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Depois de derrotas no Congresso, panelaços durante um pronunciamento na TV e até vaias em eventos oficiais da Presidência, Dilma Rousseff resolveu promover alterações em sua articulação política, monitorar as redes sociais para evitar protestos-surpresa e se aproximar de movimentos sociais para antecipar tensões. A tentativa de reação do governo petista ocorre às vésperas de uma grande manifestação, marcada para domingo, que tem entre suas principais bandeiras o pedido de impeachment da presidente.

A mudança na articulação política - que agora terá os ministros Gilberto Kassab, do PSD, Aldo Rebelo, do PC do B, e Eliseu Padilha, do PMDB - ocorre após pressão de seu antecessor e padrinho político, Luiz Inácio Lula da Silva, com quem jantou na noite de terça-feira em Brasília. Antes do jantar, Lula reclamou do chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante. "Se ele fosse tão bom, teria sido ministro no meu governo", disse o ex-presidente a interlocutores (após notícias publicadas à tarde na internet sobre o encontro e os comentários de Lula, seu instituto divulgou nota na qual negou ter criticado Mercadante).

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Dilma resiste a tirar poder do chefe da Casa Civil, mas deve se aproximar mais dos partidos aliados, incluindo seus representantes no núcleo de decisões do governo. Ontem, em evento no Acre, a presidente negou que estivesse promovendo "modificação na coordenação política".

Mas logo em seguida afirmou: "Vamos aumentar o número de pessoas e de partidos, trazendo ministros novos ao debate. Quero botar o ministro Kassab (Cidades), o ministro Aldo Rebelo (Ciência e Tecnologia), o Padilha (Aviação Civil)."

Quem está na linha de tiro, no momento, é o titular de Relações Institucionais, Pepe Vargas (PT), que, em tese, é o responsável pela negociação com o Congresso. Dilma gosta de Pepe e tenta preservá-lo, mas há movimento no PT e no PMDB para substituí-lo. Uma ala do PMDB quer transferir o cargo de Pepe para Eliseu Padilha.

Atenção

Após Dilma ser vaiada em São Paulo em um evento fechado na terça-feira, o Palácio do Planalto decidiu monitorar o humor das pessoas nas redes sociais e vistoriar locais de visita da presidente com mais atenção. Na visita que fez ontem a Rio Branco, no Acre, um pequeno grupo de pessoas protestou contra ela. O número de apoiadores, porém, era bem maior.

Dilma defendeu as manifestações. "As pessoas que se manifestavam iam diretamente para a cadeia, ou eram chamadas de subversivas ou nomes piores. Eu acredito que uma das maiores conquistas do nosso País foi a democracia. E outra coisa: passei a minha vida manifestando nas ruas, não tenho o menor interesse, intuito, nem tampouco o menor compromisso com qualquer processo de restrição à livre manifestação nesse País", disse.

'Dúvida'

O deputado estadual Edinho Silva (PT-SP), tesoureiro da campanha à reeleição de Dilma, divulgou ontem uma "Carta Aberta ao PT", na qual admite "erros" no partido. O petista prega uma reação forte do partido e do Planalto ao cerco político e diz que é hora de todos irem para a luta, sob o argumento de que há momentos em que "a dúvida leva à derrota e o recuo, ao aniquilamento. "Há sim, erros no nosso campo político", escreveu Silva na mensagem, enviada por e-mail para dirigentes, militantes e ministros do PT.

"Nunca na nossa história assimilamos com tanta facilidade o discurso oportunista de uma direita golpista e nunca estivemos tão paralisados.

(...) Se a corrupção é endêmica e povoa as instâncias governamentais, ela tem que ser combatida com muita dureza. (...) Se pessoas se utilizaram do PT para enriquecimento, toda vez que isso for provado esses têm que pagar e nós temos que ser os primeiros a defender a penalização", afirmou. (Colaborou Rafael Moraes Moura)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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