Ex-secretário aponta 'incompetência' na compra de vacinas
Em entrevista para a revista Veja, Fabio Wajngarten responsabilizou Ministério da Saúde por atraso na aquisição de imunizantes e amenizou responsabilidade do presidente Jair Bolsonaro
De acordo com Fabio Wajngarten, que deixou a Secretaria de Comunicação da Presidência no mês passado, as vacinas da Pfizer não foram compradas com antecedência pelo Brasil por conta de “incompetência” e “ineficiência”. As palavras foram usadas em entrevista à Veja, nesta quinta-feira (22), para classificar a atuação do Ministério da Saúde, até então comandado por Eduardo Pazuello. Durante a conversa, Wajngarten também defendeu a atuação do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).
Um dos possíveis convocados para depor na CPI da Covid, Wajngarten relatou ter conhecimento sobre uma carta enviada pela farmacêutica Pfizer, na qual a oferta de vacinas teria sido feita. O Ministério da Saúde, contudo, não teria respondido. "Incompetência e ineficiência. Quando você tem um laboratório americano com cinco escritórios de advocacia apoiando uma negociação que envolve cifras milionárias e do outro lado um time pequeno, tímido, sem experiência, é isso que acontece", declarou, quando questionado sobre o porquê das negociações não terem avançado.
O ex-secretário também afirmou ter levado o caso ao presidente, que deu sinal verde para que ele mesmo fizesse a negociação dos imunizantes. Ainda assim, o contrato não evoluiu. “A vacina da Pfizer era a mais promissora, com altos índices de eficácia, segundo os estudos. Precisávamos da maior quantidade de vacinas no menor tempo possível. E dinheiro nunca faltou. Então, eu abri as portas do Palácio do Planalto. Convidei os diretores da empresa a vir a Brasília. (...) Eu também levei a caixa para o presidente Bolsonaro ver. Expliquei que aquilo não era um bicho de 7 cabeças, como alguns técnicos pintavam”, completou, sugerindo que o presidente Jair Bolsonaro era mal orientado por auxiliares.
Ainda de acordo com Wajngarten, apesar das críticas feitas por Bolsonaro às vacinas, ele demonstrava preocupação com o número crescente de mortes no país. “O presidente sempre disse que compraria todas as vacinas, desde que aprovadas pela Anvisa. Aliás, quando liguei para o CEO da Pfizer, eu estava no gabinete do presidente. Estávamos nós dois e o ministro Paulo Guedes, que conversou com o dirigente. Foi o primeiro contato entre a Pfizer e o alto escalão do governo. Guedes ouviu os argumentos da empresa e, depois, disse que “esse era o caminho”. Se o contrato com a Pfizer tivesse sido assinado em setembro, outubro, as primeiras doses da vacina teriam chegado no fim do ano passado”, finalizou.