Todo mundo acordado pra tomar gagau

A prévia, que completa dez anos em 2012, lotou o Chevrolet Hall.

por Luiz Mendes | dom, 05/02/2012 - 04:02
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A noite do "Acorda pra tomar gagau" aconteceu no Chevrolet Hall, em Olinda, e animou os foliões que escolheram uma prévia sem sombrinhas de frevo. Foi uma festa para todas as idades e que correu na paz como todo o carnaval deve ser. Entre as atrações, Mundo Livre S/A, Seu Jorge e Monobloco que deixaram todo mundo acordado.

Mundo Livre, mesmo com 25 anos de estrada, continua mantendo seu som atual e conseguiu colocar o público do "Acorda pra tomar gagau" pra balançar. Esta é uma prévia de carnaval alternativa à quem quer fugir do frevo e maracatu característico da folia recifense. Bolo de Ameixa é a música que fez a cabeça dos foliões alternativos. Logo em seguida, O mistério do samba traz a pegada mangue-beat, sempre presente no repertório da banda, mesclada ao swing do samba.

Os músicos Fred 04, Areia, Xef Tony, Léo D. e Tom Rocha apresentaram a sua nova música - inteligente e cheia de trocadilhos cibernéticos - O velho James Browse já dizia do seu álbum mais recente, Novas Lendas da Etnia Toshi Baba, que tem sido elogiado pela crítica e esta noite foi aclamado pelo público em seu primeiro teste.

Os temas do repertório são variados: amor, drogas, sexo, consciência política e social fazem parte da temática dos meninos de cabeça de caranguejo que tem um pé no mangue e outro na correria das ruas de Recife. Por falar em mangue, em nome de Chico Science, que neste carnaval completa 15 anos de sua morte, a música Computadores fazem arte do álbum Da lama ao caos (1994), de Nação Zumbi, foi cantada por Fred 04 e pela plateia em coro, todos cantando em uníssono os versos que falam de arte, fama e dinheiro.

Seu Jorge também citou Chico e outros nomes da música pernambucana: Nação Zumbi, Mombojó, Siba, Mundo Livre S/A. O show do carioca foi repleto de homenagens a nomes da música nacional como Leci Brandão e Racionais Mcs. Primeiro com a música Zé do Caroço e depois com a declamação dos versos de Negro Drama, do rap nacional.

Enérgico do início ao fim, o show de Seu Jorge não deixou a desejar. Pelo contrário, em sua maioria, atendeu as expectativas do público positivamente. A estudante Marta Muhlert, 25, foi ao “Acorda” só para ouvir os samba-rocks de Seu Jorge, assim como Rita Andrade, 45, e ambas voltaram extasiadas com tamanha energia. “Foi um show pra ninguém botar defeito, os músicos, as músicas... completo”.

Teve gente que pensou o contrário. A expectativa sobre do cantor de Burguesinha foi tanta que teve gente que se desagradou ao ver a ênfase que o artista deu a sua banda que por sinal fizera um show à parte. “Achei que ele enrolou. Passou muito tempo com a banda, devia ter focado mais nas músicas. Ainda assim ele é sensacional”, afirmou Maíra Souza, 22. Houveram muitas performances solo de gaita, violino, guitarra que enriqueceram o show imensamente. Além da qualidade técnica dos músicos, as coreografias encenadas em palco só acrescentaram excelência e habilidade na performance executada.

As músicas que mais levantaram o público não eram novidades: Carolina e A doida, todo mundo sabia de cor. Em Quem não quer sou eu, sentado no palco e com um cigarro à boca, o ritmo desacelerou. Ainda assim foi uma festa de ritmos e luzes, dignos da década de carnavais que o “Acorda pra tomar gagau” completa esse ano.

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