido no número de mortes ainda é os Estados Unidos, com mais de 65.000, à frente de Itália (28.710 mortos), Reino Unido (28.131), Espanha (25.100) e França (cerca de 24.600).

Com 1.222 óbitos, a Rússia anunciou um recorde de cerca de 10.000 mortos nas últimas 24 horas. Em torno de 2% dos residentes de Moscou - mais de 250.000 pessoas - sofrem da doença, disse o prefeito da capital russa, Sergey Sobianin, neste sábado, citando os resultados dos testes de detecção.

Segundo uma pesquisa internacional do Instituto Ipsos publicada hoje, os cidadãos dos países europeus mais afetados pela Covid-19 são os mais pessimistas e os menos satisfeitos com a ação de seus governos diante da crise.

De acordo com a sondagem, 62% dos franceses, 45% dos italianos e 39% dos britânicos estão insatisfeitos com a gestão da pandemia em seus países.

- "E daí?" -

Na América Latina e no Caribe, 12.197 pessoas morreram e 231.039 casos foram registrados. No Brasil, cujo presidente, Jair Bolsonaro, defende a recuperação da atividade econômica a todo custo, o pior está por vir.

Segundo estimativas do grupo de pesquisadores Covid-19 no Brasil, o país teve mais de 1,3 milhão de casos de coronavírus na quinta-feira.

Isso é entre 15 e 20 vezes mais do que os 91.500 casos confirmados até agora, no país de 210 milhões de habitantes, onde quase não existem testes e onde vivem diferentes populações vulneráveis, como povos indígenas e moradores de favelas.

O Brasil também possui o maior índice de contágio do mundo (2,8), de acordo com a Imperial College London.

Dentro e fora do país, a controvérsia também continua, após a resposta dada por Bolsonaro, na terça-feira, a uma pergunta sobre o aumento de mortes no país - então em 5.000. "E daí? Lamento. Quer que eu faça o quê?", indagou o presidente.

Atualmente, o número de mortos no país passa de 6.300.

- "Abram a Califórnia!" -

Nos Estados Unidos, que continuam com uma média de cerca de 2.000 óbitos por dia (1.883 na sexta-feira), foi o presidente Donald Trump que anunciou o uso da droga remdesivir antiviral para pacientes graves nos hospitais americanos.

O remdesivir é um antiviral experimental de amplo espectro produzido pela empresa farmacêutica americana Gilead Sciences. Inicialmente, foi desenvolvido para tratar o Ebola, uma febre hemorrágica viral.

Desde meados de março, em meio à pandemia, os Estados Unidos registraram mais de 30 milhões de pedidos de seguro-desemprego - um recorde. Para revitalizar a economia, mais de 35 dos 50 estados do país começaram a suspender - ou estão prestes a fazê-lo - as medidas de confinamento.

O estado do Texas, por exemplo, reabriu lojas, restaurantes e bibliotecas na sexta-feira, desde que operem com 25% da capacidade.

Para exigir a suspensão do confinamento há seis semanas em vigor em seu estado, milhares de pessoas se manifestaram na Califórnia nesta sexta-feira.

"Abram a Califórnia!", gritaram perto das praias fechadas de Huntington Beach. "Todos os trabalhos são essenciais", ou "A liberdade é essencial", diziam cartazes. Também houve manifestações em Los Angeles, Nova York e Chicago.

Em Nova York, milhares de inquilinos, que temem perder suas casas após ficarem desempregados e travam uma "guerra dos aluguéis", foram às ruas.

Na China, onde quase não há mais infecções locais, começaram, ontem, as primeiras férias desde o surgimento da pandemia. Em Pequim, foi reaberta a Cidade Proibida, embora de uma maneira mais limitada do que o habitual.

Vários países europeus e dez estados americanos iniciaram nesta segunda-feira (27) uma saída cuidadosa do confinamento imposto para conter o avanço do novo coronavírus, a única medida encontrada até agora para combater a pandemia que causou mais de 200.000 mortes no mundo.

Mais de três milhões de infecções foram registradas em todo o mundo, cerca de 80% na Europa e nos Estados Unidos, segundo uma contagem da AFP com base em dados oficiais.

Dada a magnitude da pandemia, o diretor da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, afirmou que o balanço de vítimas poderia ser menor se o mundo "tivesse ouvido atentamente" a instituição.

Ghebreyesus lembrou que havia apenas 82 casos fora da China e nenhuma morte quando a OMS alertou sobre o coronavírus em 30 de janeiro. A organização então recomendou que "os infectados fossem encontrados, testados e isolados, assim como todos os que tiveram contato com esses pacientes" disse o diretor.

Segundo ele, "os países que seguiram essas recomendações estão melhores que os outros. É um fato".

Os Estados Unidos, que criticam o desempenho da OMS durante a pandemia e suspenderam sua contribuição para o orçamento da organização, não estão entre os menos afetados. Ao contrário, com quase um milhão de casos registrados e mais de 55.000 mortes, são de longe o país mais atingido pela Covid-19.

Mas, diante do impacto econômico das medidas de quarentena, dez estados do país começaram a relaxar o confinamento nesta segunda-feira.

- Falta de testes -

Restaurantes na Geórgia reabriram nesta segunda-feira, após a abertura das praias no fim de semana, apesar das críticas de especialistas que defendem que o distanciamento social ainda é necessário para diminuir a propagação.

"Precisamos de toque humano, contato humano", disse Kim Kaseta, 64 anos, entusiasmada por voltar ao restaurante onde costumava tomar café da manhã em Atlanta, onde os garçons e os cozinheiros trabalhavam usando máscaras.

Autoridades do Tennessee também permitiram a reabertura de restaurantes nesta segunda-feira e o governador do Texas, Greg Abbott, anunciou que lojas, restaurantes, cinemas, shopping centers, museus e livrarias poderão reabrir na sexta-feira com uma capacidade permitida de 25%.

Alasca, Oklahoma, Minnesota, Mississippi, Colorado e Carolina do Sul também começaram a permitir algumas atividades.

Essas decisões são tomadas apesar dos pesquisadores de Harvard e do site especializado em saúde Stat alertarem que a maioria dos estados americanos não tem capacidade suficiente para detectar casos para propor um relaxamento das ordens de permanecer em casa após o 1º de maio.

Em Nova York, epicentro da pandemia do país, o confinamento permanecerá em vigor até pelo menos 15 de maio, decisão aprovada por 87% da população do estado.

- Europa -

Na Europa, onde a pandemia deixou mais de 1.400.000 casos e mais de 126.000 mortes, a doença começa a parecer sob controle nos quatro países mais afetados: Itália, Espanha, França e Reino Unido.

O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, que voltou ao trabalho nesta segunda-feira depois de se recuperar da Covid-19, pediu paciência à população. Ele observou que a curva epidêmica "começa a inverter" a tendência, mas que é preciso continuar respeitando o confinamento.

Johnson prometeu medidas "nos próximos dias", mas recusou "desperdiçar os esforços e sacrifícios" dos britânicos "e arriscar uma segunda grande epidemia". O Reino Unido registrou 360 mortes nesta segunda-feira, seu menor número diário desde março.

Na Espanha, onde 331 mortes foram anunciadas nesta segunda-feira, as autoridades afirmam que o país já dobrou a curva de contágio e começaram no domingo a suavizar o confinamento rigoroso em vigor desde 14 de março, permitindo que as crianças possam brincar ou passear nas ruas uma hora por dia com um dos pais.

O confinamento foi prorrogado até 9 de maio, e o governo de Pedro Sánchez apresentará na terça-feira um plano para suspender progressivamente as restrições.

Na Alemanha e também na Áustria, grande parte das lojas foi aberta nos últimos dias, com pedidos de "distanciamento social" e a obrigação de usar máscara em locais públicos.

Na França, onde 437 mortes foram registradas em 24 horas nesta segunda-feira, o primeiro-ministro Edouard Philippe vai anunciar na terça-feira a "estratégia nacional do plano de saída do confinamento", que deve começar em 11 de maio com a polêmica reabertura das escolas.

A Itália, onde as indústrias estratégicas retomaram suas atividades timidamente nesta segunda-feira, apresentou seu plano de desconfinamento a partir de 4 de maio, embora as escolas permaneçam fechadas até setembro, como na Romênia.

- Volta às aulas na China -

Na China, onde o coronavírus surgiu no final de 2019, estudantes do ensino médio em Pequim e Xangai voltaram às aulas nesta segunda-feira sob medidas de alta segurança, uso de máscaras e controle de temperatura, depois de quatro meses de férias devido à pandemia.

"Estou feliz, muito tempo sem ver meus colegas de classe", disse Hang Huan, 18 anos, à AFP com um sorriso em frente à Escola Chenjinglun, no leste da capital chinesa. "Eu senti muita falta deles".

A maioria das escolas primárias e universidades do país ainda está fechada.

A China conseguiu conter a propagação do vírus, que oficialmente deixou 4.633 mortos no país. Mas agora teme uma segunda onda de contaminação com os casos "importados", principalmente dos chineses que retornam ao país.

Nos mercados, o preço do barril de petróleo dos EUA caiu de novo nesta segunda-feira, pressionado pela saturação das estruturas de armazenamento e em meio a tensões entre os países produtores.

- Preocupação com o Estado de Direito -

A Alta Comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, pediu nesta segunda-feira aos países que respeitem o Estado de Direito, limitando no tempo medidas excepcionais contra o coronavírus para evitar um "desastre" para os direitos humanos.

Bachelet também pediu a Bangladesh que permita a entrada de dois navios com centenas de refugiados muçulmanos rohingyas.

No Peru, que registrou cerca de 730 mortes, o confinamento deve durar até 10 de maio, embora o presidente Martín Vizcarra tenha alertado que a medida não é respeitada. "Ainda não há uma consciência real da magnitude do problema", disse ele.

No Brasil, o cacique Raoni Metuktire, figura importante na luta contra o desmatamento na Amazônia, fez um apelo internacional por doações no domingo, para que os povos indígenas brasileiros possam sobreviver isolados durante a pandemia.

o mundo muçulmano entrou no quarto dia do Ramadã nesta segunda-feira,mas sem orações coletivas ou refeições compartilhadas, já que as mesquitas estão fechadas e as reuniões familiares proibidas, embora em países como o Paquistão muitos ignorem essas medidas.

A Arábia Saudita suspendeu parcialmente o toque de recolher nesta segunda-feira, exceto na cidade sagrada de Meca.

Considerando o coronavírus "sob controle", a Alemanha inicia seu desconfinamento nesta segunda-feira (20), uma lenta e delicada operação em uma Europa confinada há semanas, fortemente atingida pela pandemia, mas que deseja relançar o quanto antes sua economia.

Até o momento, o continente europeu pagou o preço mais alto pela doença, respondendo por quase dois terços das 164.000 mortes em todo mundo.

A Itália é o país mais afetado (23.660 mortes), seguido de Espanha (20.453), França (19.718) e Reino Unido (16.060), de acordo com um último balanço da epidemia estabelecido com base em fontes oficiais.

Com 135.000 casos identificados e cerca de 4.000 mortes, a pandemia está "sob controle e manejável" na Alemanha, julgaram as autoridades, que autorizaram a reabertura nesta segunda-feira de lojas com área inferior a 800 metros quadrados.

- "Orgias de discussões" -

Mercados, livrarias, oficinas mecânicas, lojas de roupas e outros poderão receber clientes. O federalismo faz a medida ser aplicada de maneira significativamente diferente nas 16 regiões estaduais do país, e muitos estabelecimentos comerciais ainda permanecerão fechados na capital Berlim.

Na cidade de Leipzig, Manuel Fischer, dono de uma boutique de moda, disse estar "incrivelmente feliz" por reabrir seu negócio, enquanto carrega seus manequins para o terraço sob o sol da primavera.

Já locais culturais, bares, restaurantes, playgrounds, ou áreas esportivas, permanecerão fechados. Grandes aglomerações, como shows, ou competições esportivas, continuam proibidas até pelo menos 31 de agosto.

As escolas retomarão gradualmente suas atividades a partir de 4 de maio.

Continuam proibidos encontros com mais de duas pessoas, uma distância mínima de 1,5 metro deve ser observada em locais públicos, e o uso de máscara é "altamente recomendado".

A situação permanece "frágil", alertou a chanceler Angela Merkel.

Nesta segunda-feira, ela também não escondeu sua irritação com as "orgias de discussões" no país sobre um possível desconfinamento total, e o crescente desrespeito, segundo ela, das regras de distanciamento social.

Essa estratégia para sair da crise, implementada pela Alemanha, o motor econômico do Velho Continente, é observada com atenção por uma Europa que vive confinada há quase um mês.

- Reencontrar amigos -

O desafio é enorme: relançar progressivamente a atividade, contendo a impaciência de populações confinadas, até os riscos de explosão social, evitando um possível ressurgimento do vírus e preservando os sistemas de saúde saturados.

Sinal da emergência econômica, o Banco da Espanha prevê para 2020 uma queda vertiginosa por causa da pandemia, "sem precedentes na história recente": de 6,6% a 13,6% do PIB da quarta economia da zona do euro.

A vizinha Áustria permitiu na última terça-feira a reabertura de pequenos comércios e de jardins públicos. A Noruega começou a reabrir suas creches na segunda-feira, o primeiro passo na suspensão lenta e gradual das restrições decretadas em meados de março.

Silje Skifjell deixou seus dois filhos, Isaak e Kasper, em uma creche ao norte de Oslo, com o mais velho "muito feliz por encontrar seus amigos".

A Albânia autorizou a retomada da atividade econômica em cerca de 600 setores, incluindo agricultura, pecuária, produção de alimentos, mineração, indústria têxtil e pesca.

França, Espanha e Itália, que registram um declínio no número de pacientes e de óbitos após semanas de alta, também estão se preparando para as primeiras medidas de desconfinamento.

- "Mitsu mitsu" -

"Teremos que aprender a conviver com o vírus", alertou o primeiro-ministro francês, Edouard Philippe, no domingo à noite. Criticado por ter demorado a generalizar os testes e a obrigar o uso de máscara, O Executivo francês está trabalhando em um desconfinamento muito progressivo a partir de 11 de maio.

Na Itália, as primeiras medidas não serão tomadas antes de 3 de maio, disseram as autoridades. Mas, pouco a pouco, as empresas reabrem, mesmo que de forma parcial e com muitas precauções.

Na Espanha, 399 mortes foram registradas nas últimas 24 horas, contra 410 no dia anterior, os números mais baixos em quatro semanas, anunciou o Ministério da Saúde nesta segunda-feira.

O necrotério improvisado em uma pista de patinação em Madri, que simbolizava a hecatombe, será fechado na quarta-feira e, a partir de 27 de abril, as crianças, estritamente confinadas desde meados de março, poderão sair para tomar um ar fresco.

Em contrapartida, no Reino Unido, a contenção introduzida em 23 de março foi estendida por pelo menos três semanas na quinta-feira. O governo ainda não planeja uma saída.

No Japão, que agora tem o maior número de casos na Ásia, depois da China e da Índia, os médicos soaram o alarme. Apesar do estabelecimento do estado de emergência, o número de casos registrados ultrapassou os 10.000 neste fim de semana.

Efeito colateral nas redes sociais, as mensagens quase diárias da governadora de Tóquio pedindo distanciamento inspiram mangá, música e até mesmo um videogame. O jogo adota a palavra "mitsu", que descreve lugares confinados.

- "A luta continua!" -

Nos Estados Unidos, onde uma queda de braço opõe o presidente Donald Trump, que defende uma rápida retomada da atividade econômica, a vários governadores democratas, o governador do estado de Nova York, centro da epidemia, anunciou que a pandemia iniciou uma curva "descendente".

No domingo (19), porém, a marca de 40.000 mortos foi ultrapassada em todo país, de acordo com a contagem da universidade americana Johns Hopkins.

Após a Páscoa cristã e judaica, o mundo muçulmano se prepara este ano para o Ramadã em um Oriente Médio com confinamento generalizado: da Arábia Saudita ao Marrocos, passando por Egito, Líbano e Síria.

"Nossos corações choram", lamenta o muezim da Grande Mesquita de Meca, a cidade sagrada do Islã.

Na África, onde a marca de mil mortos foi ultrapassada neste fim de semana, confrontos violentos ocorreram no domingo à noite em vários distritos da capital do Níger, Niamey. Moradores contrários ao toque de recolher e à proibição de orações coletivas enfrentaram a polícia em protesto.

Com gritos de "a luta continua!", "não recuem!", os manifestantes queimaram pneus e ergueram barricadas nas ruas.

Para o ministro das Relações Exteriores da França, Jean-Yves le Drian, a COVID-19 exacerba as "fraturas" globais e a rivalidade sino-americana.

"Meu medo é que o mundo de amanhã se pareça furiosamente com o mundo antes, mas pior", previu ele em entrevista ao jornal Le Monde.

Vários países começarão a suspender o confinamento nas próximas semanas, uma estratégia que exige prudência e metodologia para evitar uma segunda onda epidêmica, a qual implicaria um novo confinamento e intensificaria a crise social e econômica.

"Quando a decisão" de confinamento foi tomada, "era nossa única arma para tentar controlar a epidemia de coronavírus", disse à AFP a epidemiologista Dominique Costagliola sobre esta medida em vigor na França desde meados de março.

Essa estratégia "não é suportável a longo prazo, nem para as pessoas, nem para o país", admite.

"Os efeitos sociais, econômicos e de saúde do confinamento estão se acumulando. Chegará um momento em que os custos superarão os benefícios", prevê a dra. Linda Bauld, especialista em saúde pública da Universidade de Edimburgo (Escócia).

Por um lado, muitos especialistas apontam que ficar em casa salvou milhares de vidas.

Por outro, uma recessão mundial histórica se aproxima, apelidada de "Grande Confinamento", semelhante à "Grande Depressão" de 1929, pelo economista-chefe do Fundo Monetário Internacional (FMI).

Somam-se a isso os riscos sociais temidos pelos especialistas, como exacerbar desigualdades, violência doméstica, ansiedade, consumo de álcool e agravamento de problemas de saúde não relacionados à COVID-19.

- Corda bamba -

Depois que o confinamento terminou na China - origem da pandemia -, é a vez da Europa, com a estabilização de mortes e hospitalizações em vários países.

A França planeja lançar um "desconfinamento" progressivo a partir de 11 de maio. Outros países europeus, dos mais - Itália e Espanha - aos menos atingidos - Alemanha, Bélgica, Suíça, Dinamarca - preparam planos semelhantes para as próximas semanas.

O presidente americano, Donald Trump, considerou que é hora de "reativar os Estados Unidos", embora o país tenha se tornado o mais atingido pela pandemia, com mais de 33.000 mortes.

A progressiva reabertura de escolas e de estabelecimentos comerciais o retorno ao trabalho presencial vão caracterizar o fim do confinamento.

Mas isso vai parecer mais com alguém na corda bamba do que em uma estrada para a liberdade. E o saldo dependerá da taxa básica de reprodução da doença, ou seja, o número médio de pessoas infectadas por cada paciente.

Antes do confinamento, "era de 3,4-3,5", explicou o presidente do comitê científico que assessora o governo francês, dr. Jean-François Delfraissy.

França e Alemanha garantem que essa medida reduziu esse número para menos de 1, o que corresponde ao controle da epidemia. Com o "desconfinamento", esse índice deve subir, uma vez que o vírus voltará a circular com mais facilidade. A margem de manobra é, portanto, muito estreita.

"Com 1,1, poderíamos atingir em outubro o limite do nosso sistema de saúde em termos de leitos em UTI", alertou esta semana a chanceler alemã, Angela Merkel.

Com 1,2, isso ocorreria em julho e, com 1,3, em junho, acrescentou.

"Não passaremos do preto para o branco, mas do preto para o cinza escuro", esclareceu o dr. Delfraissy.

- Singapura, uma "advertência" -

Acima de tudo, o "desconfinamento" deve ser acompanhado de medidas precisas, que funcionaram na Coreia do Sul, país citado como exemplo no gerenciamento da pandemia: testes diagnósticos em massa, quarentena para casos positivos e monitoramento daqueles que estiveram em contato com os infectados.

Essa estratégia exige, contudo, que todos os recursos necessários estejam "disponíveis", ressalta a epidemiologista Dominique Costagliola.

Isso significa um volume suficiente de testes e uma logística que permita o monitoramento tecnológico.

A Coreia do Sul tinha "uma brigada de 20.000 pessoas" para realizar esses "rastreamentos de contatos", lembra Delfraissy, enfatizando a importância do capital humano, além do digital.

E, mesmo quando funcionam, estratégias menos radicais do que o confinamento não são uma garantia no médio prazo.

Tendo inicialmente controlado a epidemia por meio de uma política semelhante à da Coreia do Sul, Singapura agora registra uma segunda onda de infecções, desta vez forçando o governo a tomar medidas mais severas. Entre elas, está o fechamento da maioria dos locais de trabalho.

"Singapura deve ser um aviso para todos nós", comentou o dr. Vincent Rajkumar, da rede de hospitais Mayo Clinic.

"Provavelmente, por um longo período, será preciso liberar um pouco, limitar novamente, liberar, limitar", prevê Delfraissy.

É também o que recomenda um estudo americano publicado esta semana na revista "Science": será necessário alternar períodos de confinamento e de abertura até 2022, enquanto se desenvolvem tratamentos eficazes, ou uma vacina contra o coronavírus.

Leianas redes sociaisAcompanhe-nos!

Facebook

Carregando