Essencial para o tratamento de pacientes diabéticos, a Insulina Lantus – tipo especial e moderno do medicamento – está há cerca de três meses em falta na Farmácia do Estado. A burocracia que envolve a compra do produto pela Secretaria de Saúde faz com que muitos dos que têm a doença precisem se desdobrar para conseguir comprar o medicamento em farmácias convencionais, muitas vezes fazendo dívidas ou pedindo apoio financeiro a amigos e familiares.
De acordo com a Drª Elcy Aragão, médica da Associação Pernambucana do Diabético Jovem (APDJ), a Glargina (comercialmente conhecida como Lantus) é importante para manter os níveis de glicose durante um dia inteiro. “A Lantus regula o nível de glicose do paciente e evita hipoglicemia – em casos de baixa da glicose – ou problemas oculares e renais, geralmente ocasionados pela alta de açúcar no sangue”, explica a médica. Com a dose adequada da Lantus, o paciente pode passar um dia com as taxas em equilíbrio. Apesar de existirem outros tipos de insulina no mercado, como a NPH, os pacientes afirmam se sentirem melhores após a injeção do medicamento.
##RECOMENDA##Gabriel é um dos diabéticos beneficiados pela Farmácia do Estado, mas há três meses, sua mãe não encontra outra alternativa a não ser adquirir a insulina nas farmácias convencionais. “Meu filho precisa de três refis de Lantus por mês e cada um custa cerca de 95 reais. Já fiz dívidas no cartão de crédito e pedi dinheiro a amigos e familiares. Cheguei ao ponto de não conseguir comprar e ele ficou uns quatro dias sem tomar essa insulina”, lamenta Lucicleide. “Já recebemos doações, mas não são suficientes porque existem outras famílias carentes que precisam do medicamento”, explica a mãe do jovem de 14 anos. "Sem essa insulina, sinto muitas dores de cabeça, cansaço e minha visão fica embaçada. Na época, fui ao oculista, mas ele disse que o problema era por causa da taxa de glicose no sangue", conta o adolescente.
Além de Lucicleide e Gabriel, muitas outras famílias precisam dos medicamentos. Pedro Paulo é professor e diz que a distribuição da Lantus pela Farmácia do Estado tornou-se irregular há cerca de quatro meses. "Desde junho que não recebemos a Lantus com frequência. Julho foi o último mês que a Farmácia nos entregou, mas desde então eles dizem que o medicamento está em falta e não dão previsão de entrega. Minha filha e minha esposa são diabéticas, então o custo é dobrado. A Lantus é a insulina mais eficaz, mas também é a mais cara do mercado. Passo por apertos, mas tenho condições de comprar, mas a ajuda da Secretaria de Saúde é muito importante para a minha e para outras famílias mais precisadas do que a minha. Todo período político é a mesma coisa", reclama.
Segundo a APDJ, os custos do tratamento de um paciente diabético não envolvem somente a insulina. Com a compra de lancetas para medir o nível de glicose no sangue, de doses de insulina de ação rápida e agulhas para injetar o medicamento, o valor pode chegar a cerca de 800 reais mensais, caso os medicamentos não sejam fornecidos pelo Estado. “No início, gastei mais ou menos mil reais para comprar todas as coisas que o meu filho precisa”, conta Lucicleide.
Em nota, a Secretaria Estadual de Saúde informou que a Lantus está entre os cinco tipos de insulina distribuídos pelo Estado, apesar de estar em falta há cerca de três meses. Ainda segundo a SES, o processo de compra do medicamento sofreu atrasos devido à burocracia de licitações, mas a expectativa é que o estoque seja abastecido no início de outubro. Ao todo, foram adquiridas 20.704 unidades da solução injetável pelo valor de mais de R$ 1,2 milhão.