Do cinema, do sertão, do BBB e até do Canadá: elas vieram de todos os lugares para invadir as ruas de Olinda. O desfile irreverente reúne o maior número de homens vestidos de mulher do Carnaval de Pernambuco, por metro quadrado. Ao meio-dia deste domingo (12), cerca de 450 "virgens" que se inscreveram no concurso desfilavam caracterizadas para o júri que escolheria os destaques do bloco em dez categorias.
Serão premiados o primeiro e segundo lugar das categorias Grupo, Luxo e Originalidade. As outras sete – mais simpática, mais pura, mais sexy, mais sapeca, mais tímida, mais mal-amanhada e virgem das virgens – recebem apenas o troféu de primeiro lugar.
Segundo Ney Araújo, advogado e presidente do júri, a competição é saudável e mantém a beleza das fantasias. “É legal, é o oitavo ano que estou à frente do júri sempre composto por diversas personalidades de Olinda e Recife. Temos 13 critérios para eleger as melhores virgens e sempre temos o cuidado na hora de votar, para não cometermos erros, seja individual ou grupo”. Ney tem como colegas de júri Silvio Botelho (pai dos bonecos gigantes de Olinda), Marcos Sales (presidente do Ceroula de Olinda) e Luiz Adolpho e Silva (presidente do Clube Homem da Meia-Noite).
Os grupos eram dos mais animados: Fadinhas, Caboclinhas, Minnies Mouse e até Xuxa e suas Paquitas bailaram ao som de uma orquestra de frevo. Kléber Pasini trabalha com Relações Públicas e se reúne todos os anos com seus colegas de trabalho para a folia. “Trabalhamos com eventos de formatura e nos anos passados saímos de formandas. Este ano, decidimos mudar e escolhemos nos caracterizar de fadinhas cor-de-rosa”, afirmou o rapaz, vestindo um collant e anteninhas na cabeça.
Também houve aqueles que optaram por homenagear a cultura pernambucana. As “Caboclas na Lança” escolheram resgatar a cultura do Estado em suas vestes. “Nossa cultura é tão rica! Todos os anos nos vestimos com temáticas regionais”, revela Allan Carneiro, um dos integrantes do grupo. Dentre as fantasias individuais o sucesso foi a presidenta Dilma Rousseff, a jornalista Graça Araújo e até Luiza (que voltou do Canadá), todas com muita criatividade, animação e irreverência.
Dez trios elétricos fizeram a festa que partiu da Praça 12 de março e segue pela Av Getúlio Vargas, em Olinda. O primeiro deles foi comandado por Moraes Júnior, vocalista da banda Asas da América que desfila pelo 4º ano neste bloco, e tocou muito frevo para os foliões. “Trazemos a alegria para o público e em nosso repertório tocamos principalmente frevo e os sucessos que agitam a galera”, declara. Som da Terra, Reny e a Galera, Marreta é Massa e Som Brasileiro são algumas das outras atrações da festa que segue até o fim da tarde deste domingo.
História – As Virgens já estão com 59 anos. Presidente do bloco há 8 anos, Alexandre Maranhão (Mano) conta que tudo começou de uma partida de futebol. “No primeiro ano, foi apenas um pequeno grupo que decidiu jogar futebol vestido de mulher. Hoje, temos 10 trios, quatro carros de apoio, em um bloco já consagrado”. Segundo Mano, o ritmo de frevo é o que impera na trilha sonora do bloco. “Aqui só entra frevo”, arremata.