Tópicos | Bernardo Carvalho

O 56º Prêmio Jabuti anunciou os vencedores da premiação literária nesta quinta-feira (16). Entre os vencedores estão Bernardo Carvalho (romance), Rubem Fonseca (conto), Lira Neto (biografia), Laurentino Gomes (reportagem), Marina Colasanti (infantil), Meire de Oliveira (ilustração), Ricardo Azevedo (juvenil) e Renato Moriconi (ilustração infantil ou juvenil). O primeiro colocado ganha R$ 3.500 e o troféu. Os outros dois ganham apenas o troféu. 

O prêmio literário Jabuti é o que mais contempla as obras literárias do Brasil. A premiação reconhece obras de diferentes gêneros, desde o romance à economia, além das diversas etapas da produção de um livro. Nesta 56ª edição, foram inscritos 2.240 livros publicados em 2013. No ano passado, concorreram 2.050 obras. 

##RECOMENDA##

A cerimônia de premiação será no dia 18 de novembro, no Auditório do Ibirapuera, em São Paulo.Na ocasião, serão revelados os vencedores do Livro do Ano Ficção e Livro do Ano Não Ficção, que paga mais R$ 35 mil.

Confira alguns vencedores do 56º Prêmio Jabuti:

Romance

1º Reprodução (Companhia das Letras, de Bernardo Carvalho)

2º A Maçã Envenenada (Companhia das Letras), de Michel Laub

3º Opsanie Swiata (Cosac Naify), de Veronica Stigger

Contos e Crônicas

1º Amálgama (Nova Fronteira), de Rubem Fonseca

2º Você Verá (Record), de Luiz Vilela

3º Nu, de Botas (Companhia das Letras), de Antonio Prata, e Um Solitário à Espreita (Companhia das Letras), de Miltom Hatoum

Biografia

1º Getúlio - Do Governo Provisório à Ditadura do Estado Novo (1930-1945) (Companhia das Letras), de Lira Neto

2º Wilson Baptista: O Samba foi sua Glória (Casa da Palavra), de Rodrigo Alzuguir

3º O Castelo de Papel (Rocco), de Mary del Priore

Reportagem

1º 1889 (Globo), de Laurentino Gomes

2º Holocausto Brasileiro (Geração), de Daniela Arbex

3º Um Gosto Amargo de Bala (Civilizaçao Brasileira), de Vera Gertel

Infantil

1º Breve História de um Pequeno Amor (FTD), de Marina Colasanti

2º Da Guerra dos Mares e das Areias: Fábula sobre as Marés (Quatro Cantos), de Pedro Veludo

3º Poemas que Escolhi para Crianças (Moderna), de Ruth Rocha

Juvenil

1º Fragosas Brenhas do Mataréu (Ática), de Ricardo Azevedo

2º As Gêmeas da Família (Globo), de Stella Maris Rezende

3º Uma Escuridão Bonita (Pallas), de Ondjaki

Capa

1º A São Paulo de German Lorca (Imprensa Oficial), de Edson Lemos

2º Graffitti Fine Art (Sesi), de Raquel Matsushita

3º Murphy (Cosac Naify), de Paulo André Chagas

Ilustração

1º Brasil: Imagens sob a Ótica da Artista Meire de Oliveira (Meire de Oliveira), de Meire de Oliveira

2º Storynhas (Companhia das Letras), de Laerte

3º Decameron: Giovanni Boccaccio (Cosac Naify), de Alex Cervany

Ilustração de livro infantil ou juvenil

1º Bárbaro (Companhia das Letras), de Renato Moriconi

2º Naninquiá - A Moça Bonita (DCL), de Ciça Fittipaldi 

3º Conselho (Escrita Fina), de Odilon Moraes

O restante das premiações podem ser conferidas no site oficial do prêmio.

Um estudante de chinês é detido no aeroporto quando pretendia embarcar para a China. O motivo foi ter reconhecido, momentos antes, uma mulher que fora sua professora daquele idioma, também na fila de check in. Levado a um espaço reservado da Polícia Federal, o rapaz desanda a falar um discurso verborrágico, um enfileiramento de frases ditas quase sem fôlego, mistura de defesa, acusações e desabafo.

É com esse estranhamento que começa Reprodução, novo romance de Bernardo Carvalho, um dos principais escritores brasileiros da atualidade. Uma estratégia intencional: "Sempre gostei de sentir um certo mal estar porque incentiva a criação", comenta Carvalho. "A situação se agravou nos últimos anos, quando o Brasil me pareceu mais nebuloso, uma país que não sei para onde vai. Antes, gritar contra isso fazia sentido; hoje, tudo é muito confuso."

##RECOMENDA##

Para ele, a realidade anda embaçada demais e o inimigo, dissimulado. "As manifestações de rua dos últimos meses provam isso - ali não parecia estar o Brasil real, pois as que reuniam mais pessoas pregavam contra a corrupção, algo muito genérico, enquanto a que criticou (o deputado e pastor Marco) Feliciano não reuniu mais que mil pessoas, a maioria gays. Naquela, o Brasil não foi."

A lucidez incomoda, mas alerta - em seu falatório, o estudante de chinês revela ter o mesmo perfil de outras pessoas cuja cultura é construída por meio da internet, seja na leitura de blogs, seja no acompanhamento de colunistas de opinião duvidosa. Assim, dispara contra as minorias em geral ao mesmo tempo em que prega uma iminente hegemonia da China. "No futuro, todos só falarão chinês", apregoa ele, confiante de que, ao dominar o idioma, terá alguma vantagem.

Com isso, Bernardo Carvalho faz uma interessante leitura da internet e a profusão de redes sociais, nas quais, supostamente, as pessoas estariam interligadas. "Na verdade, cada uma está isolada diante de seu computador, protegida pelo anonimato e exprimindo seus sentimentos mais primários, nada lapidado ou sofisticado. Dificilmente diria aquilo diante de outra pessoa."

Além do estudante chinês, outro personagem ganha destaque em Reprodução: uma agente da polícia infiltrada em uma igreja pentecostal. Ela mantém, na sala ao lado, uma conversa com o delegado que interroga o rapaz. Novamente, um turbilhão de palavras que traça um novo perfil de personagem, mas, na essência, também um ser em busca de uma identidade. "A mulher pode nem existir, sendo fruto da delirante imaginação do estudante. Mas seu discurso é mais uma das diversas formas de reprodução que aparecem no romance, do discurso da imprensa aos sites da internet."

REPRODUÇÃO - Autor: Bernardo Carvalho. Editora: Companhia das Letras (170 págs., R$ 37).

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Leianas redes sociaisAcompanhe-nos!

Facebook

Carregando