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A exposição "Sopro", do artista plástico Ernesto Neto, tem encantado turistas e visitantes da Pinacoteca do Estado, no bairro da Luz, em São Paulo. Com curadoria de Jochen Volz e Valeria Piccoli, as obras interativas permitem ações diretas do público em vários ângulos de observação.

Em seu trabalho, Neto mostra uma particularidade de sua herança neoconcreta e faz com que os espectadores convivam, reflitam e mergulhem no universo de sua obra.

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Na inédita "Cura Bra Cura Té", o artista reverencia a mãe indígena e a mãe africana, ambas violentadas e retiradas de suas terras pela terceira matriz que compõe a origem do povo brasileiro: a europeia. A obra convida o visitador a participar de rituais musicais, a explorar o ambiente com especiarias, como açafrão e urucum, que espalham seus aromas por todo o andar. Já em "Copulônia", uma das artes mais inspiradoras da mostra, Neto utiliza poliamida e círculos de chumbo para trazer a ideia de família, corpo coletivo e convivência simbiótica.

A obra inédita "Cura Bra Cura Té" | Foto: Divulgação / Pinacoteca

Frequentador e vizinho da Pinacoteca, pois mora no bairro do Bom Retiro, Amós Lee conta que, apesar da proximidade, tomou conhecimento da exposição por meio de sua namorada, a designer Priscila Yoo. "Ainda não conhecia o trabalho do artista e estou gostando bastante, pois as obras são feitas a mão. É possível sentir um pouco da natureza, ver as crianças brincando nas obras. E o preço acessível do ingresso também facilita."

O casal Priscila Yoo e Amós Lee interage com uma das obras na Pinacoteca | Foto: Alex Dinarte / LeiaJá SP

A paraense Andrea Bonna, que mora em São Paulo há 18 meses, já conhecia a Pinacoteca e levou a prima, Valéria Vieira, que mora no Rio de Janeiro, para conhecer o trabalho de Neto. "Uma amiga arquiteta visitou e gostou muito, então sabia que devia vir conhecer o espaço quando estivesse por aqui", conta. "O fato de poder interagir com as instalações é o que mais me chamou atenção na exposição, pois acho interessante poder tocar e sentir o material que também propõe a interação com os demais visitantes da exposição", complementa.

Serviço

Sopro - de Ernesto Neto

Pinacoteca - Praça da Luz, em São Paulo

Ingressos: R$ 10 (entrada) e R$ 5 (meia-entrada para estudantes com carteirinha)

Menores de 10 anos e maiores de 60 são isentos de pagamento

Aos sábados, a entrada da Pina é gratuita para todos

Informações: www.pinacoteca.org.br

Dançando debaixo de uma árvore, olhando-a como se fosse um pulmão, o artista Ernesto Neto descobriu, como conta, uma frase - "A Terra é o corpo". Escrita em néon e em círculo, é ela que vai receber os visitantes da grande exposição que o carioca inaugura no próximo dia 13 no museu Guggenheim de Bilbao, Espanha.

O Corpo Que Me Leva, título da mostra, apresenta obras criadas pelo brasileiro desde 1989, como o trabalho Copulônia, uma de suas primeiras experiências com formas orgânicas, neste caso, feitas de meias de nylon que carregam esferas de chumbo - "semente de tudo", ele a exibiu pela primeira vez na Galeria Macunaíma da Funarte, no Rio -, até a monumental Leviathan Thot (Fêmea) de 2006.

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Dependurada no átrio do edifício, na "garganta" do espaço interno do museu - que, do lado de fora, é a expressão máxima da arquitetura espetaculosa de Frank Gehry -, a instalação faz menção ao organismo feminino e ao monstro do mar descrito no Antigo Testamento.

"Acho que a gente tem visto a Terra como imagem, e há anos trabalho com essa transição do corpo para a paisagem, da paisagem para o corpo. Precisamos ver a Terra como um corpo para termos com ela uma interlocução mais profunda, menos extrativista. A exposição é calcada nesse pensamento", diz Ernesto Neto, que participa agora da montagem da mostra, concebida com a curadora-chefe do Guggenheim Bilbao, a belga Petra Joos. Não se trata de uma retrospectiva, prefere definir o artista, prestes a completar 50 anos e desde a década de 1990 celebrado na cena internacional. "A exposição não é pensada linearmente, é um acontecimento atemporal."

A mostra, considerada uma das maiores individuais do brasileiro no exterior (não há itinerância prevista), é formada por nove núcleos. Leviathan Thot (Fêmea), já exibida na França, é tão grande, que será apresentada em Bilbao apenas em um quinto de seu tamanho, ficando a 55 metros de altura com suas formas molengas feitas de nylon, bolas de espuma e de areia. Debaixo da instalação estará Olhando o Céu (2013), com "macas-carrinhos de bate-bate" para o visitante se deitar e ver, em movimento, a obra.

A exposição, em cartaz até 18 de maio, é também pensada como um organismo, conta o escultor, mas de um colibri - ou como nove partes de uma "abelha-beija-flor" (com cabeça, antenas, asas, enumera). "Eu e Petra pensamos no que seria importante mostrar e fomos encaixando as coisas no espaço", conta. Há, por exemplo, uma versão de sua obra Tambor, que ocupou o Museu de Arte Moderna de São Paulo em 2010, e outras criações participativas.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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