Diversos voos foram cancelados neste domingo, depois que milhares de ativistas pró-democracia bloquearam o caminho para o aeroporto de Hong Kong, um dia depois dos confrontos entre manifestantes e policiais em uma das jornadas mais violentas na cidade desde o início dos protestos há três meses.
Pelo menos 16 voos foram cancelados, informou o site do aeroporto, com o saguão de embarque lotado de passageiros que lutaram para chegar aos terminais.
Mais cedo, os operadores do trem "Airport Express" suspenderam os serviços, enquanto os manifestantes, que esconderam os rostos das câmeras de segurança com o uso de guarda-chuvas, construíram barricadas na estação do aeroporto e tentaram interromper o trânsito na principal estrada de acesso aos terminais.
Os passageiros retidos foram forçados a arrastar suas bagagens pela estrada do aeroporto.
Do lado de fora de um dos terminais do hub internacional, os manifestantes criaram barricadas com extintores de incêndio e carrinhos de bagagem, ao mesmo tempo que quebravam câmeras de segurança.
A polícia anunciou que estava pronta para iniciar uma "operação de dispersão" e afirmou que os manifestantes deveriam abandonar a área do aeroporto "imediatamente".
Os manifestantes estão proibidos de entrar no aeroporto desde que um protesto em agosto no local terminou em confrontos com a polícia.
Mas eles ignoram de forma rotineira as restrições impostas pelo governo.
O sábado foi marcado por verdadeiras batalhas campais em diversos bairros.
- Tiros de advertência -
Um vídeo exibido por uma emissora local mostrou a unidade de elite da polícia avançando contra a multidão e agredindo diversas pessoas em um vagão de trem. As imagens mostram um homem que tentava proteger uma amiga sendo atingido por gás de pimenta. Ele chora, de joelhos. Em seguida, os agentes abandonam o local sem efetuar detenções.
No território, a irritação com as táticas da polícia é cada vez maior.
"A polícia é como um grupo criminoso com licença, licença para atacar e agredir", afirmou Kwok Ka-ki, advogado à AFP. "O governo não é diferente de um um regime autocrático".
A Anistia Internacional criticou a "horrível" ação policial no trem e pediu uma investigação.
Autoridades da área de Saúde informaram que 31 pessoas foram internadas em hospitais após os confrontos de sábado, incluindo cinco em estado grave.
A agência estatal chinesa Xinhua publicou um vídeo no sábado à noite da polícia antidistúrbios em Shenzhen, cidade na fronteira com Hong Kong.
O governo central chinês mescla técnicas de intimidação, propaganda e ameaças econômicas para tentar controlar o movimento, que representa um desafio direto a seu controle.
Na sexta-feira, a polícia anunciou a detenção de políticos e ativistas pró-democracia importantes, uma técnica que consta dos manuais de Pequim.
A polícia negou que as operações teriam o objetivo de enfraquecer os protestos do fim de semana.
Mais de 900 pessoas foram detidas desde junho em relação com os protestos.