Casos de Covid-19 acendem o alerta no Reino Unido

Todos os países lutam contra um aumento repentino de infecções, que elevou o total de casos em todo o mundo para cerca de 81 milhões e as mortes para mais de 1,78 milhão

qua, 30/12/2020 - 07:35
Madaree TOHLALA Uma mulher tem sua temperatura medida na província de Narathiwat, no sul da Tailândia, em 29 de dezembro de 2020 Madaree TOHLALA

O Reino Unido registrou nesta terça-feira (29) um novo recorde diário de casos do coronavírus, enquanto luta contra uma nova cepa, que chegou ao Chile e à Índia, enquanto vários países já iniciaram campanhas maciças de vacinação.

Todos os países lutam contra um aumento repentino de infecções, que elevou o total de casos em todo o mundo para cerca de 81 milhões e as mortes para mais de 1,78 milhão.

A agência de saúde da União Europeia (UE), ECDC, alertou nesta terça-feira que há um alto risco de que as variantes recém-descobertas da Covid-19 possam causar ainda mais mortes e aumentar a pressão sobre os cuidados de saúde devido a uma "maior transmissibilidade".

Na África do Sul, mais de 300 casos de uma nova variante foram registrados, levando o país a uma série de novas medidas nesta terça-feira. O governo proibiu a venda de álcool e tornou obrigatório o uso de máscaras em público, depois de se tornar o primeiro país africano a registrar um milhão de casos.

"Baixamos a guarda e, infelizmente, agora estamos pagando o preço", disse o presidente Cyril Ramaphosa, culpando a nova cepa e uma "extrema falta de vigilância durante o período de férias" pelo aumento das infecções.

O Chile se tornou o primeiro país latino-americano na terça-feira a detectar a nova cepa inicialmente encontrada no Reino Unido, em uma mulher que voltou ao país de Madri depois de viajar também para a Grã-Bretanha e Dubai.

As autoridades sanitárias responderam anunciando que, a partir de 31 de dezembro, todos os que chegarem ao Chile deverão passar 10 dias em quarentena.

Os Emirados Árabes Unidos também anunciaram que detectaram a nova cepa em "pessoas do exterior".

A Índia, segundo país em número de casos no mundo, também registrou infecções pela nova cepa, mas não alterou suas diretrizes quanto à pandemia. O governo britânico está sob pressão para intensificar as restrições, com 53.135 novas infecções anunciadas em 24 horas, um recorde.

A Inglaterra está "de volta ao olho" do furacão do coronavírus, disse o diretor-geral do Serviço de Saúde Pública (NHS), Simon Stevens, em um vídeo postado no Twitter.

De acordo com as autoridades de saúde, a quantidade de pacientes atualmente em hospitais ingleses equivale à do pico inicial da pandemia, em abril.

Samantha Batt-Rawden, especialista em terapia intensiva e presidente da Associação Médica, disse que as equipes médicas estão em "ponto de colapso" e "adoecem em massa com a nova variante", tuitou.

- Campanhas e preocupações sobre vacinas -

Governos em todo o mundo correm para iniciar campanhas de vacinação para tentar evitar o tipo de bloqueio prejudicial à economia estabelecido no início da pandemia há pouco menos de um ano.

Argentina e Belarus lançaram suas campanhas nesta terça-feira, ambas com doses da Sputnik V desenvolvidas pela Rússia.

A inoculação do Sputnik V é criticada por ter começado antes do início dos testes clínicos da vacina em grande escala.

Mas alguns argentinos que a receberam preveem o fim de uma epidemia que mudou inesperadamente seus hábitos de vida.

"Chegou o começo do fim! Temos fé que agora vai aliviar um pouco tudo isso", comemorou Sandra Juárez no hospital de Buenos Aires.

Nos países da UE, a imunização começou no fim de semana com as vacinas Pfizer-BioNTech e Moderna.

A BioNTech e a Pfizer confirmaram nesta terça-feira a entrega de 300 milhões de doses de sua vacina à UE. Mas as autoridades temem que as dúvidas e a rejeição às vacinas possam prejudicar seus esforços.

Uma nova pesquisa da Ipsos Global Advisor mostrou que o Brasil é o segundo país do mundo em que as pessoas se dizem mais dispostas a se vacinar (78%), superado apenas pela China (80%) e seguido do Reino Unido (77%).

Segundo a mesma pesquisa, apenas quatro em cada dez pessoas na França querem se vacinar, o que coloca o país atrás até da Rússia, onde a rejeição chega a 43%, e da África do Sul, com 53%.

A França planeja adiar o toque de recolher das 20h às 18h nas áreas mais afetadas a partir de 2 de janeiro, disse o ministro da Saúde, Olivier Veran, ao canal France 2 nesta terça-feira.

Na esperança de aumentar a confiança do público nas vacinas, a vice-presidente eleita dos EUA, Kamala Harris, recebeu a vacina da Moderna ao vivo pelas câmeras de TV.

O presidente eleito dos Estados Unidos, Joe Biden, criticou o plano de vacinação de Donald Trump, de quem deve receber o poder em 20 de janeiro.

"O plano ... está atrasado, muito atrasado", disse Biden em um discurso no qual prometeu "mover céu, mar e terra para ir na direção certa".

O governo Trump planejou vacinar 20 milhões de americanos antes do final do mês.

No entanto, após três dias, apenas 2,1 milhões receberam a primeira dose, de acordo com dados oficiais.

Biden alertou que as próximas semanas podem ser as mais difíceis "de toda a pandemia".

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