Sem prevenção, festas podem causar novo surto em 2022

Com a circulação da Ômicron e da nova variante da Influenza, a infectologista Angela Rocha diz que reuniões não são indicadas e alerta para os cuidados neste fim de ano

qua, 22/12/2021 - 13:11
Rafael Bandeira/LeiaJáImagens/Arquivo Jovens se divertem no Réveillon antes da pandemia no Brasil Rafael Bandeira/LeiaJáImagens/Arquivo

Sem reunir a família na ceia de Natal do ano passado, a esperança de voltar a confraternizar nas festas de fim de ano foi frustrada pela variante Ômicron, que circula acompanhada da cepa H3N2 da Influenza. As recomendações para evitar as doenças são as mesmas e passam pela cobertura vacinal.

A infectologista da Faculdade de Educação em Ciências da Saúde (FECS) do Hospital Oswaldo Cruz, Angela Rocha, aponta que o ideal é suspender novamente as confraternizações.

"Mesmo sendo todo mundo da família, vêm de casas diferentes, grupos diferentes, cantos diferentes. Cada pessoa teve contato com outras. Eu sei que é complicado por que vai chegar todo mundo se abraçando e festas maiores é um risco muito grande. A gente fica morrendo de pena", avaliou.

Depois de atravessar o momento mais grave da pandemia e perder pessoas queridas, fica difícil não rever amigos e para renovar os laços com familiares. Por isso, a médica sugere que os encontros sejam marcados em locais arejados, com janelas abertas. Antes de fazer a surpresa, o presente deve ser higienizado e utensílios não podem ser compartilhados. O respeito ao distanciamento também é importante e as máscaras devem ser retiradas apenas para comer.

"Se vai fazer uma reunião, vá com a família em um grupo menor, só com os mais próximos, e inclusive até vá de máscara. Come e depois coloca a máscara, evita tá junto demais", descreveu.

Vacina reduz internamentos

A infectologista explicou que a Ômicron mostrou ser mais transmissível que as variantes anteriores, mas ainda não foi confirmado se sua gravidade também é mais intensa. Muito se falava sobre o perigo da Delta, mas a imunização fez com que a mutação não atingisse o prejuízo esperado no Brasil.

"As vacinam podem diminuir a intensidade do quadro. Nessas próximas semanas a gente vai avaliar como é o comportamento epidemiológico. Realmente, a máscara e a limpeza das mãos vão proteger contra as duas coisas", considerou ao citar a H3N2.

Ela comentou que a nova Influenza surpreendeu por se espalhar fora do período sazonal da gripe - mais presente no período chuvoso do meio do ano - e já leva pacientes aos hospitais.

"Uma época que todo mundo tá sem valorizar [a imunização], achando que por que tomou a vacina da Covid pode-se liberar e tirar a máscara, então a gripe tá aparecendo. Se tivesse todo mundo mantendo aqueles cuidados em evitar aglomerar e estar em lugares fechados com máscara, provavelmente não tava como a gente aqui já tá", advertiu.

Surto nas próximas semanas

Devida à gravidade das duas doenças altamente transmissíveis, que serão favorecidas pelo ambiente dos próximos 10 dias, Rocha prevê que 2022 deva começar com um aumento de pacientes internados com problemas respiratórios

"A gente vai ter uma repercussão, principalmente em Pernambuco, tanto da H3N2 quanto da Ômicron agora nas próximas duas ou três semanas, quando os quadros podem começar a subir e dar um pico", ressaltou.

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