CPI: com 11 titulares, Bolsonaro só conta com 4 senadores

Confira quem são todos os titulares da CPI da Covid-19 e quais são as suas posições sobre a condução dada pelo governo Bolsonaro na pandemia

por Jameson Ramos qua, 28/04/2021 - 17:27
Edilson Rodrigues/Agência Senado Um início difícil para Bolsonaro Edilson Rodrigues/Agência Senado

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da pandemia da Covid-19 já foi instalada e os trabalhos já começaram no Senado. Omar Aziz (PSD), foi eleito presidente da CPI, Randolfe Rodrigues (Rede) como vice-presidente e Renan Calheiros (MDB) conseguiu se consolidar como relator da comissão. Sete suplentes também já foram escolhidos.

O apoio ao governo de Jair Bolsonaro (sem partido) deve ser minoria na CPI, tendo em vista que dos 11 senadores titulares, apenas 4 são mais ligados ao Palácio do Planalto. Cinco dos titulares, mesmo já tendo acompanhado os interesses do Executivo no Senado, são considerados críticos à forma como Bolsonaro e seus ministros conduzem a pandemia no país - dois senadores são oposicionistas.

Esse placar já começa sendo muito difícil para o presidente, que já se antecipou aos possíveis crimes que podem ser apontados durante a CPI, fazendo uma lista para 'preparar os seus ministros'.

Confira quem são os senadores e as suas posições

Governistas

Ciro Nogueira (PP) 

Ciro, que é presidente nacional do PP, chegou a afirmar que "neste momento grave deveríamos estar totalmente empenhados em garantir socorro aos brasileiros e não desviar desse foco com CPIs". Também já afirmou que achou um erro o presidente Bolsonaro ter minimizado a pandemia, mas que o governo teve mais acertos do que erros (na condução da pandemia).

Eduardo Girão (Podemos)

Recebendo apenas três votos, Girão foi derrotado na disputa pela presidência da CPI da Covid-19. O senador questiona a possível falta de isenção na condução da comissão, tendo em vista que muitos senadores que integram a CPI foram bastante críticos ao presidente Jair Bolsonaro pela condução da pandemia. Além disso, Eduardo Girão é autor do requerimento que estendeu as investigações para os estados e municípios.

Marcos Rogério (DEM)

Líder do Democratas no Senado, Marcos é vice-líder do governo Bolsonaro no Congresso Nacional. Nesta quarta-feira (28), o democrata afirmou que entrou com um mandado de segurança no Supremo Tribunal Federal para barrar Renan Calheiros como relator da CPI. Segundo Rogério, é inadmissível que um já tenha antecipado posição sobre a gerência do Governo no combate à pandemia. "Antes mesmo de começar os trabalhos, o relator já expõe claramente o conteúdo do seu relatório, o que coloca em xeque a imparcialidade que se espera numa situação como essa", disse.

Jorginho Mello (PL)

Vice-líder do Governo no Congresso, o senador também entrou com um mandado de segurança contra Renan Calheiros como relator da CPI. "Não vamos admitir relatório pronto e tendencioso com único objetivo de atingir o governo Bolsonaro", disse. Além disso, Jorginho chegou a compartilhar em seu Twitter que o foco deveria ser salvar vidas e a economia e a CPI vem "totalmente fora de hora contra o Governo Jair Bolsonaro. Será uma vergonha para o Senado", apontou.

Independentes

Eduardo Braga (MDB)

O líder do MDB no Senado disse em entrevista à CNN nesta quarta-feira (28), que a ala governista da CPI quer criar crise política e jurídica em razão da falta de argumentos para debater as questões que são essenciais para o esclarecimento dos fatos à população. Braga também sugeriu que o governo Bolsonaro promoveu a desinformação e tem a sua parcela de culpa pelas 400 mil pessoas que perderam a vida para a Covid-19

Renan Calheiros (MDB)

Após o Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1), por meio de um recurso apresentado pela Advocacia-Geral do Senado e pelo MDB, cassar a liminar da Justiça Federal de Brasília que vetava a indicação do senador alagoano para a relatoria da CPI, Calheiros foi confirmado pelo presidente da comissão, Omar Aziz, como relator. Governistas ainda tentam impedir que Renan continue como relator.

Tasso Jereissati (PSDB)

O ex-presidente nacional do PSDB é um dos críticos da condução do Palácio do Planalto na pandemia da Covid-19. O tucano, em entrevista à Folha de São Paulo, chegou a prevê um cenário árduo para Bolsonaro na comissão. "Não há dúvida nenhuma que um dos principais culpados pela situação que nós chegamos é o governo federal", salientou Jereissati.

Omar Aziz (PSD)

Na terça-feira (27), por oito votos a três, Aziz derrotou Eduardo Girão. Ao assumir a presidência, o senador prometeu um trabalho técnico e lembrou que existe grande pressão para que os parlamentares tomem decisões equilibradas e coerentes. "Não dá pra discutir questões políticas em cima de quase 400 mil mortos. Não me permito fazer isso, até porque acabo de perder um irmão. Não haverá prejulgamento de minha parte. Temos que sair daqui de cabeça erguida mostrando os caminhos que o Brasil precisa seguir", asseverou.

Otto Alencar (PSD)

Por ser o mais velho entre os titulares da CPI, o líder do PSD no Senado, presidiu a reunião de instalação da comissão, que elegeu o presidente, vice e o relator. Otto afirmou nesta quarta (28), que a tentativa de parlamentares bolsonaristas de tirar Renan Calheiros da relatoria da CPI "não terá nenhum respaldo político" no Supremo Tribunal Federal (STF). O senador já criticou a falta de planejamento do governo federal para lidar com a pandemia da Covid-19, além de apontar que o presidente Bolsonaro atrapalha o enfrentamento à doença.

Oposição

Humberto Costa (PT) 

O ex-ministro da Saúde do governo Lula é um duro crítico da forma que Bolsonaro conduz a pandemia no país. Para Humberto, o presidente "sempre se comportou como parceiro do vírus. É um presidente insensível, despreparado e que não tem a mínima condição de conduzir um país como o Brasil num processo como esse de pandemia", pontuou.

Randolfe Rodrigues (Rede)

Eleito para ser o vice-presidente da CPI, Randolfe foi um dos principais responsáveis pela criação da comissão, que vai investigar as ações e omissões do governo federal, estados e municípios durante a pandemia da Covid-19. "A CPI é fruto de um requerimento nosso, e desde o início estamos empenhados em identificar os (ir) responsáveis e encontrar saídas para essa crise", publicou o senador em seu Twitter.

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