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Criado a partir do desdobramento de uma longa pesquisa em dança intitulada Contraespaço, realizada em 2015, sob o estímulo da intrigante arquitetura da iraquiana-britânica Zaha Hadid, o espetáculo Transiterrifluxório, do grupo Cláudio Lacerda/Dança Amorfa, dirigido pelo coreógrafo, bailarino, professor e pesquisador pernambucano Cláudio Lacerda, inicia sua primeira circulação nacional e faz parada neste sábado (5) e domingo (6), no Museu de Arte Moderna da Bahia (MAM), em Salvador. As apresentações acontecem no Espaço Arcadas, sempre às 16hs e o acesso é gratuito. A sessão do domingo terá recursos de audiodescrição permitindo o acesso comunicacional aos diversos perfis de público.

A circulação nacional da montagem está sendo possível graças ao incentivo do Fundo de Incentivo à Cultura do Estado de Pernambuco (Funcultura) e contará também com apresentações nos dias 8, 9 e 10 de setembro, na cidade de Porto Alegre. Transiterrifluxório também já cumpriu temporada no Centro Cultural Benfica, em Recife, entre os meses de setembro e outubro de 2019. Ao final das apresentações os bailarinos fizeram um breve bate papo com o público, no intuito de trocar ideias e impressões. A montagem tem produção executiva assinada pela pernambucana Clarisse Fraga, do Bureau de Cultura.

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Transiterrifluxório foi desenvolvido a partir da curiosidade pelas obras e modos de operar de Hadid, que tem em suas criações trabalhos radicais, ora cheios de curvas, ora com arestas pronunciadas convergentes e divergentes, com grandes espaços vazados e dissoluções entre verticalidade e horizontalidade, num estado de fluidez e complexidade sem cortes que seguem meticulosos processos criativos.

Segundo o diretor, Cláudio Lacerda, responsável pela concepção do espetáculo, o grupo, que é formado ainda pelos bailarinos Jefferson Figueirêdo, Juliana Siqueira e Stefany Ribeiro, trabalhou com a imaginação espacial, corporal e de movimento estimuladas pela dinâmica e pelas linhas existentes nas obras da arquiteta. “Juntos, esses elementos nos propiciaram diferentes perspectivas em relação aos olhares internos, a sensibilidade alterada de nossas superfícies, modos de fricção entre nossos corpos, propostas de habitação nos diversos espaços que criamos em cena, sejam eles reais ou imaginados/ários. Também ampliou as possibilidades das nossas relações, de afetar e ser afetado, de desestabilizar e de apoiar, de se deixar levar e, por fim, de manter os pés bem plantados no chão”, explica.

Em Transiterrifluxório, o grupo pretende trazer aos espectadores a materialidade e a cinestesia produzidas por essas vivências. O próprio título já é bem sugestivo ao brincar com as palavras trânsito, território e fluxo, deixando-as contaminarem-se entre si e se borrarem, espelhando o que foi desenvolvido durante o processo. “É um espetáculo proposto para ser exibido fora da caixa cênica, em espaços alternativos, que comportem ambientes separados diversos, promovendo uma fricção entre o material de movimento produzido no processo, organizado em módulos, e a responsividade aos espaços, procurando maneiras interessantes de habitá-los, em itinerância”, salienta Lacerda.

Uma curiosidade, segundo o coreógrafo, é que essas apresentações em Salvador representam uma espécie de retorno para o local onde a pesquisa foi concebida quando foi objeto do doutorado no programa de pós-graduação em Artes Cênicas da UFBA, há alguns anos. "O espetáculo volta a esse ambiente agora bem mais amadurecido e com uma mobilidade de flutuação no elenco, pois naquela época éramos cinco bailarinos que no decorrer do percurso, por conta da maternidade de duas integrantes, precisou ser adaptado. Hoje somos quatro. Isso demonstra o quanto o trabalho foi desenvolvido respeitando a inteligência do próprio processo criativo e de pesquisa, ressalta Cláudio.

Em cada prédio nos quais o grupo tem dançado, a exemplo da Igreja da Sé, em Olinda; a Faculdade de Arquitetura da UFBA, em Salvador; e o Sesc Petrolina, no sertão pernambucano; as limitações encontradas funcionaram como estimuladores, colocando a dança para sobreviver nesses espaços, em um diálogo no qual os bailarinos se nutrem deles e, simultaneamente, lhes dão vida, habitando-os. “A nossa dança adapta-se aos ambientes, respeitando as condições características, explorando um meio caminho entre coreografia e obra site-specific. É um espetáculo que se fundamenta na exploração dos mais diversos ambientes de um prédio escolhido”, completa o idealizador.

Em cada ambiente, juntamente aos módulos de dança, – são usados 10 módulos, cada um com uma média de 5 minutos de duração –, também são exploradas instalações sonoras e possibilidades de projeções de vídeos com imagens editadas das filmagens in loco de prédios e objetos projetados por Hadid em Londres e Roma, captadas por Cláudio Lacerda, na ocasião do seu doutorado Sandwich na Inglaterra (Coventry University), no final de 2016.

A proposta, segundo os bailarinos, para as sessões de Transiterrifluxório é convidar o público a acompanhar a itinerância do grupo na habitação de cada espaço do local de apresentação. “Queremos despertar a curiosidade dos espectadores para que cada um possa fazer a sua própria leitura da nossa obra”, enfatiza Cláudio, considerando ainda que o Solar do Unhão, às margens da Baía de Todos os Santos e que tem o pôr do sol mais belo de Salvador, irá possibilitar uma experiência ainda mais interessante às apresentações do grupo.

*Via assessoria de imprensa. 

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