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Primeira novela a cores da TV brasileira, "O Bem-Amado" (Globo, 1973) está disponível na Globoplay. O clássico de 1973 é uma adaptação da peça "Odorico, O Bem-Amado e Os Mistérios do Amor e da Morte" (1962), de Dias Gomes (1922-1999), e criticava a ditatura civil-militar (1964-1985) ao satirizar personagens políticos e fazendeiros, chamado-os, na ficção, de coronéis.

A trama gira em torno de Odorico Paraguaçu (Paulo Gracindo, 1911-1995), o corrupto candidado a prefeito da fictícia Sucupira, cuja promessa de campanha é a construção de um cemitério público. Eleito, ele precisa inaugurar a obra, mas ninguém morre n cidade. Então, o político permite que o matador Zeca Diabo (Lima Duarte) volte à região na expectativa que mortes aconteçam. Mas, dessa vez, o assassino está disposto a mudar e a não cometer mais crimes.

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"O Bem-Amado" enfrentou dificuldades de produção. No processo inserção das cores, os responsáveis pela novela percebiam que os tons berrantes saturavam o vídeo e tiravam a atenção do telespectador. As pernas da atriz Ilda Gomes (1923-2009) precisaram de maquiagem por serem brancas demais, e o ator Emiliano Queiroz foi proibido de usar óculos, pois o reflexo das lentes atrapalhava a imagem.

Os capítulos da novela foram alterados em diversas ocasiões. Na época, a censura do regime militar proibiu que as palavras "coronel" e "capitão" fossem pronunciadas quando relacionadas aos personagens Odorico e Zeca Diabo, pois os militares se sentiram ofendidos. Entraram no rol de proibições palavras em tom de conflito, como "ódio" e "vingança", e alguns trechos da música de abertura. Apesar da novela não poder se expressar em toda sua liberdade, foi um sucesso de crítica e de público, sendo considerada um marco na história da teledramaturgia no Brasil.

Por Rafael Sales

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