Tópicos | Astrotur

Um caminhão transportando gesso tombou em um viaduto na BR-101 Norte em Igarassu, na Região Metropolitana do Recife, na manhã desta segunda-feira (1º). A carga, com placas de compensado do material, despencou sobre um ônibus que subia a rodovia no sentido oposto e causou um acidente que deixou como vítima fatal o condutor do ônibus e mais de 10 feridos. De acordo com a Polícia Rodoviária Federal (PRF), o revés ocorreu por volta das 6h30, do km 40 da BR. O veículo atingido transportava trabalhadores da empresa de ônibus Astrotur, que também tem base no Recife. 

Ainda de acordo com a PRF, os demais atingidos foram levados para unidades de saúde do Grande Recife, mas o perfil das vítimas e estado de saúde ainda não foram confirmados pelas equipes. O motorista do ônibus morreu na hora. Já o homem que conduzia o caminhão, abandonou o local do acidente antes mesmo do SAMU e da PRF chegarem. O Corpo de Bombeiros também esteve no local. 

##RECOMENDA##

A partir de agora, a Polícia Civil deve investigar o caso, que pode ser mais um episódio de carga mal acondicionada. Em alguns casos, a conduta é considerada infração gravíssima, custando sete pontos na carteira de motorista e cerca de R$ 200 de multa. Há cerca de uma semana, outro acidente do tipo ocorreu no Curado, na Zona Oeste da capital, mas não houve vítimas fatais.   

A Polícia Rodoviária Federal informou que o congestionamento no trecho da BR-101 é de aproximadamente um quilômetro, no sentido João Pessoa. No momento do acidente, o caminhão seguia em direção ao estado vizinho, enquanto o ônibus seguia no sentido Recife. Há também um desvio em direção ao centro de Igarassu. Até o momento desta publicação, o veículo ainda não havia sido removido da rodovia. 

O coronel da Polícia Militar de Pernambuco, Clóvis Fernando Pereira, e o atual chefe de Fiscalização e Vistoria do Departamento de Estradas de Rodagem de Pernambuco (DER-PE), Laurent Licari, foram indiciados por corrupção passiva. De acordo com informações da Delegacia de Crimes Contra a Administração Pública (Decasp), eles organizavam fiscalizações em veículos de transporte de algumas empresas específicas no intuito de prejudicá-las. 

Clóvis e Laurent recebiam benefícios em vantagens financeiras dos empresários Filipe Rodrigues de Melo, da empresa Asa Branca, e Osvaldo José dos Santos Farias, da Borborema. De acordo com a investigação, ao longo dos anos de 2015 e 2016, o coronel da PM recebeu uma quantia de R$ 64 mil em depósito bancário. "Ele não soube explicar de onde teria vindo esse dinheiro identificado em suas transações bancárias", disse Patrícia Domingos, delegada à frente do caso. 

##RECOMENDA##

O crime era organizado em reuniões entre os empresários e os servidores públicos. Clóvis e Laurent se reuniam para organizar onde seriam os pontos específicos de fiscalizações, data e horário das operações. Os empresários também participavam dos encontros para fornecer informações sobre localizações exatas. "As empresas de transporte concorrente eram prejudicadas porque sofriam muito mais infrações, multas e tinham veículos apreendidos", relatou a delegada. 

Enquanto as empresas que pagavam propinas eram beneficiadas sofrendo apenas algumas fiscalizações. "Empresas prejudicadas como a RCR e a Astrotur sofriam prejuízo porque eram expostas na mídia de forma negativa por não ser profissional, seus funcionários se atrasavam para o trabalho devido as constantes fiscalizações e a quantidade de multas era enorme", explicou Domingos. 

A investigação aponta que a Asa Branca e a Borborema se beneficiavam dessa situação porque além de ficarem com a imagem positiva, também conseguiam mais contratos, principalmente no interior do Estado. "Foi mencionado durante a investigação que caso a Astrotur perdesse contratos no interior de Pernambuco, a Borborema poderia facilmente abocanhá-los".

A denúncia do crime foi feita pelas empresas prejudicadas e por policiais militares que percebiam a situação e teriam ficado revoltados com a atitude dos gestores Clóvis e Laurent. Em depoimento prestado à Polícia Civil, o tenente-coronel e o atual chefe de fiscalização do DER negaram as acusações e afirmaram que realizavam seu trabalho de forma lícita. 

Mas, para a delegada, a investigação do caso foi bem clara e se baseou em provas como quebra de sigilo bancário, telefônico e fiscal. A polícia também ouviu muitas testemunhas presenciais. Clóvis e Laurent foram indiciados por corrupção passiva e os empresários Filipe e Osvaldo por corrupção ativa. Apesar disso, nenhum dos quatro foram presos. "Não pedimos a prisão porque esse crime não é praticado mediante violência ou grave ameaça. Mas pedimos o afastamento do chefe do DER", concluiu Patrícia. 

O Departamento de Estradas de Rodagem de Pernambuco ainda não se pronunciou sobre o caso.

Leianas redes sociaisAcompanhe-nos!

Facebook

Carregando