Insegurança toma mesa dos donos de restaurante do Recife
Entre as recorrentes atualizações do protocolo de flexibilização e a fiscalização do Procon-PE, representantes do setor garantem que novas restrições vão reacender o movimento de falências e demissões
Cada atualização do Protocolo de Convivência com a Covid-19 em Pernambuco, a incerteza dos donos de bares e restaurantes se renova. O setor ainda luta para manter as portas abertas e tenta evitar mais demissões em meio à crise econômica agravada pela pandemia. Esta quarta-feira (20) completa seis meses de flexibilização para os estabelecimentos, que sofrem com limite de horário e capacidade, e agora não podem ter ambientação sonora, após funcionarem em delivery.
O rápido avanço dos índices do vírus desde o primeiro caso registrado em Pernambuco fez com que o governo decretasse o fechamento no fim de março do ano passado. A medida fez as receitas do setor despencarem e deu início a um movimento de falências e demissões. Após cerca de 120 dias, empresários realizaram uma carreata em protesto pelo retorno dos clientes e a autorização veio no fim de setembro, sob uma série de normas de distanciamento e higienização, além do limite de 50% da capacidade e do funcionamento até às 20h.
Desde então, o protocolo vem sendo atualizado e, aos poucos, amplia o atendimento para equilibrar as dívidas do setor. Por outro lado, o Programa de Proteção e Defesa do Consumidor (Procon-PE) identificou diversos estabelecimentos em funcionamento clandestino e intensificou a fiscalização para controlar a atuação conforme as regras da Covid-19. Segundo o órgão, 353 bares e restaurantes foram visitados e 26 foram interditados. Ao todo, mais de meio milhão em multas foi aplicado no estado, que indica como penalidade máxima o valor de R$ 100 mil.
Em um ano difícil para o setor privado, os empresários depositaram as esperanças nas tradicionais confraternizações de fim de ano, mas a expectativa em torno de dezembro ficou longe de ser atingida. A proprietária do Mustang, no bairro da Boa Vista, área Central do Recife, Wanessa Souza lembra do alívio de reabrir as portas após a queda de 90% nas vendas durante o período de entregas.
Ela conta que precisou readequar o cardápio e intensificou a divulgação de promoções em redes sociais para atrair a clientela insegura, a última estratégia foi qualificar o esquema de apresentações musicais para movimentar o restaurante. Entretanto, o gasto adicional vai demorar a trazer o retorno esperado, pois no dia 15 deste mês o governo proibiu som nos espaços.
Para a proprietária do Bistrô restaurante, também alocado na área Central, o esquema self-service foi um dos mais prejudicados. Dayse Abreu aponta que ainda é difícil arcar com os gastos com a perda de aproximadamente 40% dos clientes e, em contato com colegas do setor, alerta para novas falências caso um novo fechamento ou mais restrições sejam confirmadas.