Tópicos | CRISE POLÍTICA/TEMER/PSDB

O vice-líder do governo na Câmara, Beto Mansur (PRB-SP), avaliou nesta sexta-feira, 7, que a declaração do senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) de que o País "caminha para a ingovernabilidade" na gestão do presidente Michel Temer é um "absurdo". "Acho que a gente tem uma crise, e o Tasso fazendo um comentário desses como presidente interino do PSDB - com o partido fazendo parte do governo, com quatro ministérios - eu, particularmente, acho que é um desserviço à Nação. A opinião dele é a opinião dele, mas eu acho que é errado", argumentou.

Mansur disse também não ter certeza sobre se essa é a posição de toda a bancada e dirigentes tucanos, como Geraldo Alckmin, João Doria e Aécio Neves. Além da crítica à gestão peemedebista, em conversa na quinta-feira, 6, com jornalistas, o dirigente interino do PSDB fez também um aceno ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), dizendo que o democrata poderia garantir a travessia até as eleições 2018, caso a denúncia contra Temer seja acatada pelos deputados e ele seja afastado do cargo.

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"Rodrigo Maia é um bom parlamentar, mas acho que a gente tem presidente da República e temos que respeitar a Constituição. Este é até o sentimento do Rodrigo", afirmou Mansur a jornalistas que estão em Hamburgo, para cobrir a reunião de cúpula do G-20 - grupo das maiores economias do globo. Mansur faz parte da comitiva brasileira do presidente Temer.

"Só acho que o Tasso, como presidente interino do partido, fazer um comentário desse participando do governo, é um absurdo", reiterou. Mansur disse também que não existe um planejamento para que Maia assuma o governo. "Isso pode ser um comentário aqui ou ali de quem está contra o governo do Michel, mas sinto que temos de respeitar a Constituição. Tem uma denúncia e ele (o presidente Temer) tem todo o direito de se defender."

A chegada da denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o presidente Michel Temer na Câmara dos Deputados levou o PSDB a estabelecer um novo prazo para decidir sobre o desembarque ou permanência no governo.

O limite agora deve ser a reunião da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Casa que vai avaliar a admissibilidade do pedido da PGR.

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"A questão de ficar no governo está muito vinculada aos votos que o partido vai ter na CCJ (na votação da admissibilidade da denúncia). Não faz sentido a maioria apoiar o acolhimento da denúncia, mas ficar no governo", disse o ex-governador Alberto Goldman, vice-presidente nacional do PSDB.

Goldman, que defende a permanência, afirmou que, se o veredicto na CCJ for a favor de Temer, os deputados da sigla teriam que votar com o governo.

O PSDB conta com sete membros na CCJ de um total de 66 integrantes. O Estado apurou que pelo menos cinco tucanos votarão pela admissibilidade - ou seja, contra Temer.

Como o Palácio do Planalto tem pressa, a expectativa no Congresso é que a CCJ se reúna em até duas semanas. O passo seguinte será o envio da denúncia ao plenário. "O líder do PSDB já disse que cada um vai votar com a sua consciência. Pode haver fechamento de questão, mas é prerrogativa do mandato de cada deputado votar contra ou à favor o pedido de investigação", disse o deputado federal Daniel Coelho (PSDB-PE), que lidera o grupo dos chamados "cabeças pretas", que defende a saída do governo.

Sem retaliação

Apesar da pressão de aliados leais ao governo para ocupar os quatro ministérios do PSDB, o Palácio do Planalto garantiu aos tucanos que não haverá retaliação se a bancada não votar em bloco na Comissão e no plenário.

A estratégia de Temer é "manter um bom diálogo" com o partido e tentar virar o maior número possível de votos na bancada. Na primeira reunião para tratar sobre o tema, no dia 12 de junho, o partido anunciou que ficaria com Temer, mas avisou que o apoio poderia ser retirado a qualquer momento.

 

Doria

O prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), defendeu um posicionamento definitivo do partido sobre a denúncia contra o presidente Michel Temer (PMDB). A convocação de uma reunião da Executiva Nacional para decidir a posição do partido em relação à denúncia deixará a opinião da legenda mais "claramente definida".

O partido tem sido alvo de críticas por ficar "em cima do muro", em relação ao desembarque do governo. "Havendo a convocação (da Executiva), a manifestação do PSDB estará cristalizada e claramente definida", disse Doria ao Estado/Broadcast na quinta-feira, 29, após uma palestra para investidores na capital paulista.

O tucano esteve na quarta-feira, 28, em Brasília, com o senador Tasso Jereissati (CE), que assumiu o comando do partido interinamente, desde que Aécio Neves se licenciou. O encontro entre os dois não estava previsto na agenda oficial de Doria, que passou o dia na capital federal.

O prefeito disse que pediu a Jereissati um encontro da Executiva, para que se defina uma posição partidária sobre a denúncia. "E, mais do que isso, a convocação de eleições para de vez termos um presidente que não seja interino", afirmou. Questionado se também apoiava uma decisão imediata sobre a denúncia do procurador-geral Rodrigo Janot contra Temer por corrupção passiva, Doria confirmou. "Claro, tem que ser."

Pesquisas

Nos últimos dois dias, Doria falou que as prévias não são a única forma de o partido escolher o candidato à Presidência da República em 2018. Ele passou a defender o uso de pesquisa eleitoral também como uma forma de o partido tomar uma decisão, além das prévias, defendidas por ele e por seu padrinho político, o governador Geraldo Alckmin.

Cotado como possível candidato nas eleições presidenciais, Doria disse que passou a fazer a defesa das pesquisas para não entrar em conflito com caciques do partido. "Eu não quero confronto com a Executiva. Tenho dito que as prévias são sempre o melhor caminho, é o que defendi e que continuo a defender, mas se a Executiva entender que há outras formas, vamos seguir o que ela determinar", disse. Doria também voltou a negar que seja pré-candidato a 2018. "Não seria correto alguém que acabou de ser eleito estar determinado a fazer campanha", disse.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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