A chegada da denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o presidente Michel Temer na Câmara dos Deputados levou o PSDB a estabelecer um novo prazo para decidir sobre o desembarque ou permanência no governo.
O limite agora deve ser a reunião da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Casa que vai avaliar a admissibilidade do pedido da PGR.
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"A questão de ficar no governo está muito vinculada aos votos que o partido vai ter na CCJ (na votação da admissibilidade da denúncia). Não faz sentido a maioria apoiar o acolhimento da denúncia, mas ficar no governo", disse o ex-governador Alberto Goldman, vice-presidente nacional do PSDB.
Goldman, que defende a permanência, afirmou que, se o veredicto na CCJ for a favor de Temer, os deputados da sigla teriam que votar com o governo.
O PSDB conta com sete membros na CCJ de um total de 66 integrantes. O Estado apurou que pelo menos cinco tucanos votarão pela admissibilidade - ou seja, contra Temer.
Como o Palácio do Planalto tem pressa, a expectativa no Congresso é que a CCJ se reúna em até duas semanas. O passo seguinte será o envio da denúncia ao plenário. "O líder do PSDB já disse que cada um vai votar com a sua consciência. Pode haver fechamento de questão, mas é prerrogativa do mandato de cada deputado votar contra ou à favor o pedido de investigação", disse o deputado federal Daniel Coelho (PSDB-PE), que lidera o grupo dos chamados "cabeças pretas", que defende a saída do governo.
Sem retaliação
Apesar da pressão de aliados leais ao governo para ocupar os quatro ministérios do PSDB, o Palácio do Planalto garantiu aos tucanos que não haverá retaliação se a bancada não votar em bloco na Comissão e no plenário.
A estratégia de Temer é "manter um bom diálogo" com o partido e tentar virar o maior número possível de votos na bancada. Na primeira reunião para tratar sobre o tema, no dia 12 de junho, o partido anunciou que ficaria com Temer, mas avisou que o apoio poderia ser retirado a qualquer momento.
Doria
O prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), defendeu um posicionamento definitivo do partido sobre a denúncia contra o presidente Michel Temer (PMDB). A convocação de uma reunião da Executiva Nacional para decidir a posição do partido em relação à denúncia deixará a opinião da legenda mais "claramente definida".
O partido tem sido alvo de críticas por ficar "em cima do muro", em relação ao desembarque do governo. "Havendo a convocação (da Executiva), a manifestação do PSDB estará cristalizada e claramente definida", disse Doria ao Estado/Broadcast na quinta-feira, 29, após uma palestra para investidores na capital paulista.
O tucano esteve na quarta-feira, 28, em Brasília, com o senador Tasso Jereissati (CE), que assumiu o comando do partido interinamente, desde que Aécio Neves se licenciou. O encontro entre os dois não estava previsto na agenda oficial de Doria, que passou o dia na capital federal.
O prefeito disse que pediu a Jereissati um encontro da Executiva, para que se defina uma posição partidária sobre a denúncia. "E, mais do que isso, a convocação de eleições para de vez termos um presidente que não seja interino", afirmou. Questionado se também apoiava uma decisão imediata sobre a denúncia do procurador-geral Rodrigo Janot contra Temer por corrupção passiva, Doria confirmou. "Claro, tem que ser."
Pesquisas
Nos últimos dois dias, Doria falou que as prévias não são a única forma de o partido escolher o candidato à Presidência da República em 2018. Ele passou a defender o uso de pesquisa eleitoral também como uma forma de o partido tomar uma decisão, além das prévias, defendidas por ele e por seu padrinho político, o governador Geraldo Alckmin.
Cotado como possível candidato nas eleições presidenciais, Doria disse que passou a fazer a defesa das pesquisas para não entrar em conflito com caciques do partido. "Eu não quero confronto com a Executiva. Tenho dito que as prévias são sempre o melhor caminho, é o que defendi e que continuo a defender, mas se a Executiva entender que há outras formas, vamos seguir o que ela determinar", disse. Doria também voltou a negar que seja pré-candidato a 2018. "Não seria correto alguém que acabou de ser eleito estar determinado a fazer campanha", disse.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.