USP: Coronavac é menos eficaz em homens acima de 55 anos
Os cientistas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) recomendaram a terceira dose
Um estudo preliminar apresentado nesta semana pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) indica que a imunidade em vacinados com as duas doses da Coronavac é menor em homens com mais de 55 anos.
O professor Jorge Kalil detalhou os três parâmetros verificados na pesquisa. “A resposta de anticorpos contra o sars-cov-2, mais especificamente a três tipos de proteínas do coronavírus, responsáveis por sua estrutura e adesão às células; os anticorpos neutralizantes, ou seja, aqueles que de fato inativam o vírus; e a resposta celular, que acontece através de uma proliferação de células de defesa, os linfócitos, numa cultura de células do sangue, depois de estímulo com fragmentos do vírus, os chamados peptídeos das proteínas virais”.
Terceira dose
Após analisar amostras de 70 pessoas que já tiveram coronavírus e 100 que receberam as duas doses do imunizante, com intervalo mínimo de quatro semanas, foi percebido que um terço do público teve uma resposta de anticorpos ou de células contra a doença.
"Nos homens com mais de 55 anos, não houve diferença no interferon-gama, mas sim na interleucina-2, o que aponta para uma possível dificuldade na produção de células T de memória, que garantem a resposta imune contra o vírus muito tempo após a vacinação”, acrescentou o professor Edécio Cunha Neto.
Retomada das etapas de vacinação
A baixa resposta ao vírus se mostrou acentuada a partir dos 80 anos. Por isso, os pesquisadores recomendam a terceira dose. "Isso demonstra bem que o regime vacinal que foi utilizado não é suficiente para dar uma razoável cobertura contra doença grave e contra morte”, adverte Kalil.
A indicação da Comissão Técnica de Assessoramento a Imunizações (Cetai) é que a terceira dose seja aplicada em quem tem mais de 80 anos e, quando possível, sejam aplicadas em pessoas com mais de 60.
Imunizante para a terceira aplicação
“Muito provavelmente será aplicada uma vacina heteróloga, ou seja, uma outra vacina que não a Coronavac, preferencialmente ou AstraZeneca ou Pfizer”, pontua o cientista.
Os resultados já eram esperados pelo grupo, que mesmo assim, ressalta que as vacinas ainda são a melhor forma de se proteger da doença.
A pesquisa segue para definir qual imunizante é o mais adequado para a terceira dose. "Esse estudo encontra-se em andamento e espera-se que em um mês já tenhamos esses resultados, o que é muito importante para a definição de qual vacina será usada na terceira dose”, concluiu o professor.