Em PE, partidos buscam fortalecer quadros para 2020
Apesar da conhecida máxima '2020 só em 2020', diversas legendas começaram a colocar em prática um plano para angariar mais filiados e encorpar o quadro interno visando futuras candidaturas e eventuais alianças políticas
É certo que falta mais de um ano para as eleições municipais de 2020, mas os partidos já começam a dar sinais de movimentações em prol das disputas nas 185 cidades pernambucanas. Ainda que seja apenas nos bastidores e o discurso oficial expresse máxima conhecida: “2020 só em 2020”, diversas legendas começaram a colocar em prática um plano para angariar mais filiados e encorpar o quadro interno visando futuras candidaturas e eventuais alianças políticas.
Presidente do MDB em Pernambuco, o deputado Raul Henry detalhou ao LeiaJá que a estratégia de novas filiações para a corrida municipal deu certo no último pleito municipal e fez com que o partido crescesse no Estado. Agora, eles pretendem repetir a medida para preparar o MDB para em 2020 ter um grande número de postulantes.
“Primeiro a gente vai ter uma estratégia para o próximo ano que é lançar candidatos a prefeitos no maior número possível de municípios, foi assim que a gente fez em 2016 e deu certo. Tivemos muitos candidatos que nunca tinham disputado eleições, entraram no partido, e pela representatividade que tinham nas cidades se elegeram prefeitos”, afirmou.
O PSDB é outro partido que vem se articulando. De acordo com a presidente da legenda em Pernambuco, a deputada estadual Alessandra Vieira, os tucanos pretendem “apresentar à sociedade um número recorde de candidaturas investindo também em renovação, novos quadros para o partido”.
“Vamos apoiar prioritariamente os prefeitos que decidirem concorrer à reeleição e também apoiar novos nomes para ampliar a presença do partido em todas as regiões do Estado, sem esquecer do fortalecimento da participação feminina na disputa municipal”, detalhou Alessandra.
O fortalecimento interno do partido também é um discurso que vem sendo utilizado constantemente pelo presidente estadual do PSB, Sileno Guedes. Segundo ele, a discussão efetiva sobre a disputa se dará apenas no próximo ano. “O PSB é um partido que tem uma presença no Estado como um todo e esse ano é um ano de planejamento. A gente está sim falando de eleição, mas como forma de fortalecer o partido para o ano que vem”, frisou.
As candidaturas
Em Pernambuco, a 'menina dos olhos' de diversas siglas é a capital Recife, mas não só ela, outras cidades estratégicas como Jaboatão dos Guararapes, Caruaru, Olinda e Petrolina são vistas como prioridades pelas siglas, mas pouco se fala sobre as postulações.
No Recife, em dezembro de 2020, o PSB completará oito anos à frente da prefeitura e, apesar de não assumir oficialmente, eventuais sucessores do prefeito Geraldo Julio (PSB) atuam para viabilizar suas candidaturas. Até o momento, o principal prefeiturável pessebista é o deputado federal João Campos, filho do ex-governador Eduardo Campos, que já se tornou, inclusive, alvo da oposição.
Sobre a eventual postulação, João Campos desconversa sempre que questionado e ressalta que este ano vai dar conta do seu mandato federal. “Próximo ano também. O debate eleitoral o PSB faz em ano de eleição. Esse ano é de trabalho. E no debate eleitoral não vou pensar em mim”.
Atual aliado do PSB no Recife, o MDB também pode concorrer ao comando da capital. Há rumores de que Raul Henry dispute o cargo, mas sobre isso ele disse que vai fazer o debate na “hora oportuna”. “Se o meu nome for convocado para uma missão em nome de um conjunto amplo de forças políticas, não descarto essa possibilidade. Mas o momento de discutir isso não é esse. O Brasil está vivendo um momento de muita dinâmica, não sabemos o que vai acontecer no dia seguinte. É até uma falta de respeito com a sociedade estarmos discutindo candidaturas em uma hora como essa”, ponderou.
Dentro do MDB, inclusive, há quem torça pela quebra da aliança com o PSB, como o senador Fernando Bezerra Coelho, mas ele argumenta que “quem vai definir a política de alianças e onde terá ou não candidatos é a Executiva e o deputado Raul Henry conduzirá esses trabalhos”.
Também da lista de aliados, o PDT é outro que tem ventilado um nome para a disputa. O presidente nacional, Carlos Lupi, já declarou o desejo de que o deputado federal Túlio Gadêlha postule o cargo. No Estado, Túlio descarta a candidatura, e, apesar de considerar Recife prioridade, o presidente local da sigla, deputado Wolney Queiroz, diz que está cedo para debater sobre o assunto.
Ainda no campo das alianças oficiais do PSB, o PT deve avaliar a participação na corrida municipal. Em balanço feito em junho pelo Grupo de Trabalho Eleitoral do partido, apontou a deputada federal Marília Arraes como alguém com grandes chances de vencer o pleito e fazer com que a legenda retomasse o protagonismo no Executivo da capital, que administrou por 12 anos com os ex-prefeitos João Paulo e João da Costa. Marília já chegou a dizer que está disponível para concorrer.
Já na oposição, o PSDB admitiu que quer ter candidatura própria. “A nossa intenção é ter em Recife candidatura própria. O PSDB tem história e muitos serviços prestados ao Brasil e a Pernambuco e, com certeza, apresentará ao Recife um modelo de gestão eficiente e voltado para as pessoas”, adiantou a presidente Alessandra Vieira.
Quando questionada sobre nomes, ela alega que “o momento agora é de definir as propostas e projetos que serão apresentados aos recifenses”. Se não for protagonista de uma chapa, o PSDB pode integrar um grande bloco de oposição, como vem sendo defendido por lideranças municipais, para desbancar o PSB.
Presidente estadual do PRB, o deputado federal Silvio Costa Filho, que concorreu em 2014 à vice-prefeito do Recife, disse que vai começar, a partir de agosto, a conversar sobre 2020 com PSDB, DEM, PSC, Podemos, PSL e outros partidos, inclusive, que hoje compõem a base governista. “Eu quero disputar, mas não quero fazer disso uma decisão pessoal”, admitiu Silvio Filho nesta semana ao tratar do assunto em entrevista a uma rádio local.
Outros partidos como o Cidadania, de Daniel Coelho, o PSOL, de Ivan Moraes, o DEM, de Priscila Krause, e o PSC, de Renato Antunes e Wanderson Florêncio, ainda integram de eventuais prefeituráveis na capital Pernambucana. O detalhamento dessas articulações e as confirmações, ou não, as legendas têm até junho de 2020 para definir. O primeiro turno das eleições municipais está marcado para 4 de outubro do próximo ano.